No estampido do estouro da boiada, se perde a razão, se age no instinto e a única resposta é a de que não tem jeito. Não há teto para o fim da corrida, não importa a direção. O que domina a cabeça dos envolvidos é a sensação de paralisia e de impotência. Conduzida muitas vezes por oportunistas de plantão, a velocidade dos acontecimentos se multiplica e ganha a cada análise, novos fatores que contribuem para a potencialização dos fatos. O efeito “manada” que assistimos na queda dos preços do boi, neste momento, tem explicação lógica, já que não se discute a lei da oferta e procura, o que não se explica é o atual excesso de oferta, quando todos os analistas previam um vácuo entre o boi de pasto e o segundo “tombo” do confinamento. Se havia relativa estabilidade de mercado em um momento, vivemos inversões enormes em momentos subsequentes. Deixando indústria e produtores à mercê de intempéries de um mercado desgovernado.
Iniciamos o ano com boas perspectivas de um mercado estável e em crescimento orgânico. Em um segundo momento, com paralisação de um mercado na exportação, tivemos boi em baixa e carne estabilizada em alta. Alternamos o movimento uma terceira vez, com a reabertura do mercado e boi em alta e carne em baixa. Já em um quarto momento, boi em baixa com carne estabilizada.
Para um quinto e atual momento com baixa no boi e na carne. Neste movimento não há contradição, o que não se esperava é que fosse tão acentuada a baixa, porque a velocidade desta baixa deixa a impressão de que não exista chão, já que os números caíram muito a baixo dos custos e de qualquer aposta por mais pessimista que fosse.
Não se aperta a “barrigueira” cavalgando, o que urge é uma ou duas semanas de estabilidade para que as cabeças pensem e que se retome as rédeas deste mercado revolto e instável.
O produtor trabalhando abaixo dos seus custos não será produtor, quando as ofertas se forem e o mercado estiver demandando.
Paulo Bellincanta é presidente do Sindifrigo em Mato Grosso
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