
O anúncio ocorre dois dias após o ataque americano ao aeroporto de Bagdá que matou o general iraniano Qassim Soleimani.
Desde maio de 2019, o país vinha reduzindo gradualmente seus compromissos dentro do acordo e violando várias cláusulas em resposta à saída unilateral dos Estados Unidos do pacto. Após a saída dos americanos em 2018, os EUA voltaram a impor sanções econômicas contra Teerã, que tinham sido suspensas após aassinatura do acordo em 2015, visando obrigar o regime iraniano a aceitar um pacto mais rígido.
Em novembro, o Irã já tinha dado o quarto passo de redução de compromissos ao retomar o enriquecimento de urânio na central de Fordo com a injeção de gás em 1.044 centrífugas. Atividades de enriquecimento de urânio na central de Fordo, localizada cerca de 180 quilômetros ao sul de Teerã, estavam suspensas desde a entrada em vigor do acordo nuclear.
A retirada gradual do Irã também foi encarada como uma forma de pressionar os outros países signatários a salvar o acordo: Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia, além da União Europeia (UE). Pelo acordo, o Irã podia usar a energia nuclear pacificamente, mas estava impedido de produzir armas nucleares.
O descumprimento das últimas restrições impostas pelo Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, o nome oficial do acordo) era uma resposta esperada após o ataque dos EUA que matou o general iraniano Qassim Soleimani em Bagdá.
Na nota, o governo do Irã diz que o programa nuclear do país se desenvolverá de acordo com suas "necessidades técnicas", sem dar detalhes do que isso significa.
Apesar de dizer que não respeitará mais as restrições, o Irã não deixou claro se está efetivamente deixando o acordo. Segundo Teerã, as ações ainda podem ser revertidas desde que o acordo nuclear seja cumprido de forma recíproca, ou seja, que as sanções econômicas impostas contra o país pelo governo de Donald Trump sejam suspensas.
O governo do Irã também promete que a cooperação com a AIEA será mantida, o que indica que o país permitirá inspeções de especialistas enviados pela organização ligada à ONU.
A AIEA é o órgão responsável por verificar o cumprimento do acordo nuclear e a implementação do Tratado de Não Proliferação (TNP), assinado pelo Irã em 1968.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Abbas Mousavi, sugeriu que a decisão do país de seguir em frente com o descumprimento das restrições impostas pelo JCPOA são uma consequência da morte de Soleimani. "Na política, todos os acontecimentos e ameaças estão vinculados entre si", afirmou.
JPS/efe/lusa/afp/cp
Nenhum comentário:
Postar um comentário