O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirma que "confusões e gritarias" não resolvem o problema, dois dias depois de os profissionais marcharem pelo pagamento de horas extraordinárias em Maputo. "Gostaria de pedir, mais uma vez, a sua maior ponderação. Em momentos difíceis e emocionais há que sempre optar pelo diálogo laboral, temos de fazer valer a nossa posição profissional, de educadores e com capacidades de falar, sem que esta postura que estou a sugerir signifique permitir injustiças no seio dos professores", disse o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, esta quarta-feira (31.01), durante a cerimónia de abertura do ano letivo 2024, no distrito de Dondo, em Sofala, centro de Moçambique.
O arranque do ano letivo ocorre num momento em que se multiplicam manifestações de professores, que reclamam o pagamento de horas extraordinárias e melhores condições de trabalho, ameaçando não assumir turmas extras neste ano.
Os professores também querem que o Executivo crie condições para acabar com a sobrelotação das salas de aulas, ameaçando impedir que mais de 50 alunos entrem numa única turma, como é frequente no país.
Nyusi alerta contra "confusões e gritarias"
Na segunda-feira, dezenas de professores dos ensinos primário e secundário marcharam na cidade de Maputo exigindo uma solução para o problema, depois de, em princípios deste mês, um outro grupo dos profissionais ter realizado uma marcha na cidade da Matola, queixando-se dos mesmos problemas.
Para o Presidente de Moçambique, "confusões e gritarias" não vão "de nenhuma forma" resolver a situação dos professores, apelando, por isso, ao diálogo e bom senso por parte dos profissionais."O diálogo, a ponderação irá evitar a descontinuidade do processo de aprendizagem devido a constantes ameaças de paralisação de aulas", disse Filipe Nyusi, agradecendo a "postura profissional que tem sido demonstrada pelos professores", não obstante as manifestações realizadas.
Ensino inclusivo
A abertura do ano letivo foi feita no posto administrativo de Mafambisse, coincidindo com a inauguração da maior escola secundária de Moçambique, um projeto financiado na totalidade pela fundação de princípios budistas Tzu Chi e que está orçado em cerca de 11 milhões de euros.
Na ocasião, Filipe Nyusi avançou ainda que, no âmbito da inclusão do total de 215.710 pessoas com deficiência no país, 106.479 estão no sistema educativo, além de se estar também a introduzir a língua de sinais na educação dos moçambicanos.
"Não é fácil porque é um ensino um pouco mais caro relativamente ao outro, mas o importante é que não pode ser abandonado, portanto, já estamos na metade desta camada", disse o chefe de Estado.Filipe Nyusi disse ainda que o país conta com 2.894 escolas que usam a modalidade bilingue no processo de ensino, beneficiando um total de 886.998 alunos em Moçambique.
"Apesar dos sucessos registados ainda há muito por fazer no setor da educação e queremos fazer mais", concluiu Nyusi.
Falta de professores
Há uma semana, o Ministério da Educação de Moçambique admitiu que tem um défice de 10 mil professores de um total de 12 mil que deviam ser contratados neste ano letivo.
O Executivo prevê contratar apenas 2.803 professores, sendo prioritários os de matemática, química e física, para reforçar os cerca de 170 mil professores no ativo.
Há também planos de inaugurar 10 novas escolas, tendo sido ampliadas outras 77, através do aumento do número de salas, nas províncias da Zambézia, Sofala e Tete, no centro, Cabo Delgado, Nampula, no norte de Moçambique, e em Inhambane e Maputo, no sul do país, segundo o Ministério da Educação.
Assessoria/Caminho Político
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