
Ao declarar falência, a Escoteiros da América poderá deixar os processos legais em suspenso. Contudo, é possível que tenham de vender parte de suas vastas propriedades, incluindo locais de acampamento e trilhas para caminhadas, a fim de levantar dinheiro para um fundo fiduciário possivelmente ultrapassando 1 bilhão de dólares.
A petição de falência impetrada pela organização relaciona bens de valores entre 1 bilhão e 10 bilhões de dólares, e passivos totalizando entre 500 milhões e 1 bilhão de dólares.
"Os programas de escotismo continuarão ao longo desse processo, e por muitos anos mais", declarou a organização em nota. "Os Conselhos Locais não estão entrando com pedidos de falência porque são organizações legalmente separadas e distintas."
A falência é um duro golpe para uma organização vista por gerações como o pilar da vida cívica americana e centro de treinamento para futuros líderes. Muitos políticos e empresários e até astronautas, entre outras personalidades, se orgulham de ter atingido os níveis mais altos do escotismo, incluindo as distinções em seus currículos e biografias.
Entretanto a entidade vem enfrentando dificuldades financeiras nos últimos anos devido à redução do número de membros, que encolheram de 4 milhões nos anos 1970 para os atuais 2 milhões. Vários acordos judiciais em casos de abuso sexual também trouxeram prejuízos às finanças da organização.
A maioria dos casos surgidos recentemente remete às décadas de 1960 a 1980. Os Escoteiros da América afirmam que em 2018 enfrentou apenas cinco acusações por abuso sexual.
Segundo a entidade, essa redução se deu devido a uma série de medidas preventivas adotadas desde meados dos anos 80, que incluem a verificação de antecedentes criminais de seus membros e treinamento para a prevenção a abusos para todo o quadro de funcionários e voluntários, além de uma regra que exige a presença de pelo menos dois adultos em cada atividade.
"Os Escoteiros da América se importam com todas as vítimas e pedem desculpas sinceras a todos que tenham sido prejudicados durante seu tempo no escotismo. Estamos indignados que tenha havido casos em que indivíduos tiraram vantagem de nosso programa para ferir crianças inocentes", afirmou o presidente da entidade, Roger Mosby.
A organização é a mais recente das grandes instituições nos EUA a pagar um alto preço devido a práticas de abuso sexual. Nos últimos anos, várias dioceses da Igreja Católica Romana em todo o país e instituições de ensino como as universidades estaduais da Pensilvânia e Michigan tiveram que desembolsar milhões de dólares em indenizações.
RC/ap/dpa/cp
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