Entenda.: A filha de Luana Piovani, Liz, foi diagnosticada com parvovirose humana (ou eritema infeccioso), infecção viral causada pelo parvovírus B19, depois de outros dois colegas de turma estarem com sintomas da doença. Conhecida popularmente também como a "doença da fácies em bofetada", ela apresenta sintomas parecidos com resfriado ou gripe, no entanto, sua principal característica são as manchas avermelhadas (exantema) nas bochechas e, posteriormente, no corpo. O diagnóstico foi compartilhado pela atriz nas suas redes sociais.O eritema infeccioso acomete principalmente crianças na faixa etária escolar, mas também pode infectar adultos e gestantes. É também chamada de quinta doença. A transmissão é através de gotículas do aparelho respiratório e por saliva. Essas gotículas, ricas em vírus, entram no corpo da criança, através das vias respiratórias, e após um período de incubação, que varia de uma, duas até três semanas, começam os sintomas.
A pessoa infectada começa a apresentar febre, coriza, náusea, diarréia e vômitos. Importante ressaltar que os indivíduos, mesmo sem sintomas, também podem estar transmitindo.
Em dois a cinco dias, após o início dos sintomas, surge então o exantema, a vermelhidão nas bochechas. Por isso que é também chamada de ‘fácies de bofetada’ porque parece que a criança tomou dois bofetes nas bochechas.
Nos dias seguintes, o exantema vai evoluindo, aparecendo no tronco e membros, tornando mais reticulado, entremeado de pele normal e pele vermelhinha. Pode acometer as palmas das mãos e as plantas dos pés. Já em adultos, os sintomas se confundem com os mesmos da rubéola. Dá muita artralgia, que é a dor nas articulações. Em pacientes imunodeprimidos, pode haver uma dificuldade de ter uma resposta imune e eliminar estes vírus e com isto, pode apresentar reativações.
Em geral, em alguns dias a semanas todos os sintomas desaparecem, entretanto alguns pacientes podem ter reativações. Essas reativações ocorrem com estímulos específicos como exposição à luz solar, exercício físico e estresse emocional. Nestes casos, o exantema volta a aparecer.
O hemograma desses indivíduos pode apresentar alterações também como baixa dos leucócitos e das plaquetas.
Este vírus tem um tropismo especial pelas células do sangue, as hemácias, por isso, os pacientes podem apresentar anemia crônica.
Hidropsia fetal
A hidropsia fetal é uma condição de acúmulo de líquidos em dois ou mais tecidos ou órgãos do bebê durante a gestação. Ela causa inchaço cutâneo, derrame pleural (água nos pulmões), derrame pericárdico (água no coração) e ascite (água na barriga). É uma doença muito grave, com tratamento difícil e pode levar à morte do bebê no início de vida ou levar ao aborto espontâneo, quando no início da gestação. Uma das principais causas da hidropsia fetal é a infecção durante a gravidez pelo parvovírus. Nestes casos, a hidropsia fetal ocorre pela anemia intensa que leva à insuficiência cardíaca no feto.
Às vezes, é preciso até trocar o sangue do feto ainda dentro do útero. Portanto, na gestante e no imunodeprimido, a parvovirose humana pode dar um quadro mais grave.
Diagnóstico e tratamento
Com relação ao diagnóstico, como toda doença viral, o diagnóstico pode ser feito através da sorologia, então colhe-se sangue, e faz sorologia, IgG e IgM para a pesquisa de anticorpos contra esse vírus.
A presença do anticorpo IgM atesta uma infecção aguda e o IgG indica uma infecção com pouco mais de tempo de duração. Além disso, pode ser feito também a pesquisa do DNA viral, através de técnicas moleculares de PCR. Isso é bastante importante e pode ajudar muito no diagnóstico.
Já sobre o tratamento, não existe um remédio específico para a infecção, logo, os medicamentos são para melhorar os sintomas.
É uma doença que não melhora tão rápido. Pode levar alguns dias até semanas, meses ou às vezes até anos, especialmente no paciente imunodeprimido.
Na criança, ela fica boa, mas ao ir para o sol, ter estresse ou até mesmo praticar atividades físicas, ela pode voltar a ter as manchinhas vermelhas no corpo.
Por isso, é importante nunca levar crianças com febre para a escola, pois, por ser um vírus transmitido pelo ar, a transmissão é fácil e outras crianças podem pegar, como aconteceu com a filha da Luana Piovani.
Dra. Natasha Slhessarenko é pediatra e patologista, representa Mato Grosso no CFM, é docente da UFMT, fundadora da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde e é Diretora Médica de Análises Clínicas do Laboratório Alta (desde 2018)
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