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domingo, 11 de maio de 2025

O que você gostaria de ter ouvido antes de ser mãe?

Livros, filmes, podcasts, perfis em redes sociais e até stand-up comedy tentam mostrar a dura realidade e as delícias da maternidade. "Olhe no espelho e se despeça de você!". Foi esse o conselho que a jornalista e escritora Manuela D'Ávila, de 43 anos, ouviu de seu médico ao descobrir que estava grávida de Laura, hoje com nove anos. "O que eu gostaria que me dissessem e disseram foi que a maternidade seria uma mudança radical", afirma. "Meu médico alertou: 'Olhe no espelho e se despeça de você!'. Fiz isso. Me preparei [para ser mãe] e acho que tenho me saído bem", avalia.
A escritora e roteirista Tati Bernardi, de 46, não teve a mesma sorte. O que ela gostaria que tivessem dito e não disseram? Bem, que existe depressão na gravidez. "Não tive no pós-parto, mas tive uma horrível na gestação", recorda a mãe de Rita, de sete anos.
"Os hormônios me deixaram maluca. Me sentia uma sociopata por não estar feliz". Mesmo assim, a conclusão a que Tati chegou é parecida com a de Manuela: você deixa de ser a pessoa mais importante do mundo quando engravida. "Não me amo nem metade do que amo minha filha", declara-se Tati.
Manuela D'Ávila e Tati Bernardi decidiram compartilhar com outras mães as dores e as delícias da maternidade. A primeira escreveu um livro: Revolução Laura – Reflexões Sobre Maternidade & Resistência. A segunda criou um podcast: Calcinha Larga, apresentado ao lado de Camila Fremder e Helen Ramos.
Não faltam projetos do tipo. Desde filmes, como A Melhor Mãe do Mundo, de Anna Muylaert, que estreia 1º de junho, até stand-ups, como Da Mama ao Caos!, de Ana Carolina Sauwen, em cartaz no Rio de Janeiro até 28 de maio.
Maternidade sem tabu
Quem arrisca uma explicação para o grande número de iniciativas que se debruçam sobre a maternidade é a jornalista Leonor Macedo, de 42 anos. Ela é mãe do Lucas, de 23 anos, e autora do livro Eneaotil – Mãe É Pra Quem a Gente Pode Contar Tudo Mas Não Conta Nada. "Você já foi em reunião de pais e professores em escola infantil? Então, é insuportável! Todo mundo quer falar hoooras sobre o filho. Escrevi um livro para evitar ser essa mãe. Quem quiser que leia!", cai na risada. "Brincadeiras à parte, acabou sendo uma válvula de escape na minha vida".
Leonor conta que foi mãe muito jovem. Quando Lucas nasceu, tinha acabado de completar 19 anos. "A maternidade não é algo que escolhi, planejei ou quis. Aconteceu. Foi assustador!", confessa. Hoje, procura conversar abertamente com o filho: se ele tem sonhos, a paternidade pode obrigá-lo a adiar esses sonhos. Mais do que isso. Pode obrigá-lo a dormir mal ou pouco à noite ou, ainda, a trabalhar em dobro para pagar as contas.
Maiores temores
Por essas e outras, a atriz Shirley Cruz, de 49 anos, optou por ser mãe mais tarde. Antes de engravidar de Mali, hoje com quase três anos, atuou em filmes e séries. No momento, conta as horas para a estreia de A Melhor Mãe do Mundo, de Anna Muylaert.
No longa, que foi destaque na edição deste ano do Festival de Cinema de Berlim, ela interpreta Gal, uma catadora de material reciclável que foge do marido abusivo. Mãe de duas crianças, Gal transforma a fuga em aventura. "Mãe, a gente vai dormir na rua?", pergunta Rihanna, assustada. "Não, filha, a gente vai acampar na rua!", improvisa Gal, para alegria de Benin.
Shirley é casada com o norueguês Martin Tonholt, que conheceu no Rio de Janeiro em 2014. Além de atriz, é apresentadora da websérie Diário de Uma Mãe na Noruega, que fala, entre outros assuntos, de parto humanizado e licença-maternidade. "Ser mãe na Noruega é muito diferente de ser mãe no Brasil", garante a atriz e apresentadora. "Do que mais tenho medo? Da violência de gênero. Os números no Brasil são assustadores!".
Shirley Cruz não é a única. Manuela D'Ávila admite que o seu primeiro 8 de março, Dia Internacional da Mulher, com Laura ainda criança foi desesperador. Vítima de violência de gênero na política, a ex-candidata a presidente da República em 2018 diz pensar muito em como criar uma filha em um país que odeia tanto as mulheres. Só em 2024, o Brasil registrou 1.450 casos de feminicídio. "Me dei conta de que ela seria uma das pessoas que viveriam a realidade que eu denuncio", afirma D'Ávila.
São muitos os temores enfrentados pelas mães. E não importa se elas são, como dizem por aí, "marinheiras de primeira viagem". A jornalista Juliana Tiraboschi, de 43 anos, é mãe de gêmeos: Francisco e Manuela, de 11. Idealizadora do podcast É A Mãe!, ao lado de Bárbara dos Anjos Lima e Camila Borowsky, conta que, em casa, procura dar uma educação não machista aos filhos.
Entre outras lições, ensina Francisco a respeitar as mulheres e Manuela a ser o que ela quiser. "Se nos deparamos com alguma situação machista em livros, filmes ou séries, sentamos para conversar e tiramos dúvidas. Não fugimos de perguntas difíceis", garante.
"O que não te disseram antes de você ser mãe?"
O que ela gostaria que tivessem dito sobre maternidade e não disseram? Bem, que não há manual, fórmula ou receita. "No início, ficamos inseguras. Não sabemos se o bebê mamou o suficiente, se está dormindo direito ou por que está chorando. Cada um fala uma coisa diferente", queixa-se. Na dúvida, ela chegou a ler o livro A Encantadora de Bebês, da escritora britânica Tracy Hogg. Deu certo? "Não, fiz tudo diferente", ri.
O que não tem graça, pondera a jornalista, é a romantização da maternidade. "A maternidade é tão romantizada que, ainda hoje, causa espanto quando uma mulher diz que não quer ser mãe. Em 2025, esse tipo de escolha deveria ser respeitada".
Parentalidades plurais e preconceito
A escritora Marcela Tiboni, de 42 anos, e a arquiteta Melanie Graille, de 35, tiveram a mesma ideia de Juliana: comprar um livro que, no caso delas, falasse sobre a gestação de um casal de mulheres lésbicas. Em 2017, as duas foram a uma livraria em São Paulo e descobriram que esse livro não existia. No mesmo dia, Marcela sentou-se ao computador e começou a rascunhar as primeiras linhas de sua história de amor com Mel. Em duzentas e poucas páginas, relatou também as descobertas que fizeram sobre fertilização in vitro.
Foi assim que, em outubro de 2018, nasceram os gêmeos Bernardo e Iolanda, hoje com seis anos. E, em junho de 2019, Mama – Um Relato de Maternidade Homoafetiva. "As duas gestações duraram nove meses", brinca a escritora. "Mel gerou o Bê e a Ioiô e eu, o Mama. Quando ele nasceu, trouxe luz para muitas parentalidades pelo Brasil afora".
De lá para cá, Marcela publicou mais dois títulos: Maternidades no Plural: Retratos de Diferentes Formas de Maternar e Desmama: Memórias de Uma Mãe Com Outra Mãe. O quarto está a caminho.
Contando assim, até parece que a maternidade de Marcela e Melanie não teve perrengues. Teve sim, e muitos! Os primeiros ainda no hospital. Para começo de conversa, a diretora proibiu Marcela de amamentar os filhos no recinto hospitalar. Alegou que as crianças já tinham mãe e não precisavam de outra para amamentá-los. Graças à equipe médica, o impasse foi solucionado e Marcela conseguiu amamentar seus bebês.
André Bernardo/Caminho Político
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