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terça-feira, 19 de novembro de 2024

'PLJ.DOCX': Plano de matar Lula, Alckmin e Moraes foi impresso no Palácio do Planalto

Polícia Federal concluiu que estrutura oficial do governo foi usada por general Mário Fernandes em 6 de dezembro de 2022 na produção do documento. A Polícia Federal (PF) concluiu que o plano de sequestrar e matar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSD) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi impresso no Palácio do Planalto.
A estrutura oficial do governo federal foi usada na produção do documento "Punhal Verde e Amarelo" pelo então secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência de Jair Bolsonaro, o general da reserva Mário Fernandes. Ele ocupava o cargo número 2 da pasta.
De acordo com os investigadores, o arquivo inicial nomeado de “Fox_2017.docx”, contendo o planejamento operacional do plano, foi criado às 9h23 do dia 9 de novembro de 2022 e modificado às 17h05.
Os registros de impressão do Palácio do Planalto mostraram que o usuário “mariof”, pertencente a Mário Fernandes, imprimiu o arquivo de três páginas nomeado de “Microsoft Word - Plj.docx” quatro minutos depois, às 17h09.
A sigla "Plj" é uma abreviação de "planejamento", a primeira palavra do título do documento “Fox_2017.docx”. O documento que a PF identfiica como “Punhal Verde Amarelo” foi impresso na impressora localizada no gabinete da Secretaria-Geral.
Após imprimir o documento no Palácio do Planalto, o general registrou entrada no Palácio da Alvorada às 17h48, apenas 40 minutos depois da impressão. O local é a residência oficial da Presidência da República, onde morava Bolsonaro.
Mudança nos arquivos
A mudança no nome do arquivo antes da impressão faz parte de um padrão identificado pela PF nos arquivos do general. Ele costumava nomear arquivos confidenciais com o modelo e ano de fabricação de seus veículos, como "Fox_2017", "Ranger_2014", e "BMW_2019".
Antes de imprimir esses arquivos, ele os renomeava para nomes menos suspeitos, a fim de ocultar a autoria. “s arquivos de conteúdo sensível foram armazenados em uma pasta denominada “ZZZZ_Em Andamento” fato que indica que as ações estavam acontecendo”, diz a PF.
Impressão posterior
No dia 6 de dezembro, às 18h09, o documento "Plj.docx" foi impresso novamente no Palácio do Planalto. Nesse mesmo horário, os celulares de Mauro Cid e Rafael Martins de Oliveira, ambos apontados como participantes do plano, estavam conectados às antenas que cobrem o Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro também estava no local nesse momento.
Entenda
A operação deflagrada nesta terça-feira pela PF foi chamada de Contragolpe. Agentes descobriram o planejamento para um suposto atentado contra o Estado e plano de assassinato de autoridades.
Foram presos de forma preventiva quatro militares do Exército com formação em Forças Especiais. Conhecidos como “kids pretos”, eles são treinados para operações sigilosas e que exigem alto desempenho.
Foram presos preventivamente os seguintes integrantes dos “kids pretos”:
Mário Fernandes
General reformado, foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro. Após deixar o governo, assumiu, entre 2023 e o início de 2024, um cargo na liderança do PL na Câmara dos Deputados, lotado como assessor de Pazuello, com um salário de R$ 15,6 mil.
Foi desligado da função em 4 de março deste ano, após o ministro Alexandre de Moraes determinar seu afastamento das funções públicas. Quando foi chamado a depor pela PF em 22 de fevereiro de 2024, Mário Fernandes, contudo, optou por ficar em silêncio, alegando não ter tido acesso ao inteiro teor dos conteúdos da investigação e, em especial, à delação do tenente-coronel Mauro Cid.
Hélio Ferreira Lima
Ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, foi destituído de sua posição em fevereiro de 2024, durante investigações sobre planos antidemocráticos. Quando convocado a depor à PF sobre sua ligação com o suposto atentado, optou por permanecer em silêncio. Com formação em Operações Especiais, integra o grupo de elite do Exército conhecido como "kids pretos".
Rafael Martins de Oliveira
Major das Forças Especiais, é acusado de negociar com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o financiamento de R$ 100 mil para levar manifestantes a Brasília, como parte de um suposto plano contra o Estado. Em mensagens de novembro de 2022, ele discutiu custos de logística com Cid, incluindo hospedagem e alimentação para grupos vindos do Rio de Janeiro.
Rafael foi preso pela PF em fevereiro de 2024 durante investigações sobre sua participação na organização de movimentos antidemocráticos. Ele havia sido solto e usava tornozeleira eletrônica.
Rodrigo Bezerra de Azevedo
Considerado um militar altamente qualificado, é doutorando em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) e tem especialização em operações de guerra não convencional. Formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 2003, serviu como instrutor no Western Hemisphere Institute for Security Cooperation, nos EUA.
O militar participou de missões no exterior, como na Costa do Marfim. Comandou a Companhia de Comando do Comando Militar da Amazônia e tem expertise acadêmica em terrorismo e relações internacionais. Ele também integra o grupo "kids pretos".
O quinto alvo da operação é o policial federal Wladimir Matos Soares. “As investigações apontam que a organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022. Os investigados são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE)”, disse a PF.
Hédio Ferreira Júnior/Caminho Político
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