Não é que o ex-prefeito Zé Carlos do Pátio (PMDB) resolveu entrar de
verdade na campanha de Ananias Filho (PR) que trava um confronto direto
com Percival Muniz (PPS) na busca pelo comando do paço municipal!. O
petista Juca Lemos, aparece nesta briga, como uma terceira via.
Pátio bem ao se estilo, esteve na fria noite da última quinta-feira no Jardim Ipiranga para apresentar a chapa de vereadores do PMDB e pedir votos para Ananias Filho.
O local, principalmente devido ao frio, estava
vazio, e o ex-prefeito falou para umas cinqüenta pessoas, a maioria
assessores políticos.
Mas o que chamou a atenção não foi o ato em si, o que é normal nesta fase da campanha, e sim um burburinho que começou a nascer nos bastidores sobre o futuro político de Pátio.
Um grupo de “patistas” trabalha de forma silenciosa para levar o ex-prefeito a disputar as eleições de 2014 e não como candidato a deputado estadual, como muitos estão prevendo, e sim como candidato a deputado federal.
Para esse grupo, Pátio teria hoje densidade eleitoral para superar os votos de Wellington em Rondonópolis e virar o candidato a deputado federal com o maior número de votos conquistados dentro de Rondonópolis na história.
Conquistando uma vaga na Câmara, a aposta do grupo é que o
ex-prefeito manteria o estilo polêmico que alcançou destaque na
Assembleia quando foi deputado e teria a mídia nacional mostrando o novo
deputado que chegaria ao Congresso com seus discursos gritados e
radicais. Com isso, Pátio teria um grande cacife para em 2016 voltar a
Rondonópolis e disputar, mais uma vez, a prefeitura.
A aposta é que com tramite em Brasília no Congresso Nacional, Pátio se consolidaria como principal liderança do PMDB no município. Sem dúvida, um belo roteiro.
O problema é ele conseguir convencer o PMDB a deixá-lo ser candidato, pelo simples fato do partido já ter um deputado federal com base em Rondonópolis, que é o presidente regional do partido Carlos Bezerra.
O cacique peemedebista não arriscaria colocar Pátio disputando votos em sua base e todos sabem que caso Bezerra não seja candidato à Federal, a primeira alternativa do partido é a secretária estadual de Turismo, Teté Bezerra, a sua esposa, que tentaria voltar à Câmara.
Neste aspecto, Pátio ainda leva uma vantagem. O fato de não ter mandato eletivo não o impede de mudar de partido com vistas ao processo eleitoral de 2014. Com isso, o ex-prefeito se perceber que não terá espaço no PMDB pode romper com o partido e buscar alternativas como, por exemplo, o PT, que não tem em Rondonópolis uma liderança tão expressiva como o ex-prefeito.
Fora do PMDB, no entanto, Pátio perderia uma parte do seu discurso, já que ele orgulhosamente costuma dizer que é fiel ao partido e jamais em sua carreira política trocou de sigla.
O ex-prefeito como de costume desconversou, disse que neste momento ainda está focado em provar a inocência no processo em que foi cassado do cargo de prefeito, acusado de gastos ilícitos na campanha eleitoral de 2008, quando derrotou o ex-prefeito Adilton Sachetti.
Pátio adiantou que os seus planos em curto prazo são terminar um curso de pós-graduação que está fazendo e voltar a trabalhar como engenheiro civil na iniciativa privada. Ele ainda lembrou que pode até voltar a dar aulas. Aliás, foi na sala de aula, na escola Marechal Dutra, que o ex-prefeito conquistou a sua primeira legião de admiradores e muitos deles o acompanham até os dias de hoje.
Pátio adiantou que a ex-primeira-dama de Rondonópolis, Neuma de Moraes, que também é professora, está de volta à sala de aula.
O EX-PREFEITO AINDA
Aproveitou o encontro com a Coluna para reclamar. Pátio diz que parte da imprensa de Rondonópolis o boicotou em muitas oportunidades. “As pessoas viviam dizendo que eu estava isolado e isso não é verdade, muito pelo contrário, no dia em que fui cassado eu consegui com a presidente Dilma mais de R$ 100 milhões em obras para Rondonópolis, isso ninguém fala”, reclamou Pátio.
Independente de boicote ou não, Pátio governou distante da imprensa local e pagou o preço por isso. O ex-prefeito em suas famosas coletivas simplesmente dizia aos jornalistas o que o interessava e, sempre que podia, fugia das perguntas que em muitos casos eram realmente as que interessavam, deixando a sociedade e a imprensa sem respostas.
Posso citar um exemplo aqui, quando parte da cobertura do estádio Luthero Lopes desabou devido a um vendaval. Questionado sobre o que a prefeitura iria fazer para resolver a situação pelo repórter da TV Cidade Record, Jandir Martins, Pátio desviou do assunto da mesma forma em que Garrincha driblava os seus marcadores.
O ex-prefeito respondeu a
pergunta da seguinte forma. “Eu quero aqui dizer que neste estádio, que a
nossa administração sempre cuidou, que o União foi campeão pela
primeira vez na história e em meu governo”.
Talvez essa forma desconexa de responder questionamentos tenha provocado em Pátio o desgaste com uma parte considerável da mídia local.
NA SEMANA PASSADA.
A campanha eleitoral local teve o primeiro embate propriamente dito. O
motivo foi o fato da assessoria jurídica do deputado estadual Percival
Muniz (PPS) ter entrado com um pedido de impugnação com relação à
candidatura de Ananias Filho.
Percival deixou claro à Coluna na
segunda-feira, que esse ato não partiu dele e sim de seus advogados, sob
a alegação de que o prefeito teria uma multa junto ao Tribunal de
Contas no Estado relacionada à época que era presidente da Câmara.
Ananias como totalmente superado, mas entende que esse
pedido provocou uma reação política dos dois lados e vai abrir a já
esperada guerra jurídica na campanha deste ano.
Isso aliás já era esperado, desde o pré-inicio desse processo temos ouvido que nessa eleição as equipes contábeis e jurídicas vão valer mais do que as famosas e muitas vezes manjadas estratégias de marketing para o eleitor.
Sobre o pedido, caso a justiça indefira, o prefeito Ananias Filho poderá até tirar proveito político e, talvez, até consiga de um limão fazer uma limonada.
Porém, a Coluna acredita que essa “briga” jurídica vai esquentar naturalmente quando os candidatos forem à televisão durante o horário eleitoral gratuito.
OUTRO DETALHE
que ocorreu durante a semana e que também chamou a atenção da Coluna foi a desistência da candidata do PSDB, Valdirene de Souza, a Val, que no nosso entendimento tinha plenas condições de brigar por uma das 21 cadeiras na Câmara de Vereadores.
Logicamente que para Val ir longe ela
precisaria do apoio do esposo, o ex-prefeito Alberto de Carvalho, que
apesar de estar afastado da cena política desde 1998, quando renunciou
ao cargo, ele ainda tem densidade eleitoral em Rondonópolis e poderia
transferir muitos votos.
Alberto, apesar de ter ficado fora da cena, nunca deixou de fazer política nos bastidores e sempre tem trabalhado de forma silenciosa, mas com eficiência, longe dos holofotes.
Tudo indica que essa semana ainda deverá ter mais desistências, até mesmo pelo fato que os partidos ainda podem trocar os candidatos a vereador em casos como esse.
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