Chamado de "último ditador da Europa", líder de Belarus divulga intenção de concorrer à reeleição durante dia de votação parlamentar no país. Oposição convocou boicote ao pleito, tido como manipulado. O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse que concorrerá novamente às eleições presidenciais em 2025, informou neste domingo (25/02) a agência de notícias estatal do país, BeITA. "Diga a eles (a oposição exilada) que eu vou concorrer", afirmou Lukashenko a jornalistas em uma seção eleitoral após votar nas eleições parlamentares e municipais do país. "Nenhum presidente responsável abandonaria seu povo que o seguiu na batalha", acrescentou. O chefe de Estado, de 69 anos, governa Belarus há quase 30 anos, sendo por isso chamado de "o último ditador da Europa".
A eleição deste domingo é a primeira desde a contenciosa votação presidencial de 2020 que deu a Lukashenko seu sexto mandato. O resultado foi contestado pela oposição do país e desencadeou meses de protestos furiosos contra o governo.
Totalmente dependente de Putin
Durante a repressão brutal que se seguiu, mais de 35 mil pessoas foram presas, milhares foram espancadas sob custódia policial e centenas de meios de comunicação independentes foram fechados.
Ativistas de direitos humanos afirmam que mais de 1.400 prisioneiros políticos permanecem na cadeia.
A União Europeia (UE) não reconhece mais Lukashenko como chefe de Estado.
O aliado mais próximo de Belarus é a Rússia, e Lukashenko é considerado totalmente dependente de Moscou e do presidente russo, Vladimir Putin.
Eleição parlamentar deve consolidar poder de Lukashenko
As urnas foram abertas neste domingo às 8h (hora local), para os eleitores elegerem 110 membros do Parlamento nacional e cerca de 12 mil representantes de assembleias locais.
A maioria dos candidatos pertence aos quatro partidos oficialmente registrados: Belaya Rus, o Partido Comunista, o Partido Liberal Democrático e o Partido do Trabalho e da Justiça.
Todos esses partidos apoiam as políticas de Lukashenko. Cerca de uma dúzia de siglas de oposição tiveram o registro negado no ano passado.
Mais de 40% dos eleitores votaram durante a votação antecipada, que ocorreu de terça-feira a sábado, de acordo com as autoridades eleitorais.
A participação foi de 43,64% na manhã de domingo, informou a Comissão Eleitoral Central de Belarus.
Oposição pediu boicote
As eleições são amplamente consideradas como manipuladas, e as autoridades não convidaram observadores eleitorais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Desde 1995, nenhuma eleição em Belarus foi reconhecida como livre e justa pela OSCE.
De acordo com os observadores, Lukashenko quer usar a votação principalmente para mostrar que está no controle total após os protestos de três anos e meio atrás.
A líder da oposição belarussa, Svetlana Tikhanovskaya, que fugiu para o exterior, enfatizou na quinta-feira que as eleições não têm nada a ver com democracia. "É uma farsa, é um show, é um circo, mas não é uma escolha", disse ela, convocando um boicote ao pleito.
md (AP, dpa, Reuters)Caminho Político
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