
"Múltiplas e graves violações de direitos humanos foram cometidas por elementos das forças de segurança estatais e da polícia" da Coreia do Norte, afirma a ONU.
Pyongyang impõe restrições rígidas à liberdade de circulação de seus cidadãos e quem for pego tentando fugir para o exterior está sujeito à detenção. Antes de o país fechar as fronteiras para evitar o surto de coronavírus, dezenas de norte-coreanos cruzavam os limites do país com a China. Mulheres eram a grande maioria, por terem mais liberdade de movimento do que homens que costumam ter empregos estatais.
Os testemunhos do relatório sugerem que as mulheres ouvidas, que em muitos casos foram vítimas de trabalho forçado ou de exploração sexual em outros países, eram encaradas como traidoras pelas autoridades norte-coreanas e que deviam ser punidas por ter tido contato com grupos cristãos no exterior.
As vítimas relataram os abusos ao Alto Comissariado para os Direitos Humanos após terem conseguido sair novamente da Coreia do Norte.
"É comovente ler estas histórias de mulheres que fugiram do seu país para tentar sobreviver, mas que acabaram sendo punidas", afirmou a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. As mulheres "devem ser cuidadas, e não detidas e sujeitas a mais violações de direitos humanos", acrescentou.
Bachelet defendeu ainda que as vítimas tenham o direito à justiça, à verdade e ao ressarcimento. "Estes relatos mostram uma vez mais a natureza sistêmica das violações dos direitos humanos na Coreia do Norte e a necessidade de continuar a procurar caminhos para uma responsabilização adequada por esses crimes", declarou.
O Alto Comissariado da ONU também pediu aos países estrangeiros que foram ou são o destino das mulheres norte-coreanas, incluindo a China, para respeitarem o princípio "da não repulsão", ou seja, não devolverem pessoas para países onde estas possam enfrentar um risco real de abusos de direitos humanos.
A missão diplomática da Coreia do Norte em Genebra, na Suíça, não comentou as denúncias feitas no relatório.
O documento focou apenas nos casos de norte-coreanas que fugiram para o exterior à procura de trabalho, não mencionando os presos políticos do país que, segundo organizações internacionais, também são vítimas de violações dos direitos humanos.
CN/ap/afp/lusa/cp
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