País foi o primeiro do mundo a aprovar uma vacina contra o novo coronavírus. Mas imunizante é visto com ceticismo por outros países, pois não seguiu protocolo de testes e foi aprovado sem publicação de dados.A Rússia informou neste sábado (15/08) que já produziu o primeiro lote de sua vacina contra o coronavírus. O presidente Vladimir Putin havia anunciado no início da semana que a vacina russa foi aprovada para uso no país, mas a droga foi vista com ceticismo pelo resto do mundo. "O primeiro lote da nova vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya foi produzido", afirmou o Ministério da Saúde russo em comunicado citado por agências de notícias do país.
Ao anunciar, na última terça-feira, que a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a aprovar uma vacina contra o vírus causador da covid-19, Putin disse que a nova droga é segura e se mostrou eficiente em testes. Ele contou ainda que uma de suas filhas já havia sido vacinada.
No entanto, muitos cientistas no país e no exterior têm se mostrado céticos com as declarações do governo russo, questionando a decisão de registrar a vacina antes mesmo dos testes da fase 3, que normalmente duram meses e envolvem milhares de voluntários.
Ainda há desconfiança sobre a falta de publicação de dados em revistas científicas que atestem sua eficácia. Pouco se sabe também sobre as fases de todo o processo de pesquisa e quantas pessoas foram efetivamente testadas.
O anúncio também foi recebido com cautela pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afirmou não ter recebido informações suficientes para avaliar a vacina russa.
"Acelerar o progresso não deve significar comprometer a segurança", disse o porta-voz da OMS Tarik Jasarevic, acrescentando que a organização está em contato com as autoridades da Rússia e de outros países para analisar o progresso das diferentes pesquisas de vacinas.
A vacina russa foi batizada de Sputnik V, em referência ao pioneiro satélite soviético lançado nos anos 1950, que marcou o início da corrida espacial. Ela foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya, em Moscou, em parceria com o Ministério da Defesa russo.
A Rússia afirmou que espera dar início à produção industrial da vacina em setembro e planeja estar produzindo 5 milhões de doses por mês até dezembro ou janeiro. Segundo o governo, mais de um bilhão de doses foram encomendadas por 20 países estrangeiros. No Brasil, o governo estadual do Paraná assinou um acordo com Moscou para uma possível parceria futura.
O ministro russo da Saúde, Mikhail Murashko, disse nesta semana que médicos serão vacinados primeiro, e em seguida a vacina será disponibilizada para todos os russos de forma voluntária.
Com mais de 915 mil casos confirmados de covid-19, a Rússia é o quarto país do mundo com mais infectados, atrás apenas dos Estados Unidos, Brasil e Índia. Atualmente, há 92 mil pessoas hospitalizadas por conta do vírus e 2.900 em UTIs, segundo o Ministério da Saúde.
EK/afp/rtr/lusa/abr/cp
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