Nesses dois casos específicos, em Cuiabá, a psicologia diz que quando uma criança sofre um estupro cometido por um membro da família, danifica o desenvolvimento natural de sua sexualidade. “Minha alegria, vontade de viver e estilo de vida foram roubados naquele dia. Eu fiquei depressiva, irritada, e cansada. O isolamento às vezes é insuportável”, desabafou em uma postagem no Instagram, uma adolescente estuprada por seu patrão, um empresário da área de perfuração de poços artesianos, em Cuiabá.
Ela descreve o trauma que passou pelo estupro que sofreu quando trabalhava de babá na residência do empresário.
Ele foi preso pela Polícia no último dia 23 de Junho durante a ‘Operação Acalento’ e que combateu crimes de violência contra crianças e adolescentes.
O episódio causou indignação nas redes sociais, principalmente após a publicação da prisão do empresário.
A adolescente chorou e pede respeito, já que o tratamento para com as vítimas de violência sexual pode agravar problemas psicológicos que, naturalmente, já são recorrentes em sobreviventes de estupro.
Em 23,3% das vezes, as vítimas são diagnosticadas com estresse pós-traumático, de acordo com o Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).
Isso fora os casos de depressão, fobia, e ansiedade.
Tanto que o Ministério da Saúde reconhece a violência sexual, de modo geral, como questão de saúde pública.
Além da adolescente o empresário de Cuiabá também foi acusado de estuprar uma sobrinha, de apenas de 12 anos.
Era menor e não oferecia resistência.
A pena prevista para essa situação é de oito a 15 anos, mas varia segundo o caso.
O que vai haver é um aumento de pena pelo abusador ser da mesma família ou ser cônjuge, pai, mãe, tio ou de alguma forma exercer poder de controle sob a vítima.
Mas, para o Deputado Estadual de Mato Grosso, do PTB, Ulisses Moraes, o caso é de caráter, pois o estuprador não tem conserto. “Eu defendo a castração química do estuprador”, disse o parlamentar bastante incisivo em sua tese. Ele diz que as leis são para ser seguidas e não para cometimentos de crimes.
Nesses dois casos específicos, em Cuiabá, a psicologia diz que quando uma criança sofre um estupro cometido por um membro da família, danifica o desenvolvimento natural de sua sexualidade, pois o estuprador introduz uma “visão adulta” de modo precoce na memória da vítima e elas precisam obrigatoriamente fazer terapias.
Se não, vai atrapalhar relacionamentos futuros por conta da falta de confiança que se vai depositar nos parceiros.
Quando se convive com o estuprador o que pode ser o próprio marido, tio, namorado ou parceiro da vítima.
Nesses casos, é ainda mais difícil reconhecer o abuso ou aceitá-lo.
Como o que ocorreu com um dos maiores estupradores do Brasil, o médium João de Deus, de Abadiânia, Goiás, que estuprou mais de 200 mulheres.
Ou mesmo, o estudante indonésio de pós-graduação Reynhard Sinaga, de 36 anos, que foi considerado culpado de atrair 48 vítimas que estavam em casas noturnas de Manchester, no Reino Unido, para seu apartamento, onde as drogavam e atacavam — filmando os abusos. “Você não está afim, às vezes nem gosta mais daquele parceiro tanto assim, mas se vê obrigada a ter uma relação sexual com ele, pois ele te agride. Existe uma questão social de que [satisfazer o outro com sexo] é obrigação da mulher. Isso acabou na lei, mas não na cultura, que ainda permeia isso”, comenta a psicóloga Sheila Reis que atendeu dezenas de mulheres estupradas pelo médium João de Deus.
Levantamento do Ipea, feito com base nos dados de 2021 do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan), mostrou que 70% das vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes.
Em metade das ocorrências envolvendo menores, há um histórico de estupros anteriores. Além disso, a proporção de ocorrências com mais de um agressor é maior quando a vítima é adolescente e menor quando ela é criança.
Cerca de 15% dos estupros registrados no sistema do Ministério da Saúde envolveram dois ou mais agressores. “As consequências, em termos psicológicos, para esses garotos e garotas são devastadoras, uma vez que o processo de formação da autoestima – que se dá exatamente nessa fase – estará comprometido, ocasionando inúmeras vicissitudes nos relacionamentos sociais desses indivíduos”, aponta a pesquisa.
Acusados de estupro ou condenados por esse crime formam a população mais execrada, assustada e desesperada das cadeias e presídios do país.
Entre os presos acusados ou condenados por estupro -estimados em cerca de 10 mil no país- a grande maioria é estuprador ordinário, que abusou de filhas, vizinhas, sobrinhas, ex-namoradas e ex-colegas de trabalho.
E nunca matou.
Mas, por ser o estupro um crime hediondo, o condenado passa pelo menos seis anos em regime fechado, sem direito a benefícios, mesmo quando revela bom comportamento.
Assessoria/Caminho Político
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