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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Em Moscou, Lula defende relação com Rússia e critica Trump

Presidente brasileiro reuniu-se com Putin após participar do aniversário de 80 anos da vitória do exército soviético sobre a Alemanha nazista. Oposição critica proximidade do petista com o líder russo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (09/05) o estreitamento das relações do Brasil com a Rússia durante um encontro com seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscou.
No evento, o petista procurou contornar críticas à sua visita ao país, isolado por países do Ocidente durante os três anos de incursão militar na Ucrânia, e fez objeções diretas à política tarifária dos EUA.
"Essa minha visita aqui é para estreitar e refazer, com muito mais força, a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, interesses comerciais, interesses culturais, interesses científico-tecnológicos com a Rússia. Por seu lado, a Rússia deve ter muitos interesses com o Brasil", disse Lula durante reunião bilateral com Putin.
Lula foi à Rússia para participar do desfile militar que marcou o 80º aniversário da vitória do exército soviético sobre a Alemanha nazista. O evento foi utilizado por Putin para tentar projetar poder e mostrar que não está isolado da comunidade internacional em meio ao conflito na Ucrânia.
No entanto, o presidente brasileiro foi um dos poucos líderes de países democráticos que acompanharam a cerimônia. Entre os participantes estavam o chinês Xi Jinping, o ditador Nicolás Maduro, e o líder cubano Miguel Díaz-Canel, além de representantes de juntas militares de Myanmar e Burkina Faso.
Entre os países membros da União Europeia, o único representado foi a Eslováquia, cujo primeiro-ministro, Robert Fico, é crítico ao envio de ajuda militar para a Ucrânia.
Críticas a Trump
Ao se reunir com Putin, Lula lamentou o enfraquecimento do multilateralismo, da ONU e do livre comércio desde a sua última visita à Rússia, há 15 anos.
O petista fez críticas diretas à política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que, segundo ele, "enterra" o livre comércio e prejudica o respeito pelas nações livres.
"As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxação de comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, joga por terra a grande ideia do livre comércio, joga por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo e joga por terra muitas vezes o respeito à soberania dos países que nós temos que ter", afirmou.
Ele defendeu as trocas comerciais com a Rússia, parceira nos Brics, como alternativa às medidas unilaterais. "Somos duas grandes nações em continentes opostos, fazemos parte do Sul Global e nós temos a chance de, nesse momento histórico, a gente poder fazer com que a nossa relação comercial possa crescer muito", continuou.
Contudo, também destacou que a balança comercial entre Rússia e Brasil é deficitária para os brasileiros. De janeiro a março de 2025, por exemplo, Brasília exportou 1,4 bilhão de dólares em produtos como soja, carne bovina e café, e importou 10,9 bilhões de dólares em óleos combustíveis de petróleo, adubos e fertilizantes.
Para Putin, as relações entre Rússia e Brasil se fortaleceram devido ao contato pessoal com Lula e "se desenvolvem progressivamente". Ele lembrou que o Brasil se juntou à coligação "anti-Hitler" durante a Segunda Guerra e que as suas unidades participaram em operações militares na Itália.
"Sei que no Brasil, assim como aqui na Rússia, eles honram a memória daqueles acontecimentos e prestam homenagem ao heroísmo dos vencedores", disse o presidente russo.
Oposição contesta visita
Lula está acompanhado da primeira-dama Janja da Silva e por uma comitiva de ministros e autoridades, incluindo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
A presença do grupo na Rússia foi bastante criticada, principalmente pela oposição. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), por exemplo, disse que Lula foi a Moscou "aplaudir as tropas russas que invadiram a Ucrânia" por sua própria iniciativa.
"Represento, no Senado, o Paraná, estado que conta com cerca de 500 mil descendentes de ucranianos. Falo por mim e tenho certeza que também por eles que a conduta de Lula é ofensiva e vergonhosa", escreveu em publicação no X.
Em entrevista à Rádio Eldorado FM, o ex-ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Lafer, avaliou que a viagem não foi uma decisão inteligente. "Significa desconsiderar a prevalência dos direitos humanos” prevista no texto da Constituição brasileira, disse.
O Itamaraty procurou rebater as críticas. Em publicação no Instagram, afirmou que há um "cenário político desafiador" e defendeu que Lula "se coloca à disposição para ajudar em um acordo de paz" em uma perspectiva de "diplomacia ativa".
"Diplomacia ativa"
A proposta de propagar uma diplomacia "ativa e altiva" na relação com Rússia e Ucrânia, chavão usado pela política externa de Lula durante seus primeiros mandatos, vem gerando atritos desde que o petista assumiu o poder em 2023.
A perspectiva do Itamaraty é a de compor canais de diálogo com os dois países de maneira pragmática, apesar do conflito travado em território ucraniano, mas a relação entre Lula e Putin vem irritando os ucranianos.
Em maio de 2023, por exemplo, o presidente afirmou que guerra é uma decisão de dois países, e também responsabilizou a Ucrânia pelo conflito. A declaração gerou reação internacional, incluindo da Casa Branca, então administrada por Joe Biden, que chamou o posicionamento brasileiro de "profundamente problemático".
Em entrevista à revista americana The New Yorker, Lula disse ter telefonado recentemente para Putin e pedido o fim da guerra.
"Eu liguei para o Putin e disse: Putin, acho que é hora de você voltar à política e pôr um fim nisso. O mundo precisa de política, não de guerra. Você faz falta. Não há pessoas suficientes para sentar à mesa e discutir o destino do planeta", disse à revista.
Nos trechos divulgados do encontro mais recente entre Lula e Putin, o petista não citou diretamente a guerra na Ucrânia.
Ucrânia rejeita mediação brasileira
Segundo apuração da CNN, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski rejeitou uma tentativa de contato telefônico de Lula prévia à viagem à Moscou.
Integrantes de seu gabinete falaram à reportagem que o presidente brasileiro não pode mediar discussões de paz devido à sua proximidade de Lula com o Kremlin. Em janeiro, Zelenski já havia afirmado que o Brasil não é mais um "player" neste cenário.
Lula permanece na Rússia até sábado, quando embarca para Pequim, na China, para participar da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
gq/bl (Agência Brasil, Lusa, dw, ots)Caminho Político
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