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domingo, 23 de agosto de 2020

"PANDEMIA: Quando o sonho da casa no campo se torna realidade"

Casal sobre escada sob a qual cachorro olha para a câmeraEm meio à pandemia, possibilidade de trabalhar de casa tem levado muitos a deixar grandes centros urbanos como São Paulo em busca de tranquilidade e qualidade de vida. A esperança é que a mudança seja definitiva. Com as possibilidades de trabalho remoto abertas devido à pandemia de covid-19, o que antes era visto apenas como um sonho de aposentadoria – ou seja, aquela casinha no campo para usufruir da vida junto à natureza e longe do trânsito – passou a ser realidade para moradores de São Paulo. Entre destinos bucólicos no interior e cenários charmosos no litoral, mudanças de endereço com base numa melhor qualidade de vida têm se tornado recorrentes.
Depois de dois meses completamente confinados em um apartamento de 50 metros quadrados no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, o publicitário Oliver Duarte Ramos e seu marido decidiram alugar um carro e pegar a estrada sem destino, apenas para espairecer – e praticamente sem descer em lugar algum. Passaram por diversas cidades e foram até Minas Gerais.
De volta ao apartamento, foram tomados pela questão: por que continuar morando ali? Três semanas depois, estavam vivendo em uma casa em Atibaia, com piscina, jabuticabeira e horta no quintal.
"As grandes cidades brasileiras estão impraticáveis há muito tempo. São Paulo cobra mais do que entrega", diz ele. Como a empresa onde trabalha já avisou que mesmo com o fim da pandemia o home office poderá ser mantido, sua decisão é definitiva.
A empreendedora Maria Paola de Salvo foi para São Paulo na semana passada para concluir sua mudança – do apartamento em Pinheiros para Limeira, no interior, onde vivem seus pais. Quando a quarentena foi decretada, em março, ela percebeu que estava difícil ficar sozinha num apartamento pequeno e decidiu que iria para a casa dos pais.
"Deu certo. Meus colaboradores trabalham de forma remota, um no Rio, outro na Índia. E como as reuniões presenciais com clientes deixaram de ocorrer, não fazia mais sentido ficar em São Paulo", afirma.
Como a ideia, claro, não é ficar indefinidamente na casa dos pais, ela decidiu "testar” o melhor lugar. Alugou uma casa em Ilhabela, "com horta e galinhas no quintal", e está lá neste momento. "Acho que é o momento de repensarmos a vida, a necessidade de ficar todo mundo em um grande centro urbano", comenta. "Vou pensar se é possível cultivar um pouco a própria comida, sem depender tanto do supermercado. É o momento de repensar e, talvez, redistribuir melhor as pessoas, as populações."
Casamento e casa nova
Ter pais morando no interior funciona como uma ajudinha para quem já namorava a ideia de sair da cidade grande. Funcionária do departamento de recursos humanos de uma grande empresa, a psicóloga Maria Eugenia Sobral Goulart morava com o marido em um apartamento paulistano. Sonhava em voltar para sua cidade natal, São José dos Campos, quando se aposentasse.
Com o confinamento, decidiram que seria melhor ficar na casa dos pais dela, com mais espaço – e, claro, pela companhia. Nesse meio-tempo, com o trabalho fluindo bem de forma remota, tomaram a decisão.
 Marcio de Camillo"Devolvemos o apartamento, que era alugado, e decidimos reformar um imóvel dos meus pais aqui em São José dos Campos", conta ela. "Mudamo-nos no último fim de semana."
Antes, os dois se casaram no cartório da cidade. A festa vai ficar para o ano que vem, quando esperam que a pandemia tenha passado. Por enquanto a comemoração com os amigos foi como o trabalho: via aplicativo de teleconferência.
"Sei de muitas pessoas que, se pudessem, gostariam de sair de São Paulo. Antes, parecia um sonho impossível, como se mudar de cidade fosse abrir mão da carreira. Hoje, essas coisas podem coexistir", comenta a psicóloga.O músico Márcio de Camillo se recorda da maneira como, ainda em março, pegou a família e "fugiu" para Ubatuba, no litoral paulista.
"A gente estava no meio da temporada do Crianceiras [projeto musical em que ele transforma poemas de Manoel de Barros em músicas infantis], quando tivemos de parar os shows. No dia seguinte, um domingo, entramos no carro e viemos”, lembra. "A sensação era de que a gente estava saindo, e a cidade ia ser arrasada.”
No isolamento beira-mar, apenas com a mulher, a filha e o genro, está na casa que pertence à família. Passou a focar em um projeto de ensino à distância, levando poesia e música para escolas. "É uma energia diferente, mas veio para ficar", acredita.
"O contato com a natureza é totalmente diferente, maravilhoso", diz Camillo – e é possível ouvir, ao fundo, pássaros cantando. "Acho que vamos ficando por aqui mesmo, mas não estamos pensando muito no futuro para não gerar ansiedade. Daqui para a frente, tudo pode ser diferente", acrescenta.
Valorizando as coisas simples
O publicitário Daniel Negreiros diz que morar numa casa "com mais espaço e mais natureza sempre foi um sonho”. Mas era visto como algo "para o futuro”. "Quando a quarentena se tornou uma realidade, tudo isso desapareceu. Ficamos três meses em casa, as viagens pararam, e todo o restante do trabalho seguiu on-line. A vida em um grande centro urbano perdeu o sentido nesse momento e começamos a refletir sobre isso”, afirma.
Donos do canal de viagens no YouTube e no Instagram Num Pulo, ele e a mulher, a designer Paula Albino, resolveram tentar uma vida nova em Atibaia. Trocaram o apartamento de 56 metros quadrados por uma casa com o dobro do tamanho – e quintal com gramado.
"O espaço fez muita diferença, é claro, mas o quintal especificamente foi um dos motivos de mais alegria. Poder pisar na grama, tomar sol e brincar com o nosso cachorro no quintal já vale todo o esforço da mudança, e ainda temos uma linda vista para a serra da região. Em um momento como o que vivemos são as coisas simples que fazem mais falta e com certeza a nossa qualidade de vida melhorou muito na casa nova", diz o publicitário. "Além disso, o barulho faz muita diferença. Hoje vivemos em um lugar muito silencioso, e antes morávamos em uma rua muito movimentada com muito barulho de trânsito o dia todo."
Para eles, o legado que ficará da pandemia é uma organização entre vida familiar e trabalho com maior ênfase na felicidade. "Claro que dá um medinho. Será que vai ser pior? Será que estamos deixando algo importante para trás? Mas olha, não tem um dia em que a gente não fique feliz por ter realizado a mudança para a casa nova", diz.
Da cidade pequena para o sítio
O êxodo urbano também ocorre em pequenas cidades. Administradora de empresas aposentada, Aparecida Miguel Galante sempre viveu em Novo Horizonte, município de 40 mil habitantes no interior paulista. Quando a pandemia começou, ela e o marido, também aposentado, decidiram se mudar para a casa da chácara, na beira de um rio a 25 quilômetros da cidade.
"É um lugar rústico, simples, nem internet tinha – agora instalamos via rádio", diz ela. Antes, o local era utilizado apenas aos finais de semana, em geral com amigos e familiares.
Galante conta que a nova vida tem o gostinho rural. "Começamos a cultivar uma hortinha e trocamos a produção com vizinhos", exemplifica, contando que na véspera dois mamões foram colhidos no quintal, onde há também coqueiro, pés de rúcula e temperos em geral.
Ela acredita que o êxodo urbano veio para ficar. "Depois da pandemia, muitas mudanças vão acontecer. Antes, as pessoas pensavam muito em trabalho, em realização profissional. E a vida familiar ficava para o que sobrava. Estamos invertendo a ordem das coisas, melhorando a qualidade de vida – e isto vem antes de priorizar o trabalho", afirma.
Edison Veiga/Caminho Político
Caminho Politico

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