A intensificação das mudanças climáticas pode aumentar significativamente o risco de transmissão da Doença de Chagas em diversas regiões do Brasil, especialmente na Amazônia. Essa é a principal conclusão de um estudo publicado na revista Medical and Veterinary Entomology, liderado pelo professor Leandro Schlemmer Brasil, do câmpus Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com cientistas da UFPA, Instituto Evandro Chagas, UFRA e Universidade de Bristol (Reino Unido). Utilizando modelagem de nicho ecológico, os pesquisadores analisaram mais de 11 mil registros únicos de ocorrência de 55 espécies de barbeiros, insetos vetores do protozoário Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas. A técnica cruzou dados de ocorrência com variáveis ambientais como clima, vegetação e relevo, gerando projeções de distribuição dos vetores em diferentes cenários até o ano de 2080.
“Essas projeções são um alerta claro. O avanço de vetores para novas áreas pode surpreender sistemas de saúde despreparados, afetando populações que já enfrentam desigualdades e condições precárias de moradia”, afirma o professor Leandro Brasil, autor principal do estudo.
As simulações indicam expansão dos barbeiros para regiões da Amazônia sob cenários climáticos mais extremos, aumentando o risco para áreas com infraestrutura de saúde limitada. A Doença de Chagas afeta cerca de 30% dos infectados com complicações cardíacas e digestivas graves, sendo um problema de saúde pública persistente no Brasil, com fortes impactos sociais e econômicos.
Além de suas descobertas específicas, o estudo fornece um modelo replicável para prever a distribuição de outros vetores de doenças como dengue, leishmaniose e malária, considerando o avanço das mudanças climáticas.
Sobre a doença de Chagas
Conforme dados da página do Ministério da Saúde, a Doença de Chagas, também chamada de tripanossomíase americana, é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, transmitido principalmente por insetos conhecidos como barbeiros. A enfermidade apresenta duas fases: a aguda, com sintomas como febre, inchaço e fraqueza; e a crônica, que pode evoluir de forma silenciosa por anos até causar complicações cardíacas e digestivas graves.
No Brasil, a doença ainda representa um importante problema de saúde pública, especialmente em áreas com habitações precárias. A transmissão ocorre de diferentes formas: vetorial (contato com fezes do barbeiro), oral (ingestão de alimentos contaminados), vertical (de mãe para filho), transfusional e acidental.
O diagnóstico é feito por exames laboratoriais gratuitos pelo SUS e o tratamento, quando indicado, é realizado com medicamentos como benznidazol e nifurtimox, fornecidos pelo Ministério da Saúde.
Luiz Carlos Bezerra/Caminho Político
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