“O Brasil não conhece o Brasil, o Brasil nunca foi ao Brazil…
O Brazil não merece o Brasil,
O Brazil ta matando o Brasil…
Do Brasil, SOS ao Brasil.
Do Brasil, SOS ao Brasil.”
O Brazil não merece o Brasil,
O Brazil ta matando o Brasil…
Do Brasil, SOS ao Brasil.
Do Brasil, SOS ao Brasil.”
As frases da canção “Querelas do Brasil” de Maurício Tapajós e Aldir
Blanc e popularizada na interpretação de Elis Regina, sintetizam não só
uma realidade brasileira, como ganham maior dimensão quando relacionadas
à questão da mulher brasileira.
Sem nenhuma sombra de dúvida, podemos dizer que o Brasil não conhece a
mulher do Brasil, que o Brasil não merece as mulheres brasileiras e,
por causa disso, o Brasil precisa de um SOS Brasil. Ou melhor, as
mulheres precisam de um SOS do Brasil!
A passagem dos seis anos de existência da Lei da Maria da Penha
permitiu que o país conhecesse um pouco da brutal realidade que a mulher
brasileira vive em cada unidade da Federação. Acompanhei o trabalho
realizado pela imprensa estadual, que registrou os alarmantes números de
agressões.
Cumpriu o seu papel de falar da lei, de sua importância e de
como as mulheres continuam sendo agredidas covardemente por
companheiros ou ex-companheiros.
No entanto – e isso nos choca ainda mais – essa triste realidade é
bem pior do que os números coletados e registrados oficialmente pelas
delegacias espalhadas nesse Brasil continental.
O reduzido número de
delegacias de mulher no país – somente cerca de 10% dos municípios
dispõem delas – a falta de infraestrutura das delegacias; a ausência de
pessoal qualificado; a cultura machista que grassa no interior
brasileiro e o medo das mulheres, impedem que os dados estatísticos, de
fato, espelhem a realidade da violência contra a mulher.
Pesquisadoras apontam que somente o registro de homicídios é
confiável porque as demais queixas, as ameaças, as agressões que não
provocam a morte, a tortura psicológica, são sistematicamente
subestimadas, omitidas, às vezes, “por um arranjo caseiro” por conta do
eventual prestígio do agressor.
Outra dificuldade é que cada delegacia, nos municípios, coleta e
sistematiza as informações dos boletins de ocorrências do seu próprio
jeito, sem que haja uma padronização, seja no âmbito municipal e muito
menos no nível estadual e federal.
Assim, informações básicas como idade, raça, orientação sexual e
outras deixam de ser coletadas, o que impede, posteriormente, uma
adequada sistematização e monitoramento – municipal, estadual e federal –
de como se processam essas odientas agressões a mulheres. Não há
periodicidade e nem metodologia única.
As delegacias policiais estão subordinadas às Secretarias de
Segurança, que ainda não têm cultura e preparo próprios – com um
funcionalismo público desqualificado – para acolher e registrar as
queixas das mulheres.
A solução para um problema dessa ordem começa nas escolas, na
formação educacional do jovem menino, que deve aprender a respeitar a
menina que estuda com ele e que, no futuro, pode se tornar sua
companheira.
Passa pela organização do Estado, pela qualificação dos servidores
públicos, pela mudança de mentalidade de nossos governantes e pela
permanente luta das mulheres contra qualquer tipo de discriminação,
preconceito e violência contra as mulheres.
Somente assim, poderemos confiar em nossas estatísticas e definir
políticas públicas que realmente venham extinguir essa praga que é a
agressão covarde de homens a mulheres, que tanto nos envergonha como
Nação.
Artigo da presidente nacional do PSDB-Mulher, Thelma de Oliveira

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