Presidente afirma que manchas de petróleo que chegaram às praias são "pequena parte do que foi derramado". Porém, ministro da Defesa não confirmou declarações de Bolsonaro.O presidente Jair Bolsonaro disse na noite deste domingo (03/11) que o vazamento de óleo que há mais de dois meses afeta o Nordeste foi, "ao que tudo parece", criminoso e que a situação deve piorar. "O que chegou às praias é uma pequena parte do que foi derramado. O pior está por vir, uma catástrofe muito maior", afirmou o presidente em entrevista à TV Record. Porém, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, não confirmou as declarações de Bolsonaro. Segundo o ministro, o governo não dispõe de informações sobre o volume total de óleo que ainda pode chegar à costa brasileira. "Nós não sabemos a quantidade derramada, o que está por vir ainda", disse o ministro.
Azevedo ainda afirmou que a Marinha está acompanhando as ocorrências de óleo na costa, mas que o avanço das manchas não é facilmente detectado por satélites ou radares. "É difícil, porque ele [o óleo] fica a meia água, é imperceptível", disse.
Ainda neste domingo, Bolsonaro disse que "todos os indícios levam ao cargueiro" da Delta Tankers.
A empresa grega, dona do navio petroleiro Bouboulina, tido pelas autoridades brasileiras como principal suspeito pelo vazamento, negou no sábado estar envolvida no caso.
A companhia afirmou, através de comunicado, que a embarcação saiu da Venezuela em 19 de julho e que chegou a seu destino sem problemas, onde "descarregou sua carga total sem perdas".
"Não há evidências de que o navio parou, realizou qualquer tipo de operação STS (de navio para navio), sofreu algum vazamento, ou desviou-se de sua rota, em seu caminho da Venezuela para Melaka, na Malásia", acrescenta a nota.
O Bouboulina atracou na Venezuela em 15 de julho, ficou ali por quatro dias e continuou viagem rumo à Malásia, pelo Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul, em 9 de agosto. Segundo suspeitam os investigadores, foi no trajeto que ocorreu o vazamento.
Investigações indicaram que o vazamento de petróleo bruto ocorreu a cerca de 700 quilômetros da costa brasileira "entre 28 e 29 de julho". De acordo com autoridades brasileiras, apenas o navio de bandeira grega atravessou a região no período.
Na sexta-feira, a Polícia Federal efetuou dois mandados de busca em escritórios no Rio de Janeiro ligados ao navio grego suspeito de causar o vazamento. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse a jornalistas que a Delta Tankers já havia sido notificada sobre o assunto.
A Marinha disse que o óleo coletado nas praias do litoral nordestino foi submetido a análises em laboratórios que comprovaram ser originário de campos petrolíferos da Venezuela.
Desde o início de setembro, cerca de quatro mil toneladas de petróleo chegaram a 314 praias do Nordeste.
No domingo, Azevedo e Silva acompanhou as operações em Abrolhos, região que abriga o arquipélago homônimo, no sul da Bahia, e a maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul, e onde as manchas começaram a aparecer nos últimos dias.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz que o óleo pode chegar ainda ao Sudeste, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. O órgão foi acionado pelo comitê de crise do governo federal e atua para detectar movimentação do óleo no mar.
MD/JPS/lusa/ots/cp
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