Marco Aurélio Mello faz críticas à condução do julgamento. Juristas o
alinharam pela absolvição. Na semana passada, no entanto, enviou sinal
na direção oposta ao dizer a um amigo que aquela era uma "leitura
equivocada": "Eles que me esperem".
Um ministro pontua que Mello é liberal, mas "mudou muito de uns anos pra
cá. Antes concedia habeas corpus. Agora, denega vários".
Cármen Lúcia já falou mal de advogados e réus no cafezinho do STF. Mas
um ministro alerta: "Ela pode estar dando sinal trocado, para despistar.
No caso Palocci, tida como pró-absolvição, votou ao contrário". É
mistério até para os mais palpiteiros.
Celso de Mello, decano da corte, é outra incógnita. Liberal, diz ainda estar com "a cabeça totalmente aberta".
Luiz Fux também confunde. Sempre foi colocado na coluna da absolvição,
por ter sido indicado pela presidente Dilma Rousseff. "Mas tem mandado
sinal para todo lado", afirma um magistrado.
TRADUÇÃO
A ministra Rosa Weber, outra indicada por Dilma, entra muda e sai
praticamente calada do STF. "Mas faz careta quando as discussões se
alongam", nota um colega.
Até agora, acompanhou quase sempre os posicionamentos de Joaquim
Barbosa. Tida até então como voto de absolvição, passou a ser temida
pelos réus do PT.
Amiga da família da presidente, seu posicionamento será traduzido como a
medida do empenho, ou da falta de interesse, de Dilma pela absolvição.
Será a primeira a votar depois de relator e revisor. Ninguém imagina
como.
Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Toffoli são tidos como votos
possíveis pela absolvição de Dirceu, embora interlocutor de Lewandowski
tenha dito à Folha que ele "vai surpreender. Condenará muitos por quadrilha. Vão sobrar poucos".
Em 2007, Lewandowski foi o único a votar contra a denúncia de Dirceu por
crime de quadrilha, alertando para o "risco de potencialização do
exercício do cargo".
Advogado de Lula na reeleição, em 2006, Toffoli encaminhou petição à
Justiça Eleitoral dizendo que as acusações do mensalão "jamais" haviam
sido comprovadas.
MÔNICA BERGAMO |
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