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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A vacina vai nos ajudar, mas não vai nos livrar das pandemias














"Seja como for, uma coisa é certa: apostar na vacina como única arma decisiva é perigoso. Porque a pandemia não é um “acidente biológico”, que sem avisar atingiu a humanidade e que pode ser enfrentada com medicamentos e vacinas, mas o sintoma de uma doença crônica e rapidamente progressiva, que atinge toda a biosfera. Um drama histórico inutilmente anunciado e que tenderá a prolongar-se e repetir-se se não alterarmos as condições ambientais e sociais que o determinaram", escreve Ernesto Burgio, membro do Comitê Científico do ECERI (Instituto Europeu de Pesquisa do Câncer e do Meio Ambiente) – Bruxelas, em artigo publicado por Il Manifesto e Caminho Político. A tradução é de Luisa Rabolini.Edição: Régis Oliveira. Foto: Ilust.
Segundo ele, "o principal erro de quem ainda conta exclusivamente em uma âncora aleatória vacina-profilaxia em massa consiste em esquecer que as pandemias são dramas socio-sanitários e econômico-financeiros de enormes dimensões que não poderemos evitar sem reduzir suas verdadeiras causas: desmatamento, bio-invasões, mudanças climáticas e desequilíbrios sociais (a partir das imensas megalópoles do Sul do mundo)".
"E sobretudo - conclui - se às estratégias de contenção do vírus e de redução das cadeias de contágios (lockdown) não seguirá uma transformação radical dos sistemas de saúde ocidentais: porque é evidente que os países asiáticos e socialistas (Cuba) nos quais a medicina pública está bem organizada, estancaram a pandemia em poucas semanas, ao contrário dos países em que o neoliberalismo também transformou a medicina em um imenso mercado.

Eis o artigo.

Não parecem ser muitos, atualmente, a perceber que a Itália voltou a ser, como em março passado, o país onde a pandemia faz mais vítimas. Ainda assim, os dados epidemiológicos são eloquentes: em número de casos alcançamos o oitavo lugar, mas o índice de letalidade só perde para o México e o Irã e está empatado com a Grã-Bretanha e o Peru. Até mesmo os Estados Unidos e o Brasil parecem estar se saindo melhor do que a Itália. Se olharmos, além disso, para o número de mortes diárias, voltamos ao topo da lista e o presidente dos médicos do Fnomceo denunciou a morte de outros 27 médicos em 10 dias, e falou em "massacre de inocentes".
Mas no nosso país há uma competição para interpretação de forma otimista os primeiros abrandamentos da curva dos contágios; há uma visão cada vez mais crítica das estratégias de contenção decididas pelo governo; procura-se convencer a todos de que a virada está logo adiante, graças a vacinas declaradas em tempo recorde eficazes e seguras, por meio de comunicados de imprensa, pelas mesmas multinacionais que as produzem; são atacados aqueles que se permitem levantar dúvidas não sobre a importância das vacinas, mas sobre as modalidades da comunicação e sobre a excessiva pressa com que se procedeu, pela primeira vez na história, no percurso da experimentação. Ainda assim, são os principais jornais científicos do mundo e em particular o The Lancet que ressaltam o quanto seja legítimo ter esperança nos resultados tão triunfantemente anunciados, mas que alguns problemas deveriam ser desatados antes de gritar vitória.
Ainda não é certo, de fato, se essas vacinas impedem a transmissão do vírus ou se limitam a proteger de formas graves os vacinados: um resultado importante, que, no entanto, não facilitaria a obtenção da "imunidade de rebanho". Não sabemos quanto tempo dura a imunidade conferida por esse vírus: o que sabemos deriva de nosso conhecimento sobre Sars e Mers e de estudos que demonstram a presença de anticorpos neutralizantes nos recuperados.
E é evidente que, se a imunidade induzida pelo "vírus da rua" não for particularmente robusta, nem duradoura, é improvável que uma vacina composta de fragmentos do genoma ou de proteínas antigênicas virais possa ter um desempenho melhor. Depois, há os casos de reinfecção que parecem atestar limites no sistema imunológico adaptativo e eficácia incerta em idosos, a população de maior risco.
Há que ressaltar que a pandemia ainda está em sua fase inicial e que o vírus continuará a sofrer mutação para se adaptar à nossa espécie e defender-se contra o nosso sistema imunocompetente, como acontece com todos os vírus de RNA que surgiram recentemente de seu reservatório animal: portanto, é teoricamente possível que uma vacina que é eficaz hoje, seja menos eficaz daqui a seis meses ou um ano.
Depois existem os problemas de disponibilidade de vacinas em nível planetário e de justo acesso, e os enormes desafios logísticos de produção e distribuição. Movimentos internacionais como a Gavi, ligada a uma figura tão falada como Bill Gates, propõem estratégias de distribuição equitativa, mas até agora foram os países de alta renda que reservaram para si centenas de milhões de doses. Até mesmo os desdobramentos de longo prazo da pandemia são imprevisíveis. Não sabemos se o Sars-CoV-2 tenderá a se tornar endêmico, se teremos epidemias sazonais ou novas emergências de longa duração de suas variantes e é impossível prever qual vacina garantirá os melhores resultados nas diferentes situações.
E se a vacina escolhida não se mostrasse eficaz, as consequências seriam muito graves: tanto porque os vacinados, acreditando-se protegidos, baixariam a guarda; tanto porque a confiança de muitos nas vacinas poderia diminuir e o circuito NoVax se fortaleceria, mas o tema mais debatido é o dos riscos, e no momento não podemos ter dados certos: tanto porque os números são pequenos, quanto porque os efeitos mais temidos aparecem a longo prazo.
Em particular, as apreensões a respeito da possível inserção de RNA viral no genoma humano não podem ser facilmente desmentidas. Em última análise, aceitar a aceleração dos procedimentos implica a confiança nos órgãos reguladores: por isso deveríamos ter aguardado as avaliações, em vez de seguir as propagandas das multinacionais. Seja como for, uma coisa é certa: apostar na vacina como única arma decisiva é perigoso. Porque a pandemia não é um “acidente biológico”, que sem avisar atingiu a humanidade e que pode ser enfrentada com medicamentos e vacinas, mas o sintoma de uma doença crônica e rapidamente progressiva, que atinge toda a biosfera. Um drama histórico inutilmente anunciado e que tenderá a prolongar-se e repetir-se se não alterarmos as condições ambientais e sociais que o determinaram.
É importante recordar, de fato, que há pelo menos 18 anos (Sars), mas poderíamos também dizer desde o final do século passado, desde a morte de uma criança em Hong-Kong (1997) por uma pneumonia causada pelo vírus aviário (H5N1), as principais agências sanitárias internacionais publicam boletins dramáticos sobre a iminência de um evento pandêmico potencialmente catastrófico.
O principal erro de quem ainda conta exclusivamente em uma âncora aleatória vacina-profilaxia em massa consiste em esquecer que as pandemias são dramas socio-sanitários e econômico-financeiros de enormes dimensões que não poderemos evitar sem reduzir suas verdadeiras causas: desmatamento, bio-invasões, mudanças climáticas e desequilíbrios sociais (a partir das imensas megalópoles do Sul do mundo). E sobretudo se às estratégias de contenção do vírus e de redução das cadeias de contágios (lockdown) não seguirá uma transformação radical dos sistemas de saúde ocidentais: porque é evidente que os países asiáticos e socialistas (Cuba) nos quais a medicina pública está bem organizada, estancaram a pandemia em poucas semanas, ao contrário dos países em que o neoliberalismo também transformou a medicina em um imenso mercado.
Artigo publicado por Il Manifesto e Caminho Político. A tradução é de Luisa Rabolini.Edição: Régis Oliveira. Foto: Ilust. @CaminhoPolitico

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