A presidência da Câmara dos Deputados exige pulso firme, articulação afiada e autoridade real. Hugo Motta (Republicanos -PB) chegou ao cargo ungido por um grupo de líderes poderosos da Casa, fazendo cosplay do lendário Ulisses Guimarães e prometendo ser o novo grande timoneiro, em que pese sua aparencia jovial. A aposta parecia segura. A realidade, porém, tem sido uma sucessão de recuos, pedidos de socorro a caciques e demonstrações de fragilidade que corroem sua credibilidade dia após dia.
Há quatro meses, no motim bolsonarista que exigia urgência para o PL da Anistia, Motta foi totalmente desmoralizado e “zoado” pelos deputados de extrema direita. Sem conseguir impor respeito, acabou obrigado a chamar o antecessor, Arthur Lira (PP-AL), para negociar com os delinquentes e desocupar a mesa diretora, tomada por dois dias pelo numeroso grupo de celerados que o humilhava abertamente.
Na última terça-feira (9), o episódio com Glauber Braga (PSOL-RJ), que ocupara igualmente a mesa para protestar contra o farsesco processo de cassação aberto contra ele, seguiu o mesmo roteiro de humilhação, mas com reação descontrolada: Motta mandou a Polícia Legislativa tirar o deputado de esquerda na força, à base de um mata-leão, e determinou ainda a expulsão dos jornalistas do plenário para que ninguém registrasse a truculência. O resultado foi uma enxurrada de críticas, promessas de processos e mais desgaste para um presidente que já não consegue fazer valer sua palavra dentro da própria Casa.
A sessão que rejeitou a cassação de Glauber, aceitando, por acordo político forte de última hora, apenas seis meses de suspensão, e que manteve também o mandato da condenada Carla Zambelli (PL-SP), num desafio aberto ao STF e à Constituição, parece ter sido a gota d’água que transbordou o copo do filme queimado de Motta. Além de expor a sua falta de comando, o placar acabou por ofertar a Motta o pior inimigo que poderia ter: exatamente quem o ajudou a chegar lá.
Arthur Lira era o principal interessado na expulsão de Glauber, alvo constante das denúncias do psolista contra seus esquemas quando presidia a Câmara. Derrotado no plenário, Lira está furioso. Nos bastidores, chama Motta de “fraco”, “sujeitinho que se deixa humilhar” e avisa a quem quiser ouvir que o atual presidente está cada vez mais enfraquecido e ridicularizado.
Com o poder de fogo e a articulação que tem, se Lira resolver agir, o que pode até não acontecer, sobrarão poucos dias de tranquilidade, e talvez de carreira política, para Hugo Motta no comando da Câmara dos Deputados. Se Lira não relevar, ele pode estar vivendo sua última temporada de protagonismo.
Assessoria/Caminho Político
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