Depois da catástrofe climática, estado teve a primeira morte pela doença, transmitida principalmente pelo contato com água ou lama contaminada com a urina de roedores. Saúde confirma 19 casos e monitora 304 suspeitos. Pouco mais de três semanas depois do início das chuvas que inundaram o Rio Grande do Sul, o estado registrou duas mortes por leptospirose, doença infecciosa geralmente transmitida pela urina de ratos. A causa da morte da primeira vítima, um homem de 67 anos do município de Travesseiro, no Vale do Taquari (uma das áreas severamente atingidas pelas enchentes), foi confirmada nesta segunda-feira (20/05), três dias depois de ele vir a óbito e oito dias após o registro dos primeiros sintomas, informaram as autoridades gaúchas.
Na terça, a Prefeitura de Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, confirmou a segunda vítima: um homem de 33 anos, também morto em 17 de maio.
Nas últimas semanas, 19 casos da doença foram confirmados pela Secretaria de Saúde do RS, e outros 304 estão em análise.
Embora a leptospirose seja considerada endêmica no estado – ou seja, em circulação sistemática no ambiente –, episódios como alagamentos aumentam o risco de infecção.
Antes da catástrofe climática que arrasou o estado, dados do Ministério da Saúde contabilizavam, no período de 1º de janeiro até 17 de abril deste ano, 129 casos da doença e seis mortes. Em 2023, foram 477 casos e 25 mortes.
O que é a leptospirose e como ela é transmitida
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela Leptospira interrogans. Ela é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente roedores.
Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. A bactéria presente na água penetra o corpo humano pela pele ou mucosa.
Bovinos, suínos e cães também podem adoecer e transmitir a leptospirose aos humanos.
Embora na maioria das vezes a leptospirose seja assintomática, o quadro da doença pode evoluir e causar até mesmo a falência de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, a doença apresenta uma letalidade média de 9%.
Quais são os sintomas da doença e o que fazer em caso de suspeita
Os principais sintomas da leptospirose são: febre, dores musculares (principalmente na panturrilha), dor de cabeça, fraqueza, calafrios, vômito e diarreia. Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos). Infectados também podem apresentar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.
Os sintomas surgem normalmente de cinco a 14 dias após a contaminação – ou, eventualmente, em até 30 dias.Diante do alto risco de contágio em função das enchentes, a orientação das autoridades gaúchas é buscar atendimento médico imediato já nos primeiros sintomas e relatar se teve contato com alagamentos. Casos suspeitos em áreas que foram alagadas devem iniciar tratamento imediato com antibióticos mediante supervisão médica e, se possível, realizar um exame a partir do sétimo dia do início dos sintomas para confirmar se, de fato, trata-se de leptospirose.
Como é o tratamento
A infecção é tratada com antibióticos, cuja eficácia costuma ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Para os casos leves, o atendimento é ambulatorial. Nos casos graves, segundo a Secretária de Saúde do RS, a hospitalização deve ser imediata, para evitar complicações e diminuir o risco de morte. Pacientes não devem se medicar por conta própria, sem a supervisão de um profissional de saúde.
Como se prevenir
Nos locais que tenham sido invadidos por água de chuva, recomenda-se fazer a desinfecção do ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água. Durante a limpeza e desinfecção de locais onde houve inundação recente, deve-se também proteger pés e mãos do contato com a água ou lama contaminadas. A luz solar também ajuda a matar a bactéria.
Outras medidas ajudam a evitar a presença de roedores: manter os alimentos guardados em recipientes bem fechados e a cozinha limpa, sem restos de alimentos; retirar as sobras de alimentos ou ração de animais domésticos antes do anoitecer; manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos e lixo nos quintais.
ra/le (ots)Caminho Político
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