Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
X SIMPÓSIO SOBRE DISLEXIA DE MATO GROSSO “TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO”

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Morre Jean-Luc Godard aos 91 anos

Um dos principais nomes do cinema mundial, cineasta franco-suíço foi um dos expoentes da Nouvelle Vague. Em 2010, foi reconhecido com um Oscar pelo conjunto de sua obra.O cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard, um dos principais nomes do cinema mundial, morreu aos 91 anos, informou nesta terça-feira (13/09) o jornal francês Liberátion, citando fontes próximas ao diretor. A causa da morte não foi divulgada. 
Na década de 1960, ele foi um dos fundadores da Nouvelle Vague, movimento francês que revolucionou o cinema a partir dos anos 1950.
Godard tem uma longa carreira premiada, que vai desde o prêmio de melhor diretor no Festival de Cinema de Berlim, por Acossado (de 1960), até um Oscar pelo conjunto de sua obra em 2010, a cuja cerimônia de premiação ele não compareceu.
Ao longo de quase 70 anos de carreira, Jean-Luc Godard produziu mais de 60 filmes, incluindo mais de 40 longas-metragens, numerosos curtas, documentários experimentais, ensaios cinematográficos altamente intelectuais, vídeos de música, alguns também como roteirista ou codiretor, ao lado dos companheiros da Nouvelle Vague. Porém, ele permaneceu o representante mais radical dessa nova maneira de rodar filmes modernos e ousados.
Entre suas obras de maior destaque estão, além de Acossado, O desprezo (1963), Viver a vida (1962), Alphaville (1965) Week-End à francesa (1967), Carmen de Godard (1983), Eu Vos
Saúdo Maria ou Je vous salue, Marie (1985) e Adeus à linguagem (2014).
"Eu fazia filmes como um músico de jazz: você escolhe um tema, improvisa, e de algum modo a coisa toda se organiza", comentou certa vez, lembrando de seus primórdios na sétima arte.
Antes cinema do que universidade
Godard nasceu em Paris em 3 de dezembro de 1930, filho de um oftalmologista suíço. Ele e seus três irmãos cresceram na terra do pai, porém em 1943 a família retornou para a França, onde Jean-Luc frequentou o liceu. Teve que repetir o teste final três vezes, pois sempre tinha outras coisas na cabeça.
O estudo de Antropologia na Universidade Sorbonne tampouco o interessava particularmente: ele preferia passar o tempo nos meios cinematográficos e intelectuais de Paris. Em vez de frequentar as palestras, ia todo dia ao cinema, o que acarretou a suspensão da mesada paterna.
Tendo agora que ganhar a vida com trabalhos ocasionais, ele passou apaixonadamente a escrever artigos para a revista Gazette du Cinéma. Uma viagem aos Estados Unidos em 1950-51 lhe selou o futuro: em 1954, rodava seu primeiro filme, o documentário Opération Beton, sobre a construção de uma gigantesca represa.
Tanto ele quanto Eric Rohmer, Jacques Rivette, François Truffaut e Claude Chabrol começaram a carreira como críticos de cinema e colaborando para a revista Cahiers du Cinéma. Para todos, a narrativa convencional dos velhos filmes estava totalmente ultrapassada.
"Nova onda"
Quem deu a partida para a "nova onda" foi Truffaut, amigo e companheiro de discussões intelectuais de Godard, com Os incompreendidos. Em maio de 1959, o filme estreou em Cannes.
No ano seguinte, era a vez de Godard, com o lendário Acossado, inspirado pelos filmes de gângster hollywoodianos em preto-e-branco. Tanto a rodagem com câmera de mão, em vez do complexo aparato de praxe, quanto a técnica de cortes inovadora fizeram furor no festival no sul da França.
Os filmes da Nouvelle Vague refletiam o modo de encarar a vida de uma nova geração de cineastas franceses, que queriam ver nas telas a realidade nua e crua, autêntica e palpável. A denominação logo se estabeleceu, também intimamente associada a Godard.
Ousadia intelectual e formal
Em O desprezo, de 1963, Brigitte Bardot, em seu primeiro papel no cinema, filosofava diante das câmeras se o companheiro de tela achava atraente o seu traseiro – um escândalo, na época. Em 1980, Godard repetiria essa cena em Salve-se quem puder (a vida), desta vez com Isabelle Huppert, diante das vacas de um estábulo.
O fumante inveterado de charutos nunca usava roteiros em seus filmes, entregando muito ao acaso, às discussões no set ou ao talento de improvisação de seus atores. E entre eles estiveram praticamente todos os grandes nomes do cinema francês, de Eddie Constantine, Alain Delon, Michel Piccoli e Yves Montand a Gérard Depardieu e Juliette Binoche, além das já citadas Bardot e Huppert.
A ousadia de Godard também se manifestava no campo formal: seus ensaios fílmicos são "pensamento em forma de montagem", descreveu em 2010 um crítico do jornal Frankfurter Rundschau, sua montagem cinematográfica é associativa como a improvisação no jazz.
Ele foi, ainda, um dos primeiros diretores franceses a rodar com uma câmera de vídeo leve e ágil. Foi com uma delas que, em 1968, acompanhou os Rolling Stones até o estúdio, para a produção de seu lendário álbum Sympathy for the Devil, resultando num documentário que permanece cult.
Recomeço no palco internacional
Sob a impressão dos protestos estudantis de maio de 1968, em Paris, Godard se ligou a um grupo cinematográfico marxista-leninista radical. A politização crescente de seu trabalho desencadeou uma briga com o amigo Truffaut. Em seguida, ele "desapareceu no coletivo", passando a só filmar junto com outros, como notou um crítico na época.
Em 1980, Godard retornou ao palco do cinema internacional. Estrelado por Isabelle Huppert, Salve-se quem puder (a vida) era um título programático para o recomeço do cineasta maduro. Numa entrevista, ele descreveu este como seu "segundo primeiro filme".
Uma Palma de Ouro em Cannes, o Prêmio Europeu de Cinema, um Oscar pelo conjunto da obra: até hoje tais honrarias públicas nada significaram para o inquieto cineasta franco-suíço. Paletó e gravata, ele só pôs para receber em 2002 o altamente dotado Praemium Imperiale, considerado o "Nobel das artes".
md/lf (Reuters, DW)CP
@caminhopolitico @cpweb

Nenhum comentário:

Postar um comentário