Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
Av. André Maggi nº 6, Centro Político Administrativo

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso
X SIMPÓSIO SOBRE DISLEXIA DE MATO GROSSO “TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO”

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Estudo do Dieese revela perdas salariais de quase 20% para servidores de Mato Grosso

Um levantamento apresentado pelo diretor do Dieese, Vitor Pagani, em parceria com a Federação Sindical dos Servidores Públicos de Mato Grosso (FESSP-MT), expôs um cenário preocupante para o funcionalismo estadual: nos últimos oito anos, a defasagem salarial acumulada chega a 18,87% pelo índice INPC/IBGE, e a 19,52% pelo IPCA/IBGE, indicador oficial do governo federal para medir a inflação.
Os números foram apresentados na tarde desta terça-feira (12.08) pela presidenta da FESSP, Carmen Machado, e o diretor do DIEESE, aos deputados da comissão técnica da Assembleia Legislativa, criada para acompanhar as perdas salariais dos servidores públicos de Mato Grosso e que é presidida pela deputada estadual Janaina Riva (MDB).
A análise aponta que, entre 2017 e 2025, a inflação acumulada foi de 57,18% (INPC) e 58,03% (IPCA), enquanto os reajustes salariais concedidos pelo Estado somaram apenas 32,22%. Em vários exercícios, como 2018, 2019 e 2021, o índice da Revisão Geral Anual (RGA) foi zero. Nos demais anos, os percentuais ficaram abaixo da inflação, corroendo gradativamente o poder de compra dos servidores.
“Esse estudo evidencia, com dados técnicos, aquilo que nós já suspeitávamos: o servidor de Mato Grosso está acumulando um prejuízo de quase 20% em cima do seu salário. E esse percentual, pago de uma vez só, não recompensa o que foi perdido ao longo dos anos”, afirmou a deputada.
Segundo ela, o relatório mostra duas frentes urgentes: recompor os percentuais acumulados e ressarcir valores que deixaram de ser pagos ano a ano. “Se eu falo em recompor 20%, não estou sendo justa, porque ao longo dos anos o servidor deixou de receber valores anuais pela falta de atualização. Isso não sana 100% do problema, mas é um começo, especialmente para fazermos agora na Assembleia uma discussão com justificativa e tabela técnica. O Estado precisa parar de dizer que estamos inventando a roda”, completou.
A defasagem começou a se acentuar com a aprovação da Lei Complementar estadual nº 654/2020, que aumentou para 14% a alíquota de contribuição previdenciária de ativos, aposentados e pensionistas. Meses depois, a Lei Complementar federal nº 173/2020 congelou reajustes e benefícios até dezembro de 2021, agravando as perdas.
O relatório também mostra que o Estado manteve folga no limite de gastos com pessoal. No 1º quadrimestre de 2025, o Poder Executivo comprometeu 37,78% da Receita Corrente Líquida com folha de pagamento, bem abaixo do limite de alerta (44,10%) e do prudencial (46,55%) estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso significa que haveria margem para reajustes sem ultrapassar os limites legais, espaço que segundo o Dieese, foi ignorado.
Para Janaina, a ausência de correção inflacionária contribuiu diretamente para o endividamento dos servidores. “O resultado disso tudo foi que eles se endividaram e buscaram empréstimos para manter despesas básicas como escola dos filhos, plano de saúde e alimentação. O salário perdeu um quinto do seu valor de compra, e muitos recorreram a bancos que nem poderiam estar operando, movidos pelo desespero”, destacou.
Outro dado destacado é que, mesmo durante a pandemia, a arrecadação estadual não recuou. Entre 2015 e 2024, a Receita Corrente Líquida cresceu em média 12% ao ano, contra uma expansão de apenas 9% na Despesa Total de Pessoal. Esse controle orçamentário, aliado à ausência de reposição integral da inflação, resultou em perdas salariais históricas para a categoria.
Para a FESSP-MT, os números desmontam o argumento de que não havia recursos para recompor os salários e reforçam a urgência de uma política que garanta o cumprimento da Revisão Geral Anual prevista na Constituição. O Dieese conclui que, ao longo da última década, o governo estadual priorizou o ajuste fiscal em detrimento da valorização do servidor, ampliando as restrições financeiras enfrentadas por milhares de famílias que dependem desses vencimentos.
A deputada defendeu que o tema seja prioridade nas discussões da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que está em análise na Assembleia. “A discussão da LDO é o momento certo para direcionar investimentos e corrigir distorções. O servidor público é peça fundamental no funcionamento do Estado. Quando você investe nele, está investindo em qualidade de atendimento e melhoria dos serviços à população”, afirmou.
Ela lembrou ainda que a proposta da categoria inclui a criação de uma mesa técnica de negociação permanente com o governo para definir o índice de recomposição, evitando arbitrariedades como as ocorridas no passado. “Já tivemos legislação que vinculava o índice, mas o STF declarou inconstitucional. A mesa dá voz ativa ao servidor e traz mais transparência”, concluiu.
Nesta quarta-feira os dados serão apresentados às 14h aos demais deputados, na Assembleia Legislativa.
Assessoria/Caminho Político
📢 Jornalismo profissional e de qualidade. Acompanhe as últimas notícias de Cuiabá, de Mato Grosso, de Brasil e do Mundo.
📲 📰 💻Siga o Caminho Político nas redes sociais 💻
🌐www.caminhopolitico.com.br
🌐www.debatepolitico.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário