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segunda-feira, 16 de abril de 2012

"Não há um Banco Central no Panamá"


Em nosso atual arranjo monetário pós-Bretton Woods, dominado por políticas monetárias inflacionistas conduzidas coordenadamente pelos principais bancos centrais mundiais, muitas pessoas normalmente simpáticas a todos os argumentos contrários à existência de bancos centrais ainda assim acreditam que a eliminação destas instituições centralizadoras é algo impraticável, um sonho utópico.

Para um exemplo prático e real de um sistema cuja política monetária é aquela escolhida pelo mercado, sem o comando de um banco central, não é preciso olhar para o passado; o exemplo existe atualmente na América Central, na República do Panamá, um país que, desde sua independência em 1903, não possui um banco central, e que, não obstante (ou por causa disso), usufrui um ambiente macroeconômico estável e bastante exitoso.

A ausência de um banco central no Panamá faz com que a oferta monetária do país seja completamente determinada pelo mercado.  Neste caso, o mercado do Panamá escolheu o dólar americano como sua moeda de fato.  Para comprar ou obter dólares, o país tem de produzir ou exportar bens e serviços; o governo não tem como criar dinheiro do nada.  Desta forma, o sistema é um tanto similar ao velho padrão-ouro.  Desde 1984, a inflação média anual tem sido de 1%.

A inflação de preços panamenha normalmente é de 1 a 3 pontos percentuais menor que a inflação americana; ela é causada majoritariamente pelo efeito gerado pelo Federal Reserve (o Banco Central americano) sobre os preços mundiais.  Este sistema conduzido pelo mercado criou um ambiente macroeconômico extremamente estável.  O Panamá é o único país da América Latina que nunca vivenciou um colapso financeiro ou uma crise monetária desde sua independência.
Inflação de preços ao consumidor no Panamá (Fonte: FMI)

Assim como a maioria dos países das Américas, a moeda do Panamá no século XIX era baseada no ouro e na prata, com uma variedade de moedas metálicas de prata e cédulas de papel lastreadas em ouro em circulação.  O Peso Prata (do México) era a moeda que havia sido escolhida.  No entanto, por causa da ferrovia ístmica — a primeira ferrovia a ligar o Atlântico ao Pacífico —, que fora construída por uma empresa americana em 1855, o dólar americano também circulava parcialmente no país. 

O Panamá originalmente se tornou independente da Espanha em 1821, mas foi integrado à Grande Colômbia.  Sendo um país pequeno, ele não conseguiu se separar da Colômbia, como haviam conseguido a Venezuela e o Equador.  Em 1886, o governo colombiano publicou vários decretos forçando a aceitação de cédulas de papel produzidas pelo governo central.  A economia do Panamá, que era aberta e baseada no transporte e no comércio, claramente não tinha como se beneficiar deste arranjo imposto.  Um editorial do principal jornal do país, datado de 1886, declarou o seguinte:
Não há nenhum país no globo, certamente nenhum centro comercial, em que a introdução de uma moeda de papel irredimível e sem lastro traria consequências mais desastrosas que no Panamá.  Tudo o que nós consumimos é importado.  Não temos nenhum produto para ser exportado, de modo que a única coisa que podemos mandar para fora em troca de nossas importações é dinheiro.

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