Enfim, as pessoas não querem mais a verdade, o que vale é se eu gosto ou se eu acredito e ponto.
Com frequência você vê casos políticos em vídeos onde mostra o político enchendo os bolsos de dinheiro, cometendo um ilícito, isso está ali, você está vendo, daí entra a pós-verdade colocando uma mentira no lugar e a gente não questiona, apenas assimila o conteúdo e pronto.
A gente não acredita há tempos em fotografia desde que aprendemos que ela pode ser manipulada e agora também o vídeo passa pelo mesmo problema. Hoje o vídeo não é prova determinante por conta do deepfake que é uma tecnologia que usa a inteligência artificial (AI) para criar vídeos falsos, mas realistas, de pessoas fazendo coisas que elas nunca fizeram na vida real. A técnica que permite fazer as montagens de vídeo já gerou desde conteúdos pornográficos com celebridades até discursos fictícios de políticos influentes. Circulam agora debates sobre a ética e as consequências da tecnologia, para o bem e para o mal. Assim hoje mais do que nunca a gente precisa da AI pra combater a AI. Enfim, o chamado batom na cueca não tem mais a relevância de antes, isso vai depender a quem isso vai prejudicar ou influenciar, daí o resultado sempre poderá sofrer tendências externas.
Hoje a sociedade está refém de quem pensa, de quem produz conteúdo mentiroso. Ainda acreditamos num político que vem a público e diz que não roubou, simples assim, mesmo tendo provas. E este espaço aqui serve pra sermos mais críticos e ir atrás da verdade, atrás do objetivo que se quer manipular.
Os proponentes da comunicação pós-verdade, geralmente de cunho político, apreciam as coisas não ditas. Seu blefe e arrogância são projetados não apenas para atrair a atenção do público. Esconde simultaneamente da atenção do público coisas (como crescentes desigualdades de riqueza, militarização da democracia, frases e slogans de impacto, volumes exagerados de inaugurações de obras pra desviar a atenção e coisas descabidas) que não deseja que outros notem, ou que potencialmente suscitem suspeitas sobre o estilo e a substância da natureza.
Além da política pública a pós-verdade também é encontrada nas políticas privadas, hoje são poucas as pessoas que buscam seus direitos, pois as dificuldades são tantas diante da ignorância, que passamos a acreditar em tudo a que somos submetidos. Como por exemplo, não questionamos de onde vem o Chester e o Fiesta que aparecem uma vez por ano e são campeões de vendas, onde eles ficam durante o resto do ano? Não questionamos a entrega do sinal da internet, tipo, compramos 100 mb de velocidade e recebemos bem menos e as vezes nem recebemos mas a conta chega, como o da energia elétrica que pagamos a conta de quem usa de forma clandestina ou a de um gestor que licita obras superfaturadas e ainda nem entregam como, o malfadado VLT de Cuiabá entre milhares de outras coisas. Dessa forma o público vai se misturando com o privado.
Enfim, estamos sendo manipulados em todos os instantes e de todas as direções por políticos ou grupos que tem interesses de se manter no poder ou arrancar o poder de alguém, pode se dizer que a mentira é o mal do século.
Política pós-verdade, ainda não existe um antídoto, mas fica a dica, seja crítico.
Cláudio Cordeiro, publicitário, jornalista e advogado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário