A reportagem explicou à prefeita que a proposta era conhecer mais sobre sua trajetória, mas abordar também questões políticas. “Está tudo bem, pode me sabatinar”, brincou ela. Com décadas atuando no meio, não poderia ser diferente. Marília extrapola as definições de um cargo público. Engloba também a capacidade de dialogar com diferentes campos, o engajamento com questões sociais e a consciência de seu papel na sociedade. Mas, por trás da prefeita, há também uma esposa, mãe, avó, filha e cidadã de Contagem.
Vivendo no município há mais de 30 anos, Marília vivencia Contagem como qualquer outro morador: frequenta a feira, faz caminhada e vai ao cinema. Com 12 anos de comando na prefeitura – e mais quatro ainda por vir –, ao ser questionada sobre o que ainda pretende fazer para contribuir para a cidade, a primeira resposta é em relação à mobilidade. “As estações e os terminais são fundamentais para melhorarmos o transporte coletivo e também o trânsito em Contagem”.
Em seguida, a prefeita cita a saúde como outro compromisso de seu governo. Na avaliação de Marília, a cidade precisa avançar em relação às consultas especializadas e procedimentos eletivos. Por fim, ela também fala da proposta de deixar o município mais verde e mais sustentável. “Para isso, estamos com o plano ousado para transformar Contagem em uma cidade com mais árvores, mais agradável e em condições de destaque no cenário estadual e nacional”.
A relação de Marília com Contagem se refletiu na própria escolha do local para conceder a entrevista a O TEMPO: o Parque Municipal Gentil Diniz. Como lembra a prefeita, o espaço tem um casarão com mais de 100 anos e, além da riqueza patrimonial, conta também com uma riqueza ambiental, tendo, por exemplo, dezenas de pés de jabuticaba.
A fruta tem um simbolismo na história de Contagem, sendo que a jabuticabeira figura no brasão da cidade. O parque tem mais de 80 árvores do tipo. Até meados da década de 1990, alugar um pé de jabuticaba era hábito comum entre os contagenses e visitantes, sendo que o Gentil Diniz era um dos espaços usados para essa atividade.
Atuação política de Marília começou com a militância
Nascida em 1961 em Ouro Branco, na região Central de Minas, Marília Campos morou em diferentes cidades do Estado por causa da profissão de seu pai, Sebastião Campos, que atuava como gerente de banco. Capinópolis, Araguari e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, estão na lista.
A vinda para a região metropolitana de Belo Horizonte ocorreu na década de 1980, quando ela conheceu seu marido, José Prata de Araújo. Eles se apaixonaram, se casaram e tiveram a primeira filha – Natália. Inicialmente, a família morava na capital, mas se mudou para Contagem logo depois do nascimento da primogênita. Depois de Natália, vieram outros dois filhos, Pedro e Vinícius, e uma neta.
“É o lugar que me acolheu, acolheu a minha família. Eu criei meus filhos aqui, estudaram aqui, e minha vida política, de representação político-partidária, teve início em Contagem. Então, é a cidade que eu tenho gratidão e um carinho todo especial”, ressalta.
Antes de se mudar para a Grande BH e concorrer a um cargo político, Marília já atuava na militância quando ainda residia em Uberlândia. Na época, foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores – ao qual é filiada até os dias atuais – e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na região.
Bancária, ela também atuava no sindicalismo e chegou a assumir a presidência da categoria da capital posteriormente.
Foi na representação política, inclusive, que conheceu o marido, que também atuava como sindicalista. Questionada sobre a relação com Prata, também uma figura de influência política, Marília conta que, como escritor e especialista da área de previdência social, ele a auxiliou em sua formação política e ideológica.
Primeira candidatura foi em 1996, e a 1ª vitória, em 2000
A primeira vez em que Marília Campos disputou a prefeitura de Contagem foi em 1996. Mas ficou em terceiro lugar na corrida. Dois anos depois, tentou se eleger deputada estadual e, novamente, perdeu. A primeira vitória veio em 2000, quando se tornou vereadora do município. Quatro anos depois, Marília Campos foi eleita prefeita de Contagem e, em 2008, reeleita.
“Eu diria que inauguramos um estilo novo na disputa eleitoral, porque eu fui em cada rua dessa cidade com um Jeep, porque na época não tinha muitos recursos, andava muito de casa em casa, fazendo reuniões nos bairros”, relembra a prefeita.
Marília se elegeu deputada estadual em 2014 e em 2018. Em 2020, se candidatou novamente à Prefeitura de Contagem e venceu. Em 2024, se reelegeu pela segunda vez.
Leticya Bernadete/Caminho Político
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