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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"CPI do Cachoeira: procuradores dizem que falta investigar o caminho do dinheiro "


O grupo chefiado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tem características mafiosas de uma quadrilha montada para crimes graves, segundo a procuradora da República Léa Batista de Oliveira. Ontem ela e o colega Daniel de Resende Salgado falaram por mais de quatro horas à CPI que investiga as relações do contraventor com políticos e empresários. Ambos participaram das investigações relacionadas às operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.

Salgado disse que as investigações se restringiram à cooptação de agentes públicos e admitiu que o caminho do dinheiro ainda precisa ser investigado.

Não conseguimos completar a investigação em relação ao esquema empresarial e financeiro do grupo criminoso — lamentou o procurador.

Para Léa, o “silêncio orquestrado” pelos integrantes do grupo diante da Justiça Federal e diante da própria CPI revela o grau de organização da quadrilha, classificada por ela de “sofisticada, armada, complexa e ousada”.

Segundo a procuradora, se o grupo não for sufocado financeiramente, continuará atuando, esteja o líder preso ou não.

 Ficou clara a estrutura hierárquica com distribuição de renda entre os membros e a lealdade ao chefe, que cooptou agentes do Estado, responsáveis por eliminar a concorrência num claro controle territorial — disse.
Os procuradores informaram que as investigações não aprofundaram as relações da construtora Delta com o esquema de Cachoeira. Eles identificaram “sinais de aproximação” entre o contraventor e Cláudio Abreu, representante da Delta no Centro-Oeste, e também suspeitas de envolvimento da Delta com empresas  de fachada.

Intimidação

A procuradora também relatou as formas de intimidação utilizadas contra ela pelo grupo, como dois e-mails com ameaças, ambos identificados com origem em Anápolis (GO), cidade usada como base por Cachoeira. Contou ainda que uma mulher tentou invadir sua residência, em Goiânia.

Léa traçou um histórico da atuação recente do Ministério Público no combate aos jogos de azar e informou que a Operação Monte Carlo foi iniciada efetivamente em novembro de 2010, quando a Polícia Federal começou monitoramento telefônico, identificou envolvidos e aparelhos Nextel habilitados no exterior. Em março de 2011, o caso foi transferido para a Justiça Federal, devido a envolvimento de um policial 
rodoviário federal.
 .
Hoje depõem na CPI Jayme Rincón, ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e Aredes Correia Pires, ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás.

No Supremo Tribunal Federal, o ministro Marco Aurélio analisa um pedido para que a CPI não convoque, nem obrigue a comparecer, nem mesmo investigue ou indicie Marconi. 

O mandado de segurança (MS 31.574) foi impetrado pelo presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, o deputado estadual Jardel Sebba (PSDB). Ele sustenta que nova convocação do governador — já proposta pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e por dois deputados — afronta o princípio federativo, uma vez que a competência originária de processar e julgar supostos crimes de governadores seria do Superior Tribunal de Justiça, após autorização da assembleia legislativa.

Jornal do Senado

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