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segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

IA desafia indústria musical ao chegar ao topo das paradas

Quase nenhum ouvinte diferencia criações humanas da inteligência artificial, aponta pesquisa. A maioria, entretanto, fica desconfortável com isso, bem como os artistas. Os próprios ouvidos são confiáveis para distinguir músicas criadas por humanos ou máquinas? Para a maioria das pessoas, a resposta é não.
Em um estudo recente da plataforma de streaming Deezer e da empresa de pesquisas Ipsos, 97% dos entrevistados não conseguiram diferenciar faixas musicais feitas inteiramente por inteligência artificial (IA) daquelas feitas por humanos.
O áudio gerado por IA pode ser de alta qualidade. E já está por toda parte, inclusive nos rankings musicais: "Walk my Walk", de Breaking Rust — uma criação totalmente feita por IA, desde instrumentais até vocais e imagem — chegou ao primeiro lugar no ranking digital de música country em meados de novembro.
Há também Xania Monet, artista virtual com singles nas paradas de Gospel e R&B, que recentemente assinou com uma gravadora por 3 milhões de dólares (R$ 16 milhões). Já a banda Velvet Sundown acumulou 1 milhão de ouvintes mensais este ano no Spotify antes de revelar que era um "projeto musical sintético".
Desconforto dos ouvintes
À primeira vista, pode parecer que os ouvintes acolhem a música gerada por IA com entusiasmo. Mas a realidade é mais complexa. O mesmo estudo da Deezer descobriu que 52% dos entrevistados se sentiam desconfortáveis por não conseguirem distinguir as músicas de autoria humana das criações por IA.
Alguns estudos mostram que, quando os ouvintes sabem que uma música é gerada por IA, eles passam a gostar menos dela. Outras pesquisas não encontraram viés a favor nem contra.
Parte disso ocorre porque a IA generativa pode ser usada de inúmeras maneiras que nem sempre são claras para o ouvinte. "Depende de como a IA é usada — composição, interpretação, masterização — entre outros fatores", explicou Philippe Pasquier, diretor do Metacreation Lab for Creative AI da Universidade Simon Fraser em Vancouver, no Canadá.
A ética de ouvir música
Sophia Omarji diz que consegue apreciar uma música gerada por IA. Pesquisadora e psicóloga da música, ela afirmou à DW que, embora saber que a música foi gerada por IA possa fazer com que o ouvinte queira "dissecá-la", isso não muda muita coisa tecnicamente.
"Você ainda pode gostar da música, mas surgem questões éticas e morais que fazem você pensar: 'Isto é algo que eu quero ouvir?'," diz a pesquisadora.
Uma questão ética frequentemente levantada é que plataformas de música por IA, como Suno e Udio, treinam seus modelos com obras de artistas humanos existentes. Isso pode violar leis de direitos autorais ao usar o material sem compensação.
Isso motivou muitos artistas a protestarem, incluindo Paul McCartney, ex-Beatle, que em dezembro lançará o single "Bonus Track". A gravação de um estúdio vazio fará parte do álbum silencioso "Is This What We Want?", criado por mil coautores como forma de protesto contra a legislação britânica de direitos autorais envolvendo IA, que artistas afirmam devastar a indústria musical.
Máquinas podem imitar a expressão humana?
O medo humano de rupturas tecnológicas não é novo. Já no século 16, as pessoas temiam perder seus empregos quando a automação foi introduzida na tecelagem de meias.
Investidas em softwares de IA capazes de produzir música existem — e são criticadas — desde o início dos anos 1980. Nos últimos anos, a IA chegou a ser usada para finalizar sinfonias de Beethoven e músicas dos Beatles.
Mas, para muitos músicos e amantes da música, o momento atual parece diferente.
"Não é só a perda de trabalho. É parte da minha identidade", disse o músico e produtor de áudio Mark Henry Phillips em um programa recente de rádio pública nos EUA, explicando como a IA parece "sobre-humana", destacando-se em todos os gêneros, estilos e instrumentos. "Minha habilidade especial simplesmente não é mais tão especial. Do ponto de vista musical e econômico, a IA me superou."
A diferença, para a pesquisadora Omarji, tem a ver com sua noção de criatividade. Ela se descreve como uma "grande usuária" de IA para tarefas como geração de ideias ou leitura e resumo rápido de documentos. Ainda assim, não usa IA em sua música. "Para mim, música sempre foi sobre autoexpressão e criatividade — e essas não são palavras que associo à IA. Quero manter a música como um processo humano."
Uma forma própria de arte?
Pasquier também não acredita que sistemas de IA sejam criativos. "Eles imitam os dados com os quais foram treinados e carecem de intencionalidade e enquadramento ", afirma. "Falta-lhes grande parte do que constitui a criatividade humana e artística."
No entanto, ele argumenta, criar uma máquina que cria arte é uma forma de arte em si , conhecida como arte generativa ou metacriação, que já existia antes da IA e reúne seguidores próprios.
No fim das contas, porém, música é mais do que apenas som — seja gerada por IA ou não. "As pessoas gostam de um artista, digamos um músico, por seu visual, por sua atitude e personalidade. As comunidades de fãs envolvem muito mais do que apenas a música!", afirma Pasquier. "Agora, alguns sistemas começam a introduzir essas características, e esse desconforto se transforma em entusiasmo para algumas pessoas."
Mas esse entusiasmo não alcança Sophia. Ela vê como a IA poderia oferecer visibilidade a músicos que têm algo a mostrar, mas não se encaixam em certos padrões da indústria. Porém, para ela, engajar-se com a música envolve principalmente descobrir o artista.
"Se uma música é criada por IA, você vai atrás e percebe que ela não tem realmente uma história. E acho que isso tira uma grande parte do que a indústria musical é hoje."
Assessoria/Cristina Burack/Caminho Político
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