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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Morre a escritora Lya Luft

Gaúcha de origem alemã traduziu obras de grandes nomes como Günter Grass e Rainer Maria Rilke. Nos anos 2000, tornou-se autora do best-seller "Perdas e Ganhos". Ela tinha 83 anos e enfrentava um câncer de pele. A escritora Lya Luft morreu na madrugada desta quinta-feira (30/12) em Porto Alegre. A informação foi confirmada pela sua família e pela editora Record, que publicava os livros de Luft. Ela tinha 83 anos.
Segundo sua família, Luft enfrentava um melanoma, um câncer de pele, que foi descoberto quando já estava em metástase. Ela chegou a ficar internada nas últimas semanas, mas pediu para ficar em casa pouco antes do Natal. Segundo sua filha, Luft morreu enquanto dormia.
De acordo com o jornal O Globo, a cerimônia de despedida deve ser restrita à família.
Origem alemã
Natural de Santa Cruz do Sul (RS), Lya nasceu em 1938, em uma família de descendentes de alemães luteranos, os Fett, que chegaram ao Brasil em 1825. Ela contava que seus familiares faziam questão de exibir a origem germânica, muitas vezes de forma arrogante, e que ela tentou romper com isso na juventude.
"Na minha família se falava 'nós, os alemães, e eles, os brasileiros'. Isso era uma loucura, porque nós estávamos há gerações no Brasil. E como eu era uma menininha muito contestadora, um dia, com 7 ou 8 anos, numa Semana da Pátria, me dei conta: ‘Por que falam 'die Brasilianer und wir'?'. Eu quero ser brasileira. Eu não quero ser europeia”, contou a escritora em entrevista para a DW Brasil em 2004.
Lya Luft ainda afirmou que finalmente aprendeu português quando o uso do idioma alemão foi proibido no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. "Em casa falávamos alemão, mas em seguida tive que falar português porque o alemão foi proibido", afirmou.
Mas ela continuou a ser apaixonada pela literatura alemã e contou que aos 11 anos passava seu tempo decorando longos poemas de Goethe e Schiller.
Início da carreira literária
No final dos anos 1950, Luft se mudou para Porto Alegre, onde se diplomou em Pedagogia e em Letras Anglo-Germânicas na PUC-RS.
Aos 25 anos, ela se casou com Celso Pedro Luft (1921-1995), de quem adotou o sobrenome. Celso era um ex-irmão marista que havia sido professor de Lya na PUC. Um gramático e filólogo renomado, ele abandonou a vida religiosa para se casar com Lya. Eles tiveram três filhos. O escritor Erico Verissimo e sua mulher, Mafalda, foram padrinhos de um dos filhos do casal Luft, André (1956-2017).
Na sequência, Lya Luft passou a trabalhar como tradutora, especialmente de obras alemãs. Ela traduziu mais de cem obras para o português, entre elas publicações de Hermann Hesse, Thomas Mann, Günter Grass e Rainer Maria Rilke - os dois últimos, ela afirmou à DW Brasil, eram seus escritores favoritos.
Ela ainda traduziu autores anglo-saxônicos, como Virginia Woolf e Doris Lessing.
Seu primeiro livro foi Canções de Limiar, uma coletânea de poemas publicada em 1964. No início dos anos 1970, foi a vez de Flauta Doce, mais um livro de poemas.
Sucesso
O primeiro sucesso literário ocorreu em 1980, com As Parceiras, um romance que descreve uma família marcada por relações neuróticas e pela loucura, abordando temas matrimônio, sexualidade, solidão e isolamento de um ponto de vista feminino. A obra foi traduzida para o alemão com o título Die Frau auf der Klippe.
Capa da edição alemã de Capa da edição alemã de
Capa da edição alemã de "As Parceiras"
O segundo romance foi A Asa Esquerda do Anjo, de 1981, que dialogava com o próprio passado da escritora ao contar a história de uma menina criada por uma rígida e exigente família de origem alemã.
Nas duas décadas seguintes, publicaria O Quarto Fechado (1984), Mulher no Palco (1984), Exílio (1987), O Rio do Meio (1996) e O Ponto Cego (1999).
Em 2003, publicou Perdas e Ganhos, o seu maior sucesso, que vendeu quase um milhão de cópias e permaneceu mais de dois anos nas listas de obras mais vendidas no Brasil. O sucesso levou a um convite para se tornar colunista da revista Veja, na qual ela publicaria textos semanalmente por mais de uma década.
Últimos anos
Nos anos seguintes, publicou Histórias de Bruxa Boa (2004), Pensar é Transgredir (2004), O Silêncio dos Amantes (2008) e A Riqueza do Mundo (2011). Em 2013, foi laureada com o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pela obra O Tigre na Sombra. Sua última obra foi As coisas Humanas, de 2020.
Ela continuou a atuar como tradutora, tendo adaptado do alemão a obra Maria Stuart: biografia, de Stefan Zweig, em 2018.
Em uma de suas últimas entrevistas, para o jornal Folha de S.Paulo, em 2020, por ocasião do lançamento de As coisas Humanas, em que aborda o luto pela morte do filho André, morto em 2017 de parada cardiorrespiratória, Luft disse que havia escrito o livro para mostrar "que o amor é mais importante do que a morte".
Na mesma entrevista, ela contou que se arrependeu de ter votado em Jair Bolsonaro para a Presidência nas eleições de 2018.
"Te confesso que votei e me arrependi. Votei na falta de coisa melhor e me arrependi muito. Não conhecia direito. Queria uma trégua do PT, era muita esculhambação, corrupção, não foi uma fase boa. Votei nele e me arrependi em seguida", disse Luft.
Além de dois filhos, Lya deixa o último marido, o engenheiro Vicente de Britto Pereira, e sete netos.
Na crônica O grande silêncio, que encerra seu último livro, Lya escreveu:
"No fim tudo estará apaziguado;
haverá um fechar de pálpebras
e um esquecimento;
não haverá mais começo nem fim,
nem pensamentos
porque serão supérfluos: tudo será intuição.
Não haverá mais palavras."
Jean-Philip Struck/Caminho Político
@caminhopolitico @cpweb

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