
O que também pode dificultar as candidaturas é o fato de as mulheres serem cerca de 70% dos profissionais que estão na linha de frente do combate à pandemia, sobretudo nos hospitais e órgãos de assistência social.
Para a representante da ONU Mulheres, Ana Claudia Pereira, esse quadro atrapalha os planos de superar os números das eleições de 2016, quando foram eleitas apenas 10% de prefeitas e 13,5% de vereadoras no País inteiro.

Indígenas

Cota de candidatas
Já na relação com as legendas, a coordenadora do Fórum Nacional de Mulheres de Instâncias de Partidos Políticos, Miguelina Vecchio, cobrou mais fiscalização da Justiça Eleitoral quanto ao cumprimento da cota de 30% para candidaturas femininas, com o respectivo percentual de financiamento e de tempo na propaganda de rádio e TV.
Segundo Miguelina, as chamadas “candidaturas laranjas” de mulheres têm que acabar. “Se não tem mulher suficiente, que reduzam o número de homens. Até porque quem planta o laranjal nos partidos são os homens que dizem: ‘você tem que ajudar o partido’. Partido político não precisa de ajuda, precisa de ética”, declarou.
A coordenadora da Secretaria da Mulher da Câmara, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) tem buscado implementar esse rigor na fiscalização por meio de reuniões da bancada feminina com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.

Ações de capacitação
Para a coordenadora adjunta da Secretaria da Mulher, deputada Tereza Nelma (PSDB-AL), as ações de formação e de capacitação política da mulher devem ser intensificadas. “Uma das propostas será de, quando acabar essa campanha, a gente já começar a pensar e não deixar chegar o [próximo] ano eleitoral, porque senão a gente vai chover no molhado de novo", disse a parlamentar.
“Hoje, há vários partidos procurando mulheres para serem candidatas, e não é isso que nós queremos. Nós queremos que as mulheres vão até os partidos para se filiarem, tenham essa coragem e acreditem que nós podemos”, afirmou a deputada.
A professora Teresa Sachet, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), acrescentou que a pandemia não pode ser “desculpa” para os partidos deixarem de efetivar suas secretarias e outros órgãos específicos de valorização da participação feminina na política. Sachet elogiou alternativas como a dos mandatos coletivos, geralmente coordenados por mulheres negras nos parlamentos municipais.
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Pierre Triboli
Foto: Maryanna Oliveira
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