O Plenário não conseguiu votar nesta
terça-feira o pacote de medidas provisórias para combater os efeitos da
seca no Nordeste (MPs 565/12 e 569/12).
As votações foram adiadas por conta da insatisfação dos parlamentares
de oposição, que cobram a execução das emendas individuais acordadas
antes do recesso.
Além do Plenário, a falta de acordo afetou a Comissão Mista de Orçamento. Os líderes partidários garantem que as negociações serão retomadas nesta quarta-feira (8).
O impasse é produto de um acordo feito no semestre passado para permitir a votação das MPs do Plano Brasil Maior (MP 563/12 e 564/12) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O governo prometeu a liberação de emendas parlamentares dos deputados
de oposição (R$ 3 milhões para cada parlamentar), além dos restos a pagar.
Esses recursos, indicados pelos parlamentares, custeiam projetos e
obras em municípios. Segundo o acordo, as MPs não seriam votadas
enquanto os recursos não fossem empenhados.
A oposição reclama que o acordo não está sendo cumprido, fato que já
tinha impedido as votações em Plenário na semana passada. Segundo o
líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), foram
garantidos apenas R$ 24 milhões dos R$ 96 milhões prometidos pelo
governo. “Não podemos aceitar que o governo empenhe apenas 25% das
emendas da oposição”, disse Neto.
O líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), também reclamou do ritmo
de liberação dos recursos e rejeitou as críticas de que a oposição
estaria sendo fisiologista ao vincular as votações às emendas.
“Os integrantes da base estão atendidos com um volume de recursos
muito maior. Nós queremos, exatamente, que os recursos públicos não
sirvam para desequilibrar o jogo do processo eleitoral”, disse Araújo.
Explicações do governo
Deputados da base governista, no entanto, explicaram que os recursos não foram liberados por questões operacionais. O presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), preparou um levantamento sobre o empenho das emendas, que seria apresentado aos líderes para tentar convencê-los a fechar uma pauta de votações na comissão.
O levantamento apontou que a maior dificuldade do empenho ocorreu
após a onda de greves que atingiu os ministérios a partir do mês
passado.
Na pasta da Saúde, por exemplo, o limite autorizado pelo Executivo
para empenhos foi de R$ 957,4 milhões, mas apenas 34,7% iniciaram a
execução. No Turismo, dos R$ 297 milhões de limite, 43,8% foram de fato
empenhados. “A greve atrasou todo o cronograma”, disse Pimenta.
O presidente da Câmara, Marco Maia, apontou ainda outros problemas
para os atrasos na liberação, como a demora dos municípios para entregar
aos ministérios os projetos a serem financiados pelas emendas e a
existência de prefeituras com pendências legais que impossibilitam os
repasses.
Paralisia
O líder do PT acusou a oposição de intransigência. “Não tem sentido paralisar a Casa em função das emendas, mas a oposição está irredutível”, criticou.
Já o líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), criticou a paralisia
da Câmara. “É um parlamento movido a emendas individuais. Vamos ver se
paga um pouquinho para votarmos um pouquinho", condenou.
Mais cedo o presidente Marco Maia se disse otimista com a
possiblidade de retomar as sessões deliberativas na Casa ainda nesta
semana. “O espírito de todos que vêm para cá é de votar; temos quórum e
teremos toda a possibilidade de votar a MP 565”, completou.
Os líderes partidários retomam as negociações nesta quarta para
tentar, ao menos, votar a Medida Provisória 565/12 nesta semana. Essa MP
renegocia as dívidas dos agricultores e cria uma linha de crédito
específica para socorrer agricultores familiares, produtores rurais,
empreendimentos industriais, comerciais e de serviços que tiveram suas
atividades afetadas por fenômenos naturais, especialmente pela seca que
atinge o Nordeste do País.
Reportagem – Carol Siqueira e Janary Júnior
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli
Nenhum comentário:
Postar um comentário