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segunda-feira, 20 de abril de 2020

"A pandemia e as expressões de desfasamento"

ionlineSó pode ser por gozo ou irresponsabilidade assegurar que não haverá austeridade no futuro quando é evidente que esse vírus teve diversas mutações que o mantiveram entre nós. A pandemia é o resultado de um desfasamento entre a realidade e a resposta. A realidade global, das dinâmicas supranacionais, não tem quem regule ou intervenha no quadro desse patamar de realidade que proteja em todos os restantes situados abaixo. O problema é que não tinha de ser assim, mas foi, é e poderá continuar a ser, após a fustigação pandêmica pela covid-19. O mundo, como as comunidades, está pejado de desfasamentos que são espaços de oportunidades para interesses particulares em detrimento do geral. A situação é particularmente grave quando temos um amplo conjunto de suportes intangíveis, do capital ao digital, que não têm regulação eficaz, regras transparentes e níveis mínimos de escrutínio público, democrático e universal.
Existem várias evidências científicas e dos serviços de inteligência de que o risco existia, com o potencial de aceleração conferido por um mundo com maiores indicadores de abertura, mobilidade e confiança na estabilidade dos padrões de vida, sobretudo no Ocidente. E, no entanto, não só não se gerou uma capacidade de resposta global como, ao nível dos Estados, vivemos diversos momentos de fragilização das respostas dos serviços de saúde, de desconsideração dos seus profissionais e de ausência de incorporação do risco no quotidiano.
Perante a brutalidade da ameaça, projetada em diversos territórios, a solução nacional foi a de controlar ao máximo o crescimento do contágio para permitir a concretização de respostas de saúde no terreno, reconfiguradas, inventadas e remediadas com as aquisições que foram sendo feitas num mercado global de equipamentos de saúde selvático. As perdas de vidas e as exaustões sentidas pelos que estão na primeira linha do combate e pelos que estão confinados são expressões dos desfasamentos acumulados.
Haverá, porventura, demasiados interesses instalados para que se mude, mesmo quando a morte que estava lá longe, no Médio Oriente ou em África, se aproxima para as imediações da nossa porta. Será difícil que uma Europa que não aprendeu o suficiente com o passado recente mude. Que líderes de potências do calibre de Trump, Putin, Johnson ou Xi Jinping abdiquem das quintinhas para gerar soluções de regulação e governação global que permitam superar os desfasamentos e os anacronismos. As dinâmicas são muito mais rápidas que a organização e as respostas que estão disponíveis, desde logo porque umas superam os espaços estanques e as outras estão compartimentadas, em função dos interesses particulares.
É muita a inconsistência do que é dito, feito e experienciado. São muitos os fatores de perturbação gerados pelos protagonistas, pelas realidades e por quem faz vida da desestabilização das vivências, das comunidades e das organizações, por exemplo, nas redes sociais.
Sem consistência nas ideias, nos processos e nas ações, emergem a desconfiança, os populismos e outras expressões negativas.
Se está a ser feito um esforço de contenção do surto pandêmico até 2 de maio para gerar soluções de reposição gradual de atividades e de dinâmicas, por que razão se anuncia que o pico pandêmico já ocorreu em finais de março?
Se está a ser feito um esforço de sustentação do confinamento, por que razão se insistiu em gerar um regime próprio para o 25 de Abril e para o 1.o de Maio, que, uma vez mais, cria ruído, sinaliza comportamentos desviantes e motiva divisões estéreis neste quadro pandêmico e com projeções no pós-pandemia, seja lá o que isso for?
Só pode ser por falta de consistência das convicções individuais achar que, num quadro de grande sofrimento atual e superveniente de muitos cidadãos e das comunidades, não comemorar o 25 de Abril ou o 1.o de Maio nos termos de sempre provocará algum tremor nas convicções gerais da população.
Só pode ser por gozo ou irresponsabilidade assegurar que não haverá austeridade no futuro quando é evidente que esse vírus teve diversas mutações que o mantiveram entre nós, mesmo no quadro da anterior legislatura. A matriz da mutação permitiu acomodar o bicho na carga fiscal, mas não deixou de garantir um nível de contágio tal que, à primeira grande dificuldade, ninguém tem margem de manobra, nem as famílias nem as empresas.
Num momento em que precisamos de afirmações consistentes e positivas, sem necessidade, gerou-se mais oportunidades para a desconfiança e o populismo. São demasiadas as variantes e as incertezas, perante os riscos da reposição gradual das dinâmicas e das vivências, para podermos aceitar inconsistências nas mensagens, nas respostas e na decisão política. Da mesma forma que a Europa e o mundo precisam de novas respostas de governação, dispensamos ter em Portugal um exercício político que possa ter a tentação de querer tomar os cidadãos por parvos. O nível de inconsistência e de insustentabilidade das opções políticas do passado foi sublinhado pela pandemia e exige um redobrado foco no essencial e no interesse geral. Dificilmente tudo ficará na mesma, após a pandemia, nos Estados individuais, nas interações comunitárias e na relação com muitos pilares da sociedade. Não preparar esse ajustamento, nas opções, nas soluções e nos modelos de funcionamento, é persistir na senda do desfasamento. A pandemia de covid-19 foi criada por um desfasamento, está à vista o seu impacto devastador.
NOTAS FINAIS
ESTADO DE ALMA. Fantástico o esforço de quem responde, resiste e se reinventa para assegurar soluções para as pessoas e as comunidades. A proximidade, pilar de muitos exercícios comunitários, vai ter de ser reinventada para superar a desconfiança, os receios e os riscos, mantendo os laços vitais das vivências.
ESTADO DE NECESSIDADE. A fragilidade de alguns dos pilares da sociedade, como os média, na sua missão de informar e de escrutinar está a colocar em causa postos de trabalho, projetos importantes e a fiabilidade do trabalho desenvolvido. O desespero por faturar pode distorcer a fiabilidade da informação produzida. Amiúde, lemos, vemos e ouvimos o que resulta da receita, e não das opções editoriais e jornalísticas.
ESTADO DE DEMÊNCIA. O exercício político de Donald Trump, no atual quadro pandêmico, sendo orientado para o burgo, é do domínio do miserável.
António Galamba/Caminho Político

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