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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

COP26: O destaque de mulheres indígenas na COP26

Reunidas na maior delegação indígena já vista numa conferência do clima, lideranças movimentam discussão e exigem respeito aos direitos indígenas. "Somos nós que preservamos a floresta", argumenta a jovem Txai Suruí. Aos 24 anos, Txai Suruí contava que seu discurso na abertura da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, não agradaria ao governo brasileiro. Convidada em cima
da hora para falar a diplomatas de mais de 190 países, ela citou o assassinato de Ari Uru-Eu-Wau-Wau, seu amigo de infância e guardião indígena morto em 2020 por proteger a natureza.
O impacto da mensagem ecoou dentro e fora da COP26, que segue até esta sexta-feira (12/11). Criticada pelo presidente Jair Bolsonaro, que não foi a Glasgow, ela tem recebido ofensas racistas e ameaças na internet.
Logo depois que desceu da tribuna para dar uma entrevista, um homem que usava crachá da delegação oficial do governo tentou interrompê-la e disse, num tom nada amigável, que ela não deveria falar mal do Brasil.
"Era intimidação. Foi muito desconfortável. Eles não querem trazer a realidade do que está acontecendo, eles querem fingir que não existe", comenta Txai à DW Brasil sobre a postura do governo brasileiro na conferência, citando as invasões aos territórios indígenas e o desmatamento na Amazônia.
Em sua segunda participação numa COP, Txai está convencida de que as negociações para limitar o aquecimento da Terra a até 1,5 ºC, meta estabelecida pelo Acordo de Paris em 2015, não podem seguir em frente sem os indígenas.
"Eu quis falar sobre a importância de nós estarmos no centro da discussão. Somos nós que estamos fazendo o trabalho de luta, de preservação da natureza, da floresta. E também estamos sentindo as consequências das mudanças climáticas", justifica.
Ela faz parte da maior delegação indígena já vista numa COP. São mais de 40 que deixaram suas aldeias e cidades para acompanhar a discussão, e a maioria são mulheres.
Embora não se sentem à mesa para tomar as decisões que sairão no aguardado acordo de Glasgow, elas têm participado de reuniões paralelas - por mais que não haja diálogo com o governo brasileiro.
Uma dessas conversas foi com o ministro holandês de Comércio Exterior e Cooperação Internacional, Tom De Bruijn. "Não basta só dizer que se preocupa com os direitos e terras indígenas e continuar comprando produtos que são derivados do desmatamento da floresta, ou que vêm da terra indígena. Eles também têm que ter esse compromisso", comenta Txai.
Procurada pela imprensa de todo o mundo para conceder entrevistas, ela diz saber lidar com esse assédio. "Eu sei quem eu sou, eu sei de onde venho, qual é minha luta e minha missão. Não estamos aqui 'enfeitados' pra gringo ver, não é um folclore. Não vim a passeio. O futuro do meu povo não é negociável", responde.
Ao lado de outras lideranças, Juma busca ouvir de outros representantes de países na COP26 que seus governos irão agir para conservar a floresta e respeitar os indígenas. "É preciso que eles saibam também que está acontecendo um genocídio no Brasil", pontua.
"Ninguém mais vai falar por nós"
Depois de mais de uma semana em Glasgow, Alessandra Munduruku está em quarentena em Santarém, Pará, antes de retornar a sua aldeia. "Não quero levar doença nenhuma para meu povo", justifica.
A agenda de encontros que teve na conferência foi intensa, ao lado de outros lideres da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). "A gente saiu de tão longe pra chegar lá. A gente não quer mais deixar empresas e governo falarem por nós, eles tentam negociar sem a nossa presença, mas querem tirar foto dizendo que ‘estão com indígenas'", critica.
Aos pontos em discussão na COP26, representantes da Apib tentam adicionar outros que, segundo avaliam, são vitais para que o Acordo de Paris seja cumprido.
"Se o mundo todo está preocupado com o meio ambiente tem que ter demarcação, respeito aos direitos indígenas, expulsão dos invasores dos nossos territórios e respeito ao protocolo de consulta. Para o mundo respirar o ar puro, tem que respeitar quem protege as florestas", diz Alessandra.
Segundo ela, a presença indígena na reunião climática seria importante ainda para "desmascarar" o discurso de representantes do governo. "Vimos os governos do Mato Grosso e do Pará pedindo dinheiro pra proteger a Amazônia. Mas eles querem construir a Ferrogrão, querem mais soja", critica. "O Helder Barbalho [governador do Pará] fala que respeita o meio ambiente, mas criou uma lei para ter o Dia do Garimpeiro."
Segundo o Diário Oficial do estado do Pará de 27 de outubro, o Dia do Garimpeiro passa a ser comemorado todo dia 11 de dezembro. A lei foi sancionada em meio à maior onda de invasões a terras indígenas no Pará e Amazonas para exploração ilegal do ouro, que tem contaminado indígenas e degradado a floresta.
Hoje uma voz importante entre o povo Munduruku, Alessandra e outras lideranças femininas ganharam espaço pouco a pouco entre os chefes tradicionais. "Hoje nós temos apoio, os caciques falam que nós somos mulheres de coragem. Mas tivemos que brigar para receber esse respeito. Se as mulheres e os homens se respeitarem e se unirem, a luta fica mais forte", diz.
Nádia Pontes/Caminho Político
@caminhopolitico @cpweb

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