A falta de respostas aos questionamentos
dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do
Cachoeira fez com que a ex-mulher do contraventor, Andréa Aprígio,
mudasse de testemunha para investigada, segundo parlamentares.
Andréa fez uma exposição inicial, apesar de dispor de um habeas corpus
que lhe dava garantias para permanecer em silêncio, e depois evocou o
direito de não responder a nenhuma pergunta. Parte da reunião aconteceu a
portas fechadas, diante do argumento de Andréa que não falaria nada
para evitar o desgaste da exposição pública.
Segundo o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), Andréa
reforçou os vínculos com a organização do contraventor Carlos Augusto de
Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por se negar a responder: “Ele
[Cachoeira] usava a Andréa para ocultar bens. Ela vem à CPMI como
testemunha e sai como investigada.”
Empréstimo
A ex-mulher do contraventor não quis esclarecer os questionamentos do relator sobre um empréstimo de R$ 1,9 milhão que Cachoeira teria feito a ela em 2010. O valor inicial do empréstimo em 2007 seria de R$ 185 mil, segundo Cunha.
“Nós precisamos e devemos suspeitar de um empréstimo como esse”,
disse o parlamentar. Cunha lembrou que Andréa Aprígio teria um cartão de
crédito conjunto com Cachoeira, mesmo depois da separação.
O relator também não teve resposta ao questionamento sobre um
contrato de compra e venda encontrado na casa do irmão de Andréa,
Adriano Aprígio, após um mandato de busca e apreensão. O documento
previa a transferência de bens, avaliados em mais de R$ 5,3 milhões,
para a irmã.
400 mil dólares
Andréa não respondeu ao questionamento do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) sobre um depósito para a Vitapan de 400 mil dólares vindos de uma conta no exterior, de acordo com relatório da Polícia Federal.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse que o silêncio da ex-mulher
de Cachoeira é eloquente.
“No momento em que ela se cala em perguntas do
cotidiano, ela se transforma de testemunha em altamente suspeita. Ela
sai do depoimento com o silêncio revelador como cúmplice.” De acordo com
Lorenzoni, ela não respondeu nem a perguntas sobre a rotina do
laboratório Vitapan, de sua propriedade.
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), porém, a sessão secreta não
ajudou na investigação: “Não se justifica sessão secreta para o
silêncio. Quando há o silêncio [do depoente] só se justifica a sessão
aberta, para veicular a denúncia”.
Vitapan
Andréa foi casada com o contraventor por quase 20 anos. Após a separação, ela se tornou dona do laboratório Vitapan, empresa supostamente integrante do esquema de Cachoeira. A Vitapan tem sede em Goiânia e passou a ser dirigida por Andréa após a saída dos dois antigos diretores, que são irmãos dela.
Segundo Andréa, a empresa nunca fez pressão política para ser
favorecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Todas as reuniões foram técnicas, trataram de questões comuns às
indústrias farmacêuticas e estão em atas públicas”, disse.
Reportagem – Tiago Miranda
Edição – Newton Araújo
Edição – Newton Araújo

Nenhum comentário:
Postar um comentário