Há 47 anos, exatamente no dia 5 de março de 1978, o São Paulo sagrou-se campeão brasileiro pela primeira vez, levando para o MorumBIS o troféu relativo ao ano de 1977. Foi uma jornada árdua, onde o time deixou o posto de azarão do torneio para assentar-se no degrau mais alto do pódio, superando cada favorito do momento, um adversário bicampeão brasileiro e um rival de melhor campanha, na casa dele, em jogo único, nos pênaltis, após começar errando as duas primeiras cobranças! Foi a definição exata da alcunha que o Tricolor carrega desde que foi reorganizado, em 1935: O Clube da Fé. A competição foi longa, apesar de começar tardiamente (em outubro de 1977). Não necessariamente pelo número de jogos, mas pelas fases e mais fases para se decidir o título. Na primeira etapa, o São Paulo se classificou em segundo lugar, com dezoito pontos, em um grupo de dez times (ficou dois pontos atrás do Palmeiras). Na fase seguinte, novamente se classificou no segundo posto, com sete pontos ganhos (desta vez atrás do Corinthians, também com dois pontos de diferença) mas com uma sonora goleada no então bicampeão e favorito Internacional: 4 a 1 em Porto Alegre – dois gols de Serginho, um de Zé Sérgio e um de Teodoro.
Na terceira fase, a vaga para a semifinal foi conquistada com o primeiro lugar do grupo, 11 pontos, quatro a mais que o segundo lugar, Grêmio: uma boa campanha de três vitórias, um empate e somente uma derrota – para o Botafogo de Ribeirão Preto, 0 x 1. Naquela partida, revoltado por ter um gol seu anulado, Serginho deu um pontapé no bandeirinha. Julgado e punido, o atacante foi suspenso, mas ainda passaria por uma situação inusitada na decisão do campeonato.
Então, nas semifinais, um confronto inesperado: Operário de Campo Grande, que havia deixado para trás o Santa Cruz, Remo e Palmeiras. A primeira partida da série ida e volta foi em um MorumBIS lotado (recorde de público do São Paulo até hoje em jogos pelo Campeonato Brasileiro: 109.584 pessoas), pressão e jogo apertado até os 32 minutos do segundo tempo, quando Serginho inaugurou o placar. A porteira se abriu e a partida encerrou-se com 3 a 0 a favor do Tricolor (Neca e Serginho, novamente, completaram o placar).
Com a boa vantagem acumulada, a derrota fora de casa por 1 a 0 no jogo de volta não atrapalhou. Era a hora da grande final… Mas antes, o oponente dessa decisão viria do vencedor de Londrina (que antes eliminara Vasco da Gama, Corinthians, Santos e Flamengo) e Atlético Mineiro (que por sua vez superou Botafogo, Bahia e Cruzeiro). Invicto, o time de Minas Gerais não encontrou dificuldades para derrubar a surpresa da competição, após uma vitória por 4 a 2 e um empate em 2 a 2.
Desta maneira. São Paulo e Atlético Mineiro decidiram o Brasileirão de 1977. O Galo lutou pelo título atuando em casa, em um jogo único, pelo fato de ter acumulada a melhor campanha em todas as fases anteriores do torneio (20 jogos, 17 vitórias, 3 empates). O Tricolor chegou à final com um cartel mais modesto, mas ainda de respeito (13 vitórias, 3 empates, 4 derrotas). O grande trunfo são-paulino, contudo, era a defesa. Com apenas 15 gols sofridos, ela era ligeiramente melhor que a do adversário (16).
Apesar da desvantagem, os tricolores estavam confiantes pela inédita conquista, tanto que viajaram, em peso, para Belo Horizonte a fim de apoiar o São Paulo de perto, na noite que poderia ser histórica: 50 ônibus repletos de fé.
Os dois mil são-paulinos, contudo, estavam diante de mais de 100 mil atleticanos em um Mineirão em ebulição (com público pagante de 102.974 pessoas – menos que no MorumBIS, na rodada anterior).
O clima nos bastidores era tenso. Se o São Paulo não teria Serginho, suspenso pelo STJD depois da semifinal, pelo ataque ao bandeirinha do jogo contra o Botinha, o Atlético não teria também Reinaldo, suspenso pelo colegiado por expulsão contra o Fast de Manaus. A guerra psicológica foi adotada por ambos os lados e ameaças de efeitos suspensivos eram as pautas do dia.
Rubens Minelli – também impedido de exercer normalmente as funções dele desde o segundo jogo da semifinal (teve que passar instruções via rádio para o auxiliar Mário Juliato, no banco) -, então ousou, mandou que, de última hora, Serginho fosse à Belo Horizonte para ser integrado ao restante do grupo e que aparecesse no vestiário paramentado com o uniforme de jogo. Foi aquele alvoroço! A imprensa achou que o Tricolor havia de fato conseguido o efeito suspensivo.
Desconcentrados pelo diz-que-me-diz dos corredores, os mineiros subiram ao campo e foram surpreendidos pela melhor postura dos jogadores do São Paulo, que tiveram as melhores chances de gol durante o jogo: Viana acertou o travessão durante o tempo regulamentar e o zagueiro Márcio salvou em cima da linha um cabeceio de Chicão, na prorrogação.
Como o placar não foi alterado no tempo regulamentar, a decisão seria então sob a pressão dos pênaltis. O primeiro a bater foi o tricolor Getúlio, ex-jogador do Atlético. Resoluto, correu devagar, tocou forte na bola, mas veio a defesa de João Leite. A decisão não começou bem para o São Paulo…
Foi a vez, então, de Toninho Cerezo bater, apoiado por mais de cem mil vozes aos gritos de “Galô, Galô, Galô”. Chutou, chutou alto, acima de Waldir Peres, acima do travessão: para fora! A esperança tricolor de sair à frente agora estava na cobrança de Chicão, o capitão do time, o “Deus da Raça” são-paulino. Chicão correu e… escorregou. João Leite defendeu.
O título parecia escapar por entre os dedos… Ziza colocou o time de Minas à frente. Peres depois empatou, 1 a 1. Alves recolocou, na sequência o Atlético na liderança.
Antenor acertou o gol para o Tricolor. Se Joãozinho Paulista marcasse a cobrança seria muito difícil para o São Paulo recuperar. Waldir Peres então se destacou, herói, quando o adversário ajeitava a bola para a cobrança: deixou sua meta e foi ter-se com ele, tirou a bola do lugar e o provocou. Pressionado, Joãozinho mandou a bola nas alturas e manteve o empate…
Bezerra, são-paulino, marcou o seu. Que virada! Que reviravolta na decisão. Agora Márcio, aquele que salvara o galo durante a partida, teria a responsabilidade de manter o Atlético vivo na disputa. Waldir Peres então pegou pesado: deu um tapinha nas nádegas do zagueiro como se o eximisse da responsabilidade – o que obviamente teve o efeito contrário. Cobrança executada e… Novamente, bola lá em cima, fora do gol!
Assessoria/Caminho Político
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