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domingo, 23 de novembro de 2025

Governador da Califórnia desafia e tira sarro de Trump para se credenciar como presidenciável

Gavin Newsom não admite, mas todos sabem que ele quer ser o próximo presidente dos Estados Unidos. Carismático e bom comunicador, o governador da Califórnia se colocou à frente dos demais postulantes a conseguir a nomeação democrata para as eleições presidenciais de 2028 depois do sucesso de sua iniciativa para redistribuir os distritos da Califórnia antes das eleições de meio de mandato.
Newsom, de 58 anos, é cauteloso. Sabe que quem começa como favorito nem sempre chega à Casa Branca. Mas ele parece ter fôlego para continuar sua busca. Com mais um ano de mandato, um podcast semanal e um livro sobre o futuro, ele pretende visitar Estados democratas para estimular outros governadores a também redesenhar distritos eleitorais para conter Donald Trump.
Newsom credenciou-se como principal porta-voz da oposição, mostrando a um Partido Democrata anêmico como transformar discurso em ação, exatamente o que a base queria. Depois que Trump iniciou a “batalha dos mapas”, exigindo que Estados republicanos fizessem o rearranjo de distritos eleitorais para que seu partido conseguisse mais assentos no Congresso, Newsom foi o primeiro democrata a romper com o rótulo de bom moço e lançar uma campanha para fazer o mesmo.
O governador convocou um referendo, arrecadou milhões de dólares para a campanha e venceu.
“Newsom reforçou sua liderança nos últimos seis meses”, aponta Doug Sosnik, consultor político democrata e ex-conselheiro do ex-presidente americano Bill Clinton. “Ele foi o responsável por colocar novamente os democratas na luta pela maioria na Câmara com seu referendo na Califórnia e tem várias qualidades de um candidato à Casa Branca: é um bom comunicador, consegue arrecadar muito dinheiro e tem pinta de presidente”.
Oportunidade política
O estabelecimento de um referendo na Califórnia para modificar os mapas do Estado foi uma aposta política de risco. Os californianos gostam das comissões independentes e apartidárias e consideravam o processo justo, mas a luta contra Trump se tornou mais importante.
“Não havia nenhuma garantia que o referendo seria aprovado e existia uma oposição considerável”, avalia John Pitney, professor de ciências políticas da Claremont Mckenna College, na Califórnia. “Newsom conseguiu enquadrar a proposta essencialmente como um referendo sobre Trump. A mensagem era: se você não gosta de Trump, vote sim“.
A vitória com 64,3% dos votos surpreendeu até os democratas mais otimistas e garantiu o redesenho dos mapas para as eleições de 2026, 2028 e 2030. O referendo, chamado de Proposition 50, promete fornecer cinco novos assentos para os democratas nas eleições de meio de mandato, em contrapartida ao gerrymandering do Texas, que deve garantir cinco novas cadeiras aos republicanos na Câmara dos Deputados.
A “batalha dos mapas” permitiu que Newsom se apresentasse como defensor da democracia e mostrou sua capacidade de arrecadar dinheiro, qualidade importante para qualquer candidato que quer chegar longe nas primárias.
“Os californianos queriam uma forma de lutar contra o trumpismo e Newsom deu a eles uma oportunidade”, avalia Christian Esperias, consultor democrata que atua em campanhas na Califórnia. “Eles estão insatisfeitos com os agentes do ICE que estão aterrorizando as comunidades latinas e asiáticas e com o aumento dos preços da carne, leite, gasolina e eletricidade”.
Para Esperias, Newsom conseguiu captar o momento para ficar mais conhecido nacionalmente antes das primárias. “O referendo não foi para os californianos, mas sim para o país. Ele quer chamar a atenção dos eleitores democratas que votam nas primárias e fazem doações. Newsom precisa desse público se quiser ter uma chance em 2028?.
Oposição a Trump
Newsom também ficou mais conhecido nas redes sociais depois que adotou uma nova estratégia de comunicação que agradou democratas e irritou republicanos, incluindo Trump. Ele passou a imitar o estilo das publicações do presidente americano, em caixa alta e com artes engraçadas, como quando disse que era o governador mais amado dos Estados Unidos, colocou seu rosto no Mount Rushmore — algo que Trump já havia sinalizado que queria fazer — e brincou que tinha vencido o Nobel da Paz, prêmio que o republicano queria vencer em 2025 e não conseguiu.
O governador californiano também subiu o tom quando chamou Trump de “gordo” nas redes sociais, publicou memes depreciativos com críticas ao republicano.
Em entrevista à emissora americana NBC News, Newsom foi questionado sobre a famosa frase da ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama, que disse que os democratas deveriam subir o nível do debate público se os republicanos baixassem de nível.
“Eu adoraria voltar a isso, mas a política mudou. O mundo mudou. As regras do jogo mudaram”, disse Newsom. “É a hora de mudarmos se quisermos que as coisas sejam diferentes. E é por isso que nossa estratégia de comunicação foi modificada e nosso referendo reformulou tudo aqui na Califórnia”.
Certamente ele é de longe o democrata mais proeminente que efetivamente combateu Trump em uma campanha midiática e política, avalia Pitney, da Claremont Mckenna College, na Califórnia. “Os líderes democratas no Congresso têm sido muito criticados por serem ineficazes nessa tarefa, então Newsom goza de grande prestígio no Partido Democrata neste momento”.
A estratégia de comunicação de Newsom credenciou o governador da Califórnia como um dos únicos líderes do Partido Democrata que entenderam a necessidade de usar mais as redes sociais, participar de podcasts e combater Trump com a mesma linguagem usada por ele.
Governador contestado
Apesar do entusiasmo ao redor de Newsom, ele tem uma lista significativa de problemas. O governador é muito contestado pelos californianos, com críticas a sua atuação durante a pandemia da covid-19, os incêndios florestais que assolaram o Estado no início do ano, o alto custo de vida e um grande número de moradores de rua no Estado.A oposição às suas políticas foi tão grande que o Partido Republicano conseguiu o número suficiente de assinaturas para convocar um referendo em 2021 que questionava se Newsom deveria continuar no cargo de governador até o final de seu mandato ou não. O político democrata sobreviveu ao referendo e foi reeleito um ano depois, mas analistas entrevistados pelo
Estadão
dizem que ele poderia ter sido derrotado se os candidatos republicanos fossem mais moderados.
“Newsom não é um governador popular, a questão dos moradores de rua na Califórnia está fora do controle e o custo de vida é muito alto”, destaca Esperias. “A Califórnia enfrenta uma escassez de moradia e muitos moradores estão saindo do Estado por conta dos preços”.
A crise do custo de vida na Califórnia dificulta a possibilidade de Newsom surfar na onda dos democratas eleitos no início de novembro, como Zohran Mamdani, o prefeito eleito de Nova York que fez uma campanha focada em reduzir o custo de vida dos moradores da cidade.
“Gavin Newsom não é a melhor pessoa para falar de custo de vida”, destaca Pitney. “Esse será um dos pontos fracos do governador nas primárias, já que qualquer candidato poderá falar sobre os altos preços da Califórnia e a taxa de pobreza do Estado, que é a maior dos EUA”.
O fato de Newsom ser da Califórnia também pode ser um problema em uma eleição nacional. O Estado é considerado um dos mais progressistas do país e está associado a políticas identitárias e de cultura que são distantes do resto do público americano.
O rótulo de progressista também já está vinculado pessoalmente ao governador de 58 anos por ele ter oficiado o primeiro casamento entre duas pessoas do mesmo sexo na Califórnia, em 2004, quando era prefeito de São Francisco.
“Ele é de São Francisco, que é o lugar mais progressista do mundo, e suas políticas falam por si só, mas Newsom está moderando suas posições sobre temas como a participação de atletas transgêneros em esportes femininos”, aponta Esperias.
Assessoria/Daniel Gateno/Caminho Político
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