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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Jornalista lança livro sobre execuções de guerrilheiros por colegas de luta armada

Considerados traidores do movimento revolucionário, Márcio Toledo, Carlos Alberto Cardoso, Francisco Alvarenga e Salatiel Rolim foram julgados à revelia, condenados à morte e executados pelos próprios companheiros de luta armada durante a ditadura brasileira. A arbitrariedade e o contexto desses assassinatos, que foram cometidos entre 1971 e 73, são o objeto de investigação do livro-reportagem Injustiçados - Execuções de militantes nos tribunais revolucionários durante a ditadura, que foi escrito pelo jornalista Lucas Ferraz e lançado em outubro pela Companhia das Letras. Com base em documentos e entrevistas com ex-guerrilheiros, familiares das vítimas e militares, a obra busca esclarecer os justiçamentos ocorridos dentro dos grupos de luta armada, contribuindo para a documentação histórica dos ‘anos de chumbo’ no Brasil. Iniciada em 2007 com a abertura de novos arquivos da repressão, a pesquisa de Ferraz também busca esclarecer temas como as infiltrações dos serviços secretos do regime e a disparidade de força e poder entre a repressão e a guerrilha.
Morando na Itália, de onde escreveu o livro, Ferraz está no Brasil para participar de eventos de divulgação do livro. Ele concedeu por email a seguinte entrevista ao Portal IMPRENSA:
PI - Você trabalhava como repórter na FSP em 2011, ano da criação da Comissão Nacional da Verdade. É isso mesmo? Você cobriu esse tema? Em que medida essa experiência te levou a escrever esse livro sobre a história das execuções de militantes nos tribunais revolucionários durante a ditadura?
Lucas Ferraz - Eu cobri uma parte da CNV (que funcionou entre 2012 e 14) pela FSP, mas entrei no assunto antes, a partir de 2007. Em Brasília acompanhei a Comissão da Anistia do Ministério da Justiça (no último mandato do governo Lula) e depois a organização do acervo da repressão e da ditadura no Arquivo Nacional (governos Lula e Dilma). Essa experiência foi fundamental: Injustiçados é fruto desse período e do meu trabalho de repórter acompanhando esses temas.
PI - Com a chegada de Bolsonaro ao poder, tentativas de reescrever acontecimentos históricos do período da ditadura ganharam força entre os setores mais conservadores, com uma considerável produção de conteúdo nesse sentido. Você teme que seu livro seja usado por extremistas para justificar crimes da ditadura?
Lucas Ferraz - Esse é um tema já explorado em círculos extremistas desde a ditadura. Cada um vai fazer sua leitura, mas é impossível falar dos justiçamentos sem entender os crimes e as arbitrariedades da ditadura. E eles estão presentes no livro. Mas, claro: pode-se esperar qualquer coisa de gente que considera o nazismo como algo da esquerda. Essa eventual exploração – que, quase um mês depois do lançamento do livro, ainda não aconteceu – não me preocupa. Como jornalista e autor, não tenho o menor controle sobre isso.
PI - Quantas entrevistas foram realizadas, aproximadamente, durante a apuração do livro e quais os principais personagens que você ouviu?
Lucas Ferraz - Ouvi 72 pessoas, entre consultados e entrevistados. Mais alguns tantos que foram procurados e não quiseram ser entrevistados. Consegui falar com alguns dos principais personagens, de ex-guerrilheiros que participaram dos justiçamentos aos familiares e ex-colegas e amigos que acompanharam os episódios à época (muitos de fora da luta armada e da militância). Também falei com militares da repressão.
PI - Em termos de documentos e outros materiais da época, quais foram suas principais fontes de informação para a elaboração do livro?
Lucas Ferraz - Há muitos documentos disponíveis sobre os fatos narrados no livro. Eles estão sobretudo no Arquivo Nacional de Brasília, mas também há coisas nos arquivos públicos dos Estados de SP e RJ. Além de universidades como o Projeto República da UFMG. Também utilizei documentos das organizações que participaram da luta armada, cartas de militantes e pesquisei em jornais da época (além de livros, teses acadêmicas e reportagens de tantos colegas jornalistas).
PI - Você teve algum tipo de ajuda para levantar as informações?
Lucas Ferraz - Claro, recebi ajuda de diversas pessoas: colegas jornalistas, pesquisadores, funcionários de arquivos públicos, familiares das vítimas, ex-militantes, militares, etc.
PI - Como foi escrever o livro na Itália? A distância dificultou o trabalho?
Lucas Ferraz - No processo de escrita, a distância não foi um problema. Acho até que foi positivo finalizar o livro na Itália, distante do Brasil de Bolsonaro.
PI - Quando e por que você decidiu viver fora do país?
Lucas Ferraz - Saí em abril de 2018, por motivos familiares - e calhou deu ver de longe o desastre brasileiro dos últimos anos.
PI - Como tem sido a repercussão do livro em setores de esquerda até hoje simpáticos à luta armada?
Lucas Ferraz - A esquerda são muitas – e geralmente são divididas. Houve quem acolheu bem, houve quem acolheu mal. Como esperado.
PI - E como tem sido a repercussão entre colegas jornalistas? Recentemente o livro foi elogiado na coluna do Janio de Freitas...
Lucas Ferraz - Tem sido muito positiva. O livro mereceu uma nota muito simpática do Janio de Freitas, que gostou do livro, além de citações de outros colegas jornalistas e escritores como Marçal Aquino.
PI - Como tem sido o trabalho de divulgação e lançamento do livro? Você veio ao Brasil para isso?
A vinda ao Brasil também tem relação com o livro. Houve lançamento em São Paulo e Belo Horizonte e haverá um terceiro em Itabira (no sábado, dia 20), minha cidade natal, onde o livro foi apresentado (online) no final de outubro no primeiro festival literário de Itabira. Mas retorno para a Itália ainda este mês, a passagem por aqui será breve.
PI - Já está pensando em um novo livro-reportagem? Se sim, poderia adiantar detalhes?
Lucas Ferraz - Sim, mas ainda não sei qual será o novo projeto.
Assessoria/Caminho Político
Foto: Avener Prado
Caminho Politico CP Web

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