Votação realizada em meio à onda de violência e assassinatos de políticos ocorreu dentro da normalidade, com forte esquema de segurança. Pesquisa de boca de urna não é divulgada em razão da "grande comoção interna". O primeiro turno das eleições equatorianas ocorreu neste domingo (20/08) sem incidentes e com um forte esquema de segurança, após uma onda de violência sem precedentes durante a campanha eleitoral que culminou no assassinato de três líderes políticos do país, incluindo um candidato à Presidência, no espaço de três semanas.
No total, 13,4 milhões de eleitores estavam aptos a votar nos oito candidatos à Presidência, além de eleger 137 novos membros da Assembleia Nacional.
O país, que enfrenta forte crise política, econômica e de segurança pública, está sob estado de exceção decretado pelo governo. Segundo a polícia, 430 pessoas foram presas desde a sexta-feira por crimes como porte ilegal de armas, entre outras violações.
Pesquisa de boca de urna cancelada
O Centro de Estudos e Dados (Cedados), que normalmente realiza as pesquisas de boca de urna no Equador, anunciou que não iria realizar a sondagem em razão do "evidente estado de grave comoção interna que vive o país".
Segundo nota divulgada pela entidade, a decisão foi tomada "por falta de garantias para assegurar a segurança institucional e a integridade de nosso pessoal executivo, técnico, operativo e de campo".
Políticos assassinados
O assassinato do presidenciável Fernando Villavicencio em 9 de agosto, após um comício na capital, Quito, chocou o país sul-americano de 18 milhões de habitantes. Sua imagem ainda aparecia nas cédulas eleitorais neste domingo. Muitos de seus eleitores expressaram apoio a Christian Zurita, que o sucedeu com candidato.Pouco menos de duas semanas antes, o prefeito da cidade de Manta, Agustín Intriago, já havia sido assassinado. Finalmente, em 14 agosto, foi a vez de Pedro Briones, um dirigente do partido do ex-presidente Rafael Correa, ser vítima de assassinato.
Os candidatos
Concorreram neste domingo oito candidatos, entre veteranos políticos e empresários.
Além de Christian Zurita, também concorreram o ambientalista Yaku Pérez; a ex-deputada 'correísta' Luisa González; o o ex-legionário franco-equatoriano e empresário da área de segurança Jan Topic; o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner; o político empresário Xavier Hervas; o empresário e ex-deputado Daniel Noboa; e o independente Bolívar Armijos.
A luta contra o crime esteve no centro das promessas dos candidatos que almejavam a suceder o atual presidente, o conservador Guillermo Lasso, que desistiu de concorrer à reeleição.
Em maio, Lasso decretou a dissolução do Congresso do país por meio de um mecanismo institucional chamado "morte cruzada", um dia depois de apresentar sua defesa em um processo de impeachment contra ele no Legislativo, controlado pela oposição. Com a medida, Lasso também anunciou eleições gerais antecipadas.
Violência fora de controle
As eleições, foram dominadas pelo "anticorreismo" e pela frustração, especialmente com a violência.
O Equador encerrou 2022 com a maior taxa de mortes violentas de sua história, registrando 25,32 por 100 mil habitantes, a grande maioria associada, segundo o governo, ao crime organizado e ao narcotráfico, que ganhou força no litoral e transformou os portos em grandes polos de distribuição de cocaína para Europa e América do Norte.
O país também vem enfrentando problemas desde a pandemia de covid-19, que mergulhou o país em uma profunda crise econômica. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Inec), atualmente o nível de pobreza ainda está acima do nível pré-pandêmico, com um em cada quatro equatorianos vivendo nessa situação.
Tudo isso também alimenta a violência, que também tem sido amplamente impulsionada pelo tráfico de drogas. Nos últimos anos, os homicídios quintuplicaram, as prisões se tornaram palco de guerras de gangues e, segundo a ONU, este ano o Equador ultrapassou a Colômbia como principal exportador de cocaína, apesar de os colombianos continuarem sendo os principais produtores.
A cooptação do sistema, os vínculos entre a máfia e a política e os assassinatos de candidatos presidenciais tornaram inevitável a comparação da situação do Equador com a da Colômbia na década de 1980.
rc (ots, EFE)Caminho político
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