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sexta-feira, 27 de março de 2020

"A difícil escolha entre a liberdade e a morte (dos nossos avós!)

Tendo crescido como católico, frequentando uma pequena igreja rural no fim dos anos 1960 e início dos anos 1970, todo Domingo de Páscoa nós cantávamos um hino muito sentimental chamado “Alleluia! Alleluia! Let the Holy Anthem Rise” [Aleluia! Aleluia! Que o sagrado hino se eleve] (ouça por sua conta e risco: é uma música terrivelmente pegajosa). Neste ano, o presidente Donald Trump quer que voltemos aos nossos assentos no Domingo de Páscoa, mas cantando “que o sagrado mercado se eleve”. Segundo a teoria articulada por Peter Nicholas na revista The Atlantic, “não há libertários em uma epidemia”. Trump nunca foi motivado pela ideologia, embora, como todos os seres humanos, ele tenha acumulado certas predisposições ideológicas e políticas. O fato de ele estar disposto a expor milhares de pessoas a uma morte prematura a fim de aumentar as suas perspectivas de reeleição não é nenhuma surpresa: a autopromoção é a sua estrela-guia.
No mundo dos negócios, ele fez milhões de dólares “ferrando” os trabalhadores e jogando as obrigações sobre as empresas terceirizadas. Na indústria do entretenimento, ele fez a sua carreira dizendo às pessoas que elas haviam sido demitidas.
Também não é nenhuma surpresa que algumas pessoas estejam dispostas a dar cobertura ao presidente, quando deveriam expô-lo como um pária moral.
Thomas L. Friedman, do The New York Times, emprestou uma aura de respeitabilidade à ideia malthusiana de que talvez devêssemos deixar o vírus fazer o seu trabalho: remover um monte de idosos que são um empecilho para a economia e se concentrar em fazer com que os EUA voltem ao trabalho e que o mercado de ações volte a andar no rumo certo. Ele enche a sua coluna com preocupações pelos “mais vulneráveis”, mas não há como negar o darwinismo social destas palavras: “Assim como a gripe, a grande maioria superará isto em alguns dias, um pequeno número demandará hospitalização, e uma porcentagem muito pequena dos mais vulneráveis morrerá tragicamente”. Você consegue ouvi-lo lavando-se as mãos diante dessa perspectiva.
O vice-governador do Texas, Dan Patrick, não poderia ter sido mais explícito. Ao aparecer na Fox News, ele disse: “Vamos voltar ao trabalho. Vamos voltar à vida. Sejamos espertos em relação a isso. E aqueles de nós que têm mais de 70 anos, vamos cuidar de nós mesmos. Mas não sacrifiquemos o país”. Ele também disse:
“Ninguém me procurou e perguntou: ‘Como cidadão idoso, o senhor está disposto a arriscar a sua sobrevivência em troca de deixar os Estados Unidos que todos nós amamos para os seus filhos e netos?’ E, se essa for a troca, eu estou totalmente dentro!”
Acho que podemos dizer com segurança que a ideologia libertária dele o cegou para o fato mais óbvio sobre uma emergência de saúde pública: você não pode simplesmente “se arriscar por conta própria”. Você pode ser tolo o suficiente para correr o risco de uma infecção, mas não tem o direito de expor outras pessoas, e, com uma doença altamente contagiosa, é exatamente isso que você está fazendo. Você não pode tirar o público da saúde pública, não importa quantos artigos você leu e que promovem as virtudes do libertarismo durante uma pandemia – e são muitos.
Eu fiquei surpreso ao ver certos conservadores católicos embarcarem no “Expresso Malthusiano”. R. R. Reno, da revista First Things, opinou: “O isolamento em massa da sociedade para combater a disseminação da Covid-19 cria uma atmosfera perversa e até demoníaca. O governador [Andrew] Cuomo e outras autoridades insistem que o poder da morte deve governar as nossas ações. Lideranças religiosas aceitaram esse decreto, suspendendo a proclamação do Evangelho e a distribuição do Pão da Vida. Elas sinalizam, com as suas ações, que eles também aceitam o domínio da morte”.
Ele também esclareceu precisamente do que se trata o movimento pró-vida, criticando o governador Cuomo, de Nova York, por um “sentimentalismo desastroso” ao querer empregar todos os recursos da sociedade na causa de conter a pandemia e salvar “mesmo que uma única vida”. Reno escreve:
“Tudo pelo bem da vida física? E a justiça, a beleza e a honra? Há muitas coisas mais preciosas do que a vida. No entanto, ficamos tão envolvidos nesse frenesi de Nova York que a maioria dos familiares renunciarão a visitar seus pais doentes. O clero não visitará os doentes nem consolará os que choram. A própria Eucaristia está agora subordinada ao falso deus do ‘salvar vidas’.”
Depois de anos sendo informados de que todas as questões de justiça social devem ficar em segundo lugar porque “você não pode desfrutar de nenhum outro direito a menos que desfrute do direito à vida”, agora nos dizem que tudo isso é sentimentalismo. Reno não é uma marionete. Ele sabe que não é a ameaça à justiça, à beleza ou à honra que incomoda Trump. Ele quer reabrir “a economia”, não a Galeria Nacional de Arte.
Eu observaria de passagem que é um tanto irônico que a First Things seja um dos meios de comunicação mais associados à promoção da ideia de que os EUA foram fundados sobre uma “ética judaico-cristã”. A expressão “judaico-cristã” surgiu no século XX a partir de um desejo humano de diminuir o antissemitismo enquanto ele impregnava o nosso governo com auras religiosas que certamente ele não possuía em 1789. Mas, como qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento da lei talmúdica sabe, na tradição moral hebraica, todas as máximas legais seguem o caminho da defesa da vida humana. Você pode comer treif [qualquer forma de comida não kosher] se isso for necessário para preservar uma vida e, assim como na tradição ética católica, você não precisa embarcar em meios extraordinários para salvar uma vida, mas você não pode fazer nada que apresse a morte.
Não é nenhuma surpresa que “o presidente mais pró-vida da história”, como Marjorie Dannenfelser chamou Trump, estaria disposto a ignorar as demandas morais do momento a fim de fazer com que a economia se mexa de novo. E o que dizer do movimento pró-vida que o apoiou tão fortemente? Certamente, eles não deixarão que a política partidária atrapalhe em um momento tão crucial e quando as apostas morais são tão óbvias. Âncoras de televisão que frequentemente elogiam Trump pelas suas credenciais pró-vida se deixaram comprometer totalmente: o ex-católico Sean Hannity está totalmente de acordo com o desejo de Trump de reiniciar a economia, venha o que vier, e a católica convertida Laura Ingraham adotou o mesmo afã.
Não encontrei nada no site da Susan B. Anthony List, nada no Priests for Life e, o que é mais ameaçador, nada no site da Conferência dos Bispos dos EUA. Onde está o arcebispo Joseph Naumann, presidente da Comissão de Atividades Pró-vida, com o tipo de denúncias que brotam tão facilmente da sua pena e dos seus lábios quando ele ataca um democrata pró-escolha?
Estes são tempos estranhos. Cuomo, que assinou uma das leis de aborto mais liberais do país, no entanto, colocou seu dedo na ferida da pobreza moral do posicionamento do presidente quando perguntou: “Você pode escolher as 26.000 pessoas que vão morrer, porque só enviou 400 respiradores”.
Estes são tempos moralmente esclarecedores. No verdadeiro hino nacional, “The Battle Hymn of the Republic”, nós cantamos: “Ele tocou a trombeta que nunca chamará à retirada / Ele está examinando o coração dos homens perante o Seu tribunal”. Agora, como então, o exame dos corações envolve atos públicos e posições políticas. A sua verdade seguirá em frente, mas ninguém que valorize genuinamente a vida humana deveria estar otimista quanto às apostas morais em risco hoje.
O comentário é de Michael Sean Winters, publicada em National Catholic Reporter e Caminho Político. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Edição: Régis Oliveira

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