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quarta-feira, 13 de maio de 2020

"Animais não humanos e a pandemia de Covid-19"

"A forma como escolhemos viver junto à criação – e especialmente com os animais não humanos – é fundamental para que tenhamos uma relação florescente com Deus, com o próximo e com o mundo ecológico ao redor. Não deveria nos surpreender que as coisas corram mal quando dificultamos a nossa relação com os animais, vendendo-os em uma cultura do descarte que os transforma em objetos produzidos em massa para serem usados como simples meios para fins diversos", escreve Charles C. Camosy, professor de Teologia e Ética Social da Universidade Fordham, em artigo publicado por Religion News Service e Caminho Político. A tradução é de Isaque Gomes Correa.Edição: Régis Oliveira. Foto: Ilustração.
Eis o artigo.
Não deve surpreender o Papa Francisco, autor da encíclica Laudato Si’, que no centro da pandemia de Covid-19 encontramos uma relação entre os seres humanos e o restante da criação de Deus que deu terrivelmente errado.
De fato, na origem desta pandemia encontramos uma relação complicada entre animais humanos e os não humanos. Das duas principais teorias sobre a origem do novo coronavírus, uma diz que ele se originou em um morcego vendido em um mercado público próximo de Wuhan, na China, e passou para os seres humanos que traziam, vendiam, comiam, lidavam com estes animais.
Uma outra teoria, mais polêmica, é a de que um trabalhador de um importante laboratório de Wuhan que estudava os vírus em morcegos infectou-se acidentalmente com e, então, passou-o para outros seres humanos.
Independentemente de qual das teorias acabe sendo a certa, claro está que os seres humanos podem culpar a atual pandemia como decorrência da sua relação com os animais.
Peter Singer, filósofo da Universidade de Princeton, já escreveu a respeito do assunto. Ele observou que nos mercados de Wuhan os animais (entre outros, filhotes de lobos, cobras, tartarugas, ratos, lontras e texugos) vivem um “inferno na terra”. Eles são colocados tão perto uns dos outros que essas criaturas sencientes “passam horas de sofrimento e angústia antes de serem brutalmente abatidos” – isto é, mortos na frente dos que vão comprá-los e comê-los.Autor do livro de Libertação Animal, Singer explica que o acréscimo de seres humanos a estes ambientes fechados pode ter criado o tipo de ambiente no qual a Covid-19 veio a sofrer uma rápida mutação que a tornou capaz de se ligar às células humanas.
A segunda teoria supõe uma relação antiética com os animais também. Se o vírus veio de pesquisadores que lidam com os vírus mortais presentes em morcegos, o erro moral continua praticamente o mesmo. Morcegos e outras criaturas usadas em experimentos de laboratório acabam reduzidos a objetos, coisas a serem usadas ou consumidas e, então, descartadas.
Autores seculares como Singer chegam a essa conclusão com bastante facilidade. O mesmo deveria acontecer com os judeus e cristãos. Na Bíblia, os animais são considerados “bons” em si mesmos, sem referência a alguma relação com os humanos. Embora aí os animais sejam trazidos a Adão para serem nomeados e embora os seres humanos recebam o domínio sobre as demais criaturas, a ideia de que os animais existem para servir aos propósitos da humanidade não se encontra em lugar algum do texto. Deus dá aos seres humanos uma dieta vegetariana para comer. “Vejam! Eu entrego a vocês todas as ervas que produzem semente e estão sobre a terra, e todas as árvores em que há frutos que dão semente: tudo isso será alimento para vocês”.
Sim, o pecado entra no mundo e estraga a relação que Deus pretendia entre animais humanos e os não humanos. (Ambos, tendo sido criados no mesmo dia da criação, contêm o sopro da vida.) Mas quando o profeta Isaías insiste em que um sinal do reino em direção do qual devemos trabalhar inclui cordeiros deitados com leões e bebês, saindo nas tocas das cobras, ele dá a entender que restauremos uma relação com os animais mais próxima daquela que Deus estabeleceu no Éden.
À luz disso tudo, vale notar que, na semana passada, o presidente Donald Trump emitiu uma ordem executiva determinando que as fábricas que processam carne fresca de animais para o consumo humano permaneçam abertas, apesar do alto risco para os funcionários destes locais.
Em outras palavras, estamos tão viciados em tratar os animais dessa maneira que acabamos dispostos a continuar vendo os contínuos surtos de Covid-19 apenas para obter o que queremos de um produto, que jorra de uma indústria cujos lucros dependem de práticas revoltantes e vidas horríveis para milhões de animais.
Um ecossistema não é um ser senciente. A “Mãe Natureza” não é uma coisa. Não é verdade que “a Terra” responde, de alguma forma intencional, ao nosso comportamento. Essa abordagem ecológica do tipo Mãe Gaia não tem lugar nas religiões monoteístas.
Por outro lado, a forma como escolhemos viver junto à criação – e especialmente com os animais não humanos – é fundamental para que tenhamos uma relação florescente com Deus, com o próximo e com o mundo ecológico ao redor. Não deveria nos surpreender que as coisas corram mal quando dificultamos a nossa relação com os animais, vendendo-os em uma cultura do descarte que os transforma em objetos produzidos em massa para serem usados como simples meios para fins diversos.
Esta pandemia de Covid-19 é só o exemplo mais recente desse tipo de consequência. A SARS e a gripe aviária vieram antes – e provavelmente há outras mais por vir, incluindo “superbugs” resultantes de um abuso de antibióticos aplicados em animais criados em fábricas.
No mundo todo veremos discursos garantindo que “algo assim nunca mais vai acontecer”. A não ser que os seres humanos adotem uma relação adequada com os animais, pandemias futuras são mais que certas, elas serão uma constante em nossas vidas.
Artigo publicado por Religion News Service e Caminho Político. A tradução é de Isaque Gomes Correa.Edição: Régis Oliveira. Foto: Ilustração.

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