Os senadores argentinos derrubaram nesta quinta-feira os vetos de Javier Milei a dois projetos de lei que aumentavam os gastos públicos, em um golpe contra o líder ultraliberal antes das eleições legislativas no final de outubro, que podem definir as chances do governo de dar continuidade à sua agenda de livre mercado. O Senado, controlado pela oposição, derrubou de forma esmagadora os vetos de Milei a dois projetos de lei para aumentar o financiamento das universidades públicas (por 59 votos a favor, 7 contra e 3 abstenções) e para o atendimento à saúde pediátrica (por 58 votos a favor, 7 contra e 4 abstenções).
A decisão foi tomada depois que a Câmara dos Deputados votou em setembro para rejeitar os dois vetos do presidente de direita radical. Com a votação do Senado, o governo agora é obrigado a implementar as regras que tentou impedir.
A sessão legislativa ocorreu em meio a um protesto de trabalhadores universitários e da área de saúde, que foi apoiado por estudantes, sindicatos e partidos de oposição, em um momento difícil para Milei, que enfrenta uma crescente resistência social ao seu plano de austeridade fiscal.
"Os salários estão caindo mês a mês, a cada dia que passa os trabalhadores estão ganhando menos na Argentina e sofrendo mais. Nada está indo bem para o presidente", disse Juliana Di Tullio, senadora do partido peronista de oposição.
Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023, Milei reduziu drasticamente o tamanho do Estado por meio de medidas de austeridade e disse que vetou as regras porque elas poderiam ameaçar o equilíbrio fiscal do país, que ele defende como uma ferramenta para reduzir a inflação.
As eleições legislativas de 26 de outubro são vistas como um referendo sobre a Presidência de Milei, em um contexto de queda de popularidade em meio a um escândalo de corrupção e depois que ele sofreu uma pesada derrota legislativa na província de Buenos Aires em setembro.
Os vetos no Senado e a manifestação desta quinta-feira em defesa da saúde e da educação públicas -- dois bastiões para os argentinos -- podem desgastar ainda mais a imagem de Milei e afetar seu desempenho nas eleições de outubro, onde ele precisa conquistar assentos para reverter a minoria de seu partido no Congresso e avançar com suas reformas liberais.
Na semana passada, Milei recebeu forte apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, que disse que ajudaria a estabilizar os mercados financeiros da Argentina por meio de uma linha de swap cambial.
Trump e Milei se reunirão em Washington em duas semanas para apresentar opções de apoio financeiro ao país, depois que o anúncio trouxe calma ao mercado argentino, dias depois que o banco central teve que fazer a maior venda de moeda em anos para conter o valor da moeda local.
Essa é a terceira vez que o Congresso derruba um veto presidencial, depois de semanas atrás ter revertido outro veto de Milei a uma regra que aumentava o orçamento para o atendimento de deficientes.
Embora o governo tenha promulgado a lei de emergência para deficientes, ele decidiu suspender sua implementação por decreto, alegando que não havia fontes claras de financiamento.
Lucila Sigal e Nicolás Misculin/Caminho Político
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