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segunda-feira, 16 de julho de 2012

"Há 44 anos Antonio Mattozzo Alfaiataria veste de elegância e bom gosto até nos menores detalhes"



Elegância em simples costuras. É assim que se pode definir o trabalho de um alfaiate. Profissão tão antiga quanto a própria arte de se vestir bem, a roupa sob medida ainda continua sendo a melhor opção para quem prima pela elegância. 

Neste cenário de exclusividade e singularidade em peças de roupas, a dedicação e atenção são primordiais para garantia de qualidade, e Antônio Mattozzo sabe bem o que é isto. Exímio exemplo de como bom gosto e unicidade superam os anos de evolução e padronização da indústria da moda, Mattozzo é mais que um profissional do ramo, é um digno artesão. 

Simples, habilidoso e apaixonado pela alfaiataria, ele começou no segmento, quando era bem jovem, com seus 11 anos de idade. Nessa época, há 50 anos, ele já cortava e costurava as primeiras calças numa alfaiataria de Dourados (MS).



Mas o gosto pelo trabalho não surgiu, assim, ao acaso. Jovem e sem conhecer a profissão, ele só foi descobrir que tinha habilidades e tino para o ofício, quando conheceu seu cunhado José Pereira Xandu, que na época, já era alfaiate. 

“Meu cunhado começou a namorar com minha irmã e era alfaiate, aí me convidou e eu comecei a trabalhar desde criança. E como ele era da profissão, me apresentou tudo e eu estou aí até hoje”, conta, complementando que foi nesse período que Mattozzo começou a compreender a arte da profissão e valorizar mais os tecidos e o ofício. “Foi ali que tomei gosto pela profissão e nunca pensei em deixá-la de lado”, assegura. 

De início, nada foi muito fácil, afinal, ser alfaiate compreende lidar com medidas, tecidos e qualquer erro pode prejudicar uma peça por completo. Para isso, foi necessário se especializar na prática, de forma bem simples, para depois ir à busca de um curso. 

E assim o fez, até que alguns anos depois, ele conseguiu compreender todas as dificuldades que a profissão carrega. “Com 15 anos eu já era profissional. Quatro anos para aprender a profissão”. E este foi só o começo da vida de Mattozzo. 

Em 1968, com seus 18 anos de idade, ele deu início a sua primeira alfaiataria, a JM, em parceria com seu cunhado, precursor do ensino da profissão. Ele lembra que naquela época foi bem difícil começar a empresa porque não existiam fábricas de roupas e por isso havia muitos profissionais, e por consequência, muitos concorrentes. 

Assim, eles sempre seguiram trabalhando duro, com aproximadamente 60 calças feitas por semana. Tudo feito sob medida e com a maior dedicação, sendo este um dos precursores do desenvolvimento que fez com que ele se dedicasse ainda mais a profissão. Para tal, realizou um curso profissional em alfaiataria com um profissional japonês que o ensinou tudo que ele sabe hoje. “Ele me ensinou a ser profissional de paletó, o paletozeiro. Um alfaiate completo. Aprendi a fazer calça, camisa, paletó, um curso completo. Profissional de paletó”, pontua. 

Com todos os ensinamentos aprendidos e bem consciente de que alfaiate é a profissão que ele queria exercer, em 1974, Mattozzo deixa a parceria com o cunhado para seguir um caminho só. Mas este caminho não foi tão promissor quanto ele acredito que seria.
Assim, resolveu deixar um pouco de lado a profissão e seguir outros caminhos que também não duraram tanto, devido à mudança pela qual sua vida passou. 

SOLO MATOGROSSENSE, BERÇO DO CRESCIMENTO 

Em 1986, acompanhando uma decisão da família, ele deixou o solo sul mato-grossense e veio para Cuiabá, cidade onde se tornou referência em alfaiataria sob medida, pois aqui, ele decidiu que era hora de deixar outras vontades de lado e permanecer na atividade que sempre gostou de fazer, a alfaiataria.
E assim o fez. Deu início a uma nova vida em um novo espaço, com a mesma vontade de ser o melhor do segmento, ou ao menos, ter o reconhecimento que possuía a época em que morava em Mato Grosso do Sul. 

Mattozzo lembra que diante de uma nova cidade e novos futuros clientes, a maior dificuldade que se teve para voltar na profissão foi encontrar mão de encontrar mão de obra qualificada para acompanhá-lo no crescimento do ateliê que ele deu início.
“É difícil encontrar um profissional de qualidade, mas arruma. A própria profissão é difícil. Achamos sempre pessoas que não tem conhecimento, e precisamos de pessoas que gostam e que querem fazer isso”, conta.

E essa dificuldade se ampliou não somente pelo desconhecimento da profissão, mas pelo amor a ela, que segundo Mattozzo é essencial para ser um grande profissional. “O mais importante da profissão é você gostar. A primeira coisa que eu pergunto para as pessoas que vem trabalhar comigo é se elas gostam da profissão, se trabalham por dinheiro ou por prazer, porque se ela trabalhar por prazer, não irá fazer nada que realmente preste”, avalia.
E depois de adotar o conceito de que todos os funcionários que atuam na empresa precisavam acima de tudo gostar da profissão, Mattozzo deu início a uma nova fase em sua vida profissional.

Em 1990, ele começou a maior empreitada que um empreendedor pode ter, arriscou tudo para conseguir ter acesso e fazer com que seus clientes tenham o melhor em roupas com tecidos importados conhecidos da alta costura, entre eles, Ermenegildo Zegna, Loro Piana, Vitale Barberis, Anteprima, Dormeuil, Wain Shiell, Cashmere Breeze e Cotonificio Albini.
“São tecidos customizados para o mercado de executivos, que exigem um corte de terno impecável e personalizado. Um tecido de qualidade que não há na região. É exclusivo, tem garantia”, garante.

Para isso, ele teve de realizar viagens para Europa e passar por uma avaliação das empresas para que ele pudesse conquistar os tecidos de alta costura, especialmente a Ermenegildo Zegna. Ele lembra que foi necessário passar por um teste de qualidade da empresa, na qual ele deveria fazer uma peça, que era avaliada pela sua perfeição e se aprovada conseguia se tornar o representante dos tecidos da marca aqui em Mato Grosso.


“Para trabalhar com tecido precisa de qualidade, ainda mais um tecido importado. Tive que passar por tudo isso, porque eles não dão o mostruário assim. Tive de passar por cursos”, afirma.
E a partir do momento em que ele teve acesso ao tecido importado, e começou a produzir as peças do vestuário masculino, a empresa teve um salto em crescimento. Isso porque as grandes empresas de tecidos nacionais e importados, começaram a procurá-lo para que ele trabalhasse, também, com estes novos tecidos. “Fomos crescendo aos poucos. Quem cresce assim de uma vez, é só marajá”, brinca. 

ATUAÇÃO 

Mas não é a toa que a empresa teve um grande reconhecimento e crescimento. A atuação de Mattozzo foi peça chave para a empresa deslanchar. Ele assegura que além de possuir os melhores tecidos, personalizar o atendimento e possibilitar o maior conforto e exclusividade aos clientes foi primordial para seu sucesso. 

“Um atendimento mais VIP é o que os clientes que eu busco querem. Uma empresa que se adeque ao tempo do cliente”, pontua Mattozzo, explicando que o atendimento é feito no local em que o cliente quiser, seja na casa ou no trabalho, não sendo necessariamente ir ao ateliê.
Assim, ao invés do cliente ir ao encontro de Mattozzo ocorre o contrário e, segundo ele, a tendência de hoje é essa. “O cliente liga para gente e nós vamos até cliente. Um trabalho exclusivo”, assegura.

Para isso, ele leva os mais de 200 mostruários de tecidos aos clientes com as mais diversas possibilidades de escolha, e diante de tantas opções, as escolhas são sempre complicadas mesmo sendo um trabalho exclusivamente voltado para homens. Segundo ele, o atendimento demora, em média, uma hora, entre escolha de modelo, tecido e medidas, enquanto a produção das peças demora cerca de um mês. 

Atualmente, Mattozzo trabalha com uma equipe de cinco pessoas, na qual ele exerce especialmente, a função de corte e medida das roupas. “Eu sei fazer tudo, mas é que não há tempo. Eu preparo a roupa, que vai para a produção. Eu tiro a medida, corto, provo, acerto e aí, sim, vai para produção”, explica o processo de alfaiataria realizado por ele.
E quem pensa que o excesso de atenção aos clientes se limita somente ao eixo Cuiabá-Várzea Grande, Mattozzo assegura que vai, ao menos, seis vezes por ano para o interior, sendo as principais cidades Sinop, Sorriso e Lucas do Rio Verde. 


Vale ressaltar que toda essa dedicação tem um preço, que pode parecer um pouco mais salgado para uns, mas uma bagatela para outros. As peças custam a partir de R$1,8 mil e chegam aos R$ 14 mil, dependendo do tamanho, tecido e corte.
Pode parecer, de acordo com Mattozzo, que os valores sejam um pouco alto, mas ele explica que diante da industrialização, os benefícios de uma roupa sob medida são inúmeros. 

CLIENTES 

Mesmo com essa globalização e o apelo comercial da indústria sugerindo um ritmo de consumo cada vez mais acelerado, que estimula a massificação e diminui os contatos pessoais, Mattozzo pontua que roupas sob medida atendem aos anseios e desejos particulares de cada um, seja pelo atendimento individual, personalização de um produto , serviço ou pelo simples prazer de se sentir único. 

Por isso, Mattozzo, hoje experiente e bem conhecido entre os empresários, políticos e membros do Judiciário se tornou referência para autoridades locais.
Ele lembra que o primeiro cliente de peso que ele teve foi o - a época - o procurador José de Barros, enquanto o precursor do sucesso na empresa foi o então, governador Blairo Maggi em 2008, mas a sua cartela de clientes também engloba os ex-secretários de Estado Eumar Novack, Éder Moraes e o falecido Jonas Pinheiro, por exemplo.


“Barros foi uma grande referência para mim. Foi ele quem me propôs conhecer outras autoridades e me fazer conhecido no meio delas. E aí eu comecei a trabalhar com um e fui conhecendo o outro e assim foi”, lembra.

Mattozzo lembra que nem a rotina estressante do dia-a-dia, nem a praticidade da roupa pronta, nem a padronização do mundo moderno são capazes de anular o desejo por uma roupa sob medida e o interesse pelo trabalho do alfaiate. “Enquanto houver o interesse pela roupa exclusiva e uma preocupação com a elegância, o alfaiate será sempre lembrado”, argumenta Mattozzo.
Para esse artesão da costura masculina, é fundamental que as clientes e as pessoas que pouco entendem de alfaiataria deem identidade própria às suas roupas. Ele destaca que, independentemente do estilo de cada um, o importante é estar vestido confortavelmente e com a vestimenta externando seus sentimentos mais íntimos. “A roupa é o retrato, uma identidade de cada um”, explica. 

E vai mais longe: “muitas vezes, as pessoas usam roupas que não combinam com seu estilo e físico só porque é moda. Vestir-se é uma arte também. Para o estilista, a roupa pronta de confecção tem seus aspectos positivos, mas é um uniforme padronizado. Bom senso é fundamental no conceito de elegância e estilo”. 

Obedecendo às regras do bom senso, para Mattozzo a ordem principal é usar o que se gosta e o que combina com nosso biótipo e personalidade. Bom gosto e estilo andam juntos. Fazer roupas e vestir roupas é, acima de tudo, uma arte muito especial, e este é um dos motivos pelo qual sua empresa faz tanto sucesso. 

Bem detalhista e realizando os ajustes com a roupa alinhavada no corpo do cliente, o perfil clássico de Mattozzo faz com que ele tenha uma clientela cativa e chega a ser um consultor, sugerindo e orientando seus clientes no uso adequado de tecidos, cortes, conforme tendência de moda e características pessoais. 

“A Renascença foi das épocas mais importantes pela influência no âmbito social dos que bem vestidos se apresentavam”, comenta. 

Mas não ao acaso que Mattozzo possui todo o conhecimento sobre a alfaiataria, moda e o reconhecimento de grandes personalidades do Estado. Ele não conta somente com a qualidade e primor dos seus trabalhos, pois também está antenado às tendências de Milão, Paris e Nova York.
Não é à toa, que em sua última viagem, para Europa, ele trouxe para Cuiabá novidades como o paletó com dois botões e com uma abertura atrás. Cortes inusitados, mais justos e acinturados.
“A cultura sob medida é uma tendência mundial que cresce na contramão do fast-fashion. A gente sempre vai viajando, porque tem uma coisa mudando”, pontua. 

HOJE 

Atualmente, a marca Antonio Mattozzo é referência em alta costura masculina. Com cinco profissionais, além de Mattozzo, o ateliê produz artesanalmente os vestuários de maior qualidade e primor no segmento em Cuiabá.
Com paciência, simplicidade e muito bom gosto, Mattozzo assegura que hoje a empresa não tem pretensões de crescer e se expandir, afinal, “são nos pequenos detalhes, as maiores elegâncias”, garante. 

FUTURO INCERTO? 

Apesar do baixo número de profissionais especializados na área em Mato Grosso, Antonio Mattozzo acredita que a profissão sempre existirá. “Sempre haverá homens que dão valor a roupas de alta qualidade. Não faço ternos, simplesmente. Crio peças exclusivas para o mais fino gosto. Para agradar o corpo e o espírito. Roupas sob medidas são iguais doces caseiros, sempre se prefere comer aquilo que é feito em casa, com amor e dedicação”, completa Mattozzo.

Para Antonio Mattozzo empreender é: Força de Vontade

1. Dica para quem quer iniciar um empreendimento 

Têm várias. Planejamento, estudo, força de vontade, pensamento positivo e decisão. Com isso se pode começar uma empresa do nada e crescer, mas tem que pensar em um empreendimento mais ou menos certo, porque dar cabeçada também é fria, não é? É preciso planejamento, estudo daquilo que você vai fazer. Na minha época, nos tínhamos que ter uma profissão, então nem deu para se fazer um estudo se realmente era aquilo que eu queria. E acredito que isso seja um grande problema da juventude de hoje, de deixar os jovens adiando o trabalho para depois dos estudos e estudos, aí quando ele começar não vai ter nem experiência de vida. 

2. O Custo Brasil é realmente um obstáculo para o empreendedor? 

O imposto é imposto, tem que pagar. Quando você abre uma empresa, você está consciente que tem que pagar. É necessário. Tem que pagar mesmo, sem choro nem vela. 

3. O que é mais importante: dinheiro ou criatividade? 

Eu acho que criatividade. Se você tem criatividade de atrair o cliente, você tem o dinheiro. Eu quando comecei tinha mais criatividade que o dinheiro. Tem que se começar devagarinho, porque tu do aquilo que começa aos poucos, com cuidados, cresce. É de baixo para cima, não de cima para baixo, porque assim quebra. 

4. O que é mais fácil: Fidelizar um cliente ou conquistar um novo? 

Grande parte dos nossos clientes retornam, voltam a ligar, procurar. Eu diria que no meu caso é mais fácil fidelizar, pois as pessoas novas só se tornam nossos clientes devido ao boca a boca, devido à percepção da nossa qualidade e prumo na construção das peças. 

5. Qual o diferencial da empresa? 

Além do nosso atendimento diferenciando. Existe a possibilidade de mudanças nas peças de roupas, se por ventura, o cliente emagrecer ou engordar. Dá para apertar quanto soltar, além da qualidade em garantia. Se você comprar uma roupa pronta, por exemplo, dá só para você apertar, soltar já não pode, sendo esta a principal diferença entre comprar uma roupa numa alfaiataria e numa loja. 

KARINE MIRANDA
FOTOS: Mayke Toscano

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