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sábado, 3 de outubro de 2020

“Não se trata mais de salvar o planeta, mas de nos salvarmos”. O “testamento” de David Attenborough, naturalista britânico













A Cúpula da Biodiversidade da Organização das Nações Unidas aconteceu nesta semana. A ocasião é uma oportunidade perfeita para levar em conta os ensinamentos de uma das personalidades que mais fez no mundo para divulgar a natureza e os perigos lançados sobre a mesma, começando pela crise climática. Aos 94 anos, David Attenborough viu quase tudo neste planeta. Até a última década, com séries como Planeta Terra e Planeta Azul, contagiou com seu assombro pelo mundo natural grandes e pequenos. Ultimamente, sua voz telúrica se tornou sombria na hora de aprofundar em “fatos” a mudança climática e a sexta extinção em massa para a BBC.
Agora, o venerado naturalista britânico apresenta, em forma de livro e de documentário para a Netflix, seu definitivo “testamento”: A life in our planet (Uma vida em nosso planeta). Ao longo de sua vida profissional, de 60 anos, foi testemunha da “retirada do mundo natural e do avanço implacável da espécie humana”, e chegou o momento de contar isto diante de um tribunal imaginário.
Durante muito tempo, sua missão consistiu em “documentar o paraíso na Terra, que foi o período que conhecemos como o Holoceno”. Mas já estamos no que um grupo de geólogos rebatizou como o Antropoceno, e Attenborough abraça esse conceito: “Todos os animais modificam em maior ou menor medida seu ambiente. Mas nenhuma espécie fez o que nós estamos fazendo. Não só estamos alterando o planeta, estamos destruindo-o”.
O naturalista britânico considera que a questão “não é mais salvar o planeta, mas nos salvarmos”. E o grande problema não é apenas a crise climática, mas também a perda de biodiversidade causada pela destruição dos ecossistemas, que em seu entendimento está nas origens da pandemia: “Nosso futuro não mudará se não mudarmos nossa relação com os animais”.
“Os jornais só falam do vírus, e está correto porque todos queremos saber”, lamenta-se Attenborough. “O problema é que a mudança climática desapareceu das manchetes porque é percebida como um futuro distante... A temperatura da Terra aumentou um grau desde que eu nasci, e pode aumentar de três a quatro graus este século, caso não mudemos de rumo. A mudança climática já está aqui: os jovens fazem bem em nos recordar”.
O sucesso de Attenborough entre os jovens aparece no fato de ter se tornado, nesta mesma semana, a pessoa que mais rapidamente superou um milhão de seguidores no Instagram, no momento de sua estreia. “A mensagem que quero dar me preocupa tanto que irei aproveitar todos os meios a meu alcance. Acredito nesta jovem geração que está se envolvendo com a mudança climática. É o seu mundo e é o seu amanhã, não podemos desperdiçar mais tempo”.
Em Uma vida em nosso planeta, Attenborough viaja sua juventude no interior inglês, como incipiente colecionador de fósseis. Pouco suspeitava então que, com o tempo, e graças a seu reconhecimento mundial, acabaria emprestando seu sobrenome a um parente pré-histórico do leão, que viveu há 18 milhões de anos e cujo fóssil foi encontrado há alguns anos na Austrália: o Microleo attenboroughi.
Primeiras expedições
O documentário relembra suas primeiras expedições a lugares como o Parque de Serengeti e a Ilha de Bornéu, com a visão insondável dos orangotangos como testemunhas da derrubada da mata tropical e da irrupção das plantações de palmeiras. Attenborough percorre o mundo, ao longo de cinco décadas e, em paralelo, vamos assistindo ao ‘boom’ da população (de 2,5 para mais de 7 bilhões), o aumento das partículas por milhão de CO2 (de 300 para mais de 400) e o declínio das áreas intactas da natureza (de mais de 60% da superfície terrestre para apenas um terço).
O naturalista recria suas primeiras viagens ao Ártico e ressalta como, em 2030, podemos viver os primeiros verões sem gelo no polo norte e, uma década depois, sofrer os verdadeiros efeitos do degelo do permafrost, com a liberação de grandes quantidades de metano que podem acelerar o aquecimento. Apesar das críticas recebidas em seu momento, Attenborough não hesita em resgatar as imagens das morsas pulando das falésias nas ilhas ao norte da Rússia pelo desaparecimento do gelo e a falta de espaço vital nas praias.
O documentário começa e termina em Pripyat, a cidade “atômica” evacuada durante o acidente de Chernobyl, em 1986, como metáfora dos “erros de cálculo e as ações incontroladas”. Na paisagem do fim do mundo se abrem, no entanto, passagem aos animais em estado selvagem e a transbordante natureza, como nas velhas cidades dos maias.
Soluções que já estão aqui
“A humanidade está em uma encruzilhada, o mundo natural está seriamente ameaçado e as consequências podem ser apocalípticas”, alerta Attenborough, que dedica, no entanto, a última meia hora de documentário às soluções que já estão aqui: da agricultura urbana às energias renováveis, das zonas de exclusão de pesca nos oceanos à drástica redução no consumo de carne, dos projetos de renaturalização ao reaproveitamento total dos recursos.
“A palavra resíduo é imoral”, avalia. “O imperativo no século XXI deve ser trabalhar com a natureza, e não contra a natureza, que é o que estamos fazendo há muito tempo”.
Como epílogo ao documentário, David Attenborough nos convida para uma conversa com o ex-Monty Python, Michael Palin, revendo o que aconteceu neste ano vivido perigosamente. Palin o questiona a respeito das lições do coronavírus e Attenborough responde sem titubear: “Uma coisa que aprendemos é que todos nós estamos no mesmo barco, e se queremos sobreviver temos que cooperar. Acabou o tempo para os nacionalismos. É o momento para um novo internacionalismo e para uma maior igualdade entre as nações do mundo. O Ocidente já levou muito, talvez chegou o momento de dar”.
A reportagem é de Carlos Fresneda, publicada por El Mundo e Caminho Político. A tradução é do Cepat. Edição: Régis Oliveira. Caminho Politico

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