Estádios de futebol reúnem semanalmente milhares de torcedores apaixonados. Em outro cenário, uma ponte que interliga um município a outro é o canal de contato e tráfego de toda uma população. Estruturas e obras grandes possuem diversos desafios e é preciso trazer soluções inovadoras para que sejam entregues à sociedade com segurança. Por trás de obras como o Estádio Maracanã, a ponte JK, em Brasília, a Arena Pantanal, em Cuiabá e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, há responsáveis técnicos qualificados e renomados que solucionam problemas com tecnologia e agilidade.
Este foi o tema do painel “Por trás de grandes obras: relatos dos responsáveis técnicos” do Auditório Inovação BRB, durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), nesta terça-feira (7). O painel foi mediado pelo presidente do Crea-MG, eng. civ. Marcos Gervásio, e contou com a presença dos engenheiros civis responsáveis por estas incríveis obras. Para receber esses profissionais, o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), eng. telecom. Vinicius Marchese, esteve no auditório e reforçou a importância de trazer engenheiros renomados para compartilhar conhecimento com os profissionais do Sistema Confea/Crea e Mútua. “Aproveitem a experiência e expertise dessas pessoas. São referências de atuação, são obras icônicas da arquitetura e da engenharia. Que esse palco seja um lugar de debate e de conhecimento. Se a gente pensar no Sistema assim, contribuir um pouco para devolver para os outros o que a engenharia nos deu, acho que em pouco tempo construímos um Sistema muito melhor”, disse.
O painel foi dividido em três momentos: perguntas feitas pelo mediador, dúvidas dos profissionais e debate de um tema escolhido pelos palestrantes.
Em um primeiro momento, o presidente do Crea-MG, questionou os desafios e dificuldades do engenheiro civil Cláudio Marques de Souza, responsável pelas obras da Ponte JK e da Arena Pantanal, em Cuiabá.
O projeto da ponte possui o diferencial de arcos que nascem do lago. Segundo o responsável técnico, um dos maiores desafios foi o bloco submerso. À época, o Lago Paranoá possuía duas pontes e essa seria a terceira a ser construída, com 1,2 mil metros. A obra durou cerca de dois anos, com uma altura de 60 metros acima da lâmina de água e 24 metros de largura.“Participar de uma construção dessa realmente demonstra toda a energia que a gente precisa ter para chegar do início ao fim. Tivemos que fazer um bom estudo geológico porque o lago possui grandes falhas, além de cálculos diferentes para cada pilar e mudar toda a logística do canteiro. Utilizamos um guindaste de 350 toneladas para fazer o lançamento dos arcos. A obra teve total segurança e nenhum acidente fatal.”
Sobre a Arena Pantanal, o profissional disse que o maior desafio foi a construção modular, já que o estádio pode ser desmontado e precisava ser sustentável. A estrutura foi parafusada com placas e treliças espaciais nas arquibancadas para que pudessem ser reutilizadas posteriormente. “O projeto foi muito feliz, pensou muito na sustentabilidade, os vãos são muito abertos, favorecendo a articulação de ventos cruzados. É uma obra com muita exigência da Fifa e eu acredito que quando a arquitetura e a engenharia trabalham juntos, tudo dá certo”, finalizou.
Em seguida, o mediador fez a mesma pergunta para o engenheiro civil Flávio Correia D’Alambert, responsável pela obra do Estádio Castelão, em Fortaleza e o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. De acordo com o profissional, o Castelão já possuía alguns problemas de dinâmica e possuíam tensores para equilibrar o desempenho dinâmico. O estádio precisava passar por uma modernização com valores baixos e foi o primeiro a ser entregue para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. “Cada obra é única, então nós tivemos a felicidade de participar de alguns projetos grandiosos. No caso do Castelão, era preciso desenvolver uma estrutura simples, padronizada e que pudesse responder as estruturas que já existiam”, disse.
Já o Museu do Amanhã foi projeto pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. De acordo com o profissional, o principal desafio era o projeto ser traduzido na obra. As peças chegavam pelo mar, foram montadas duas fábricas no Píer Mauá. As peças chegavam, os módulos eram montados e soldados. “O Pier Mauá é uma estrutura muito antiga e era totalmente defasada do que a gente precisaria utilizar no Museu do Amanhã. O comportamento térmico é bidirecional, só possui dois pontos e todos os outros apoios são deslizantes, o que precisa de controle e sempre vai precisar”, disse.
Para finalizar a primeira etapa, o engenheiro civil João Casagrande, responsável pela reforma do Estádio Maracanã e do Velódromo Olímpico citou a decisão de demolir a estrutura original da marquise, que gerou a paralisação da obra. “O principal desafio foi descobrir a atual situação da cobertura original que estava em altíssimo risco. Então a execução foi obrigada a ser parada para demolir a cobertura. O projeto original era de concreto e precisou ser mudado para estruturas metálicas. Para demolir, precisaríamos de 200 caminhões para retirar entulho e no local há muita movimentação. Então desenvolvi um sistema para fatiar a cobertura como se fossem fatias de pizza, eram retirados pedaços da laje com guindastes que as colocavam no chão”, explicou. O Maracanã ficaria pronto para a Copa das Confederações em 2013 e seria o principal estádio por sediar o jogo da Final do torneio. A reforma ficou parada por três meses para que a cobertura fosse demolida.
Já o estádio aquático desenvolvido para as Olimpíadas de 2016 no Brasil, teve uma arquitetura nômade para que depois pudesse ser reaproveitada. Eram placas de madeira parafusadas. Em um segundo momento do painel, os responsáveis técnicos debateram sobre o uso de Inteligência Artificial e tecnologias com sensores que dão respostas muito rápidas.
Finalizando as palestras, os participantes puderam fazer perguntas aos profissionais e o principal conselho dos engenheiros renomados foi sempre buscar qualificação e sempre seguir em frente, sem desistir. “Estude muito, não existe atalho, não ache que o software resolve tudo, entenda o conceito, o software é ferramenta. Nunca desista sempre alguma porta estará aberta”, disse João Casagrande.
Assessoria/Caroline Mesquita e Confea/Caminho Político
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