Surpresa
não é, mas agora é oficial: a lambança do governo no setor elétrico vai
custar caro para o consumidor. Os aumentos das contas de luz começarão a
chegar já neste ano, vão se acelerar em 2015 e praticamente reduzirão a
pó a redução anunciada pela gestão petista no ano passado. A
experiência de diminuir tarifas na base da boa vontade mostrou-se um
fracasso retumbante. Onde Dilma Rousseff põe a mão dá choque.
Surpresa
não é, mas agora é oficial: a lambança do governo no setor elétrico vai
custar caro para o consumidor. Os aumentos das contas de luz começarão a
chegar já neste ano, vão se acelerar em 2015 e praticamente reduzirão a
pó a redução anunciada pela gestão Dilma no ano passado. A experiência
de diminuir tarifas na base da boa vontade mostrou-se um fracasso
retumbante.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou
ontem que o empréstimo de R$ 8 bilhões para socorrer as concessionárias
em dificuldades será custeado pelos consumidores. O repasse para as
tarifas de energia começará em 2015 e pode chegar a dois dígitos – as
estimativas variam de 8% a 10%.
Este
percentual irá se somar aos reajustes anuais a que as empresas do setor
têm direito por contrato. Em geral, estes aumentos repõem a inflação e
repassam para o consumidor algum ganho de eficiência e produtividade. Na
média, acompanham mais ou menos de perto o comportamento dos índices
gerais de preços – isto quando não são manipulados pelo governo.
Segundo
a Aneel, o aumento para cobrir o empréstimo será escalonado em dois
anos. Isso significa que, já em 2015, os consumidores de energia devem
ver suas faturas subirem algo em torno de 10%. No ano seguinte, de novo o
mesmo tanto. Mas este é apenas um dos desequilíbrios a serem cobertos e
somente uma parcela dos reajustes que deverão ter que ser feitos. Tem
muito mais.
Já
neste ano há um reajuste adicional de 4,6% previsto para as tarifas de
energia. Mas não para aí. Como os R$ 8 bilhões são apenas parte dos
desequilíbrios gerados pela truculenta intervenção patrocinada no setor
elétrico pela presidente Dilma Rousseff, a conta será ainda mais
salgada.
No
ano passado, foram injetados quase R$ 14 bilhões nas distribuidoras de
energia por meio do Tesouro, dos quais R$ 9,9 bilhões ainda deverão ser
repassados às tarifas de luz e outros R$ 3,7 bilhões seriam a fundo
perdido. Neste ano, o governo porá mais R$ 13 bilhões. Tudo considerado,
até agora, o buraco nas contas do setor já ultrapassa R$ 30 bilhões.
Como,
até agora, o governo só admitiu incorporar uma parte disso às tarifas é
de se supor que ainda haja muito mais a onerar as contas dos
consumidores no futuro próximo. O governo pode até não querer fazê-lo,
mas terá que arcar com uma consequência nem um pouco desejável: vai
faltar empresa para produzir energia no Brasil.
“Se
todos os aportes já feitos e anunciados pelo governo fossem repassados
para a tarifa, a conta de luz teria de subir entre 28% e 30%”, calculou o
Valor Econômico
em sua edição de ontem. Isto é bem mais que a redução média de 16% nas
tarifas patrocinada no início do ano passado pelo governo federal,
medida de pernas curtíssimas, como já se pôde constatar, e de
consequências que poderão ser ainda mais danosas.
A
gestão Dilma mostra-se absolutamente desnorteada em relação ao assunto.
Apenas um dado já ilustra isso: no Orçamento de 2014, fechado há poucos
meses, a equipe econômica estimou os custos extras com a geração de
energia – seja em razão da escassez de água, seja por causa da
desorganização que se abateu sobre o setor após a intervenção federal –
em R$ 9 bilhões. Passados apenas três meses do ano, a conta já passou de
R$ 10 bilhões.
Não
é só o consumidor que pagará a fatura. Bancos públicos como a Caixa e o
Banco do Brasil podem ser chamados a sustentar o empréstimo às
concessionárias, uma vez que instituições privadas ainda manifestam
receio de assumir o risco de não receber os R$ 8 bilhões que
emprestarão. É, portanto, dinheiro do contribuinte bancando a lambança.
Sem
falar nas estatais do setor de energia, que simplesmente foram para o
vinagre com a mudança dos marcos regulatórios – estima-se que, em pouco
mais de um ano, as concessionárias viram quase R$ 60 bilhões virarem
fumaça. O exemplo mais ruinoso é o da Eletrobrás, que, no ano passado,
colheu seu segundo prejuízo-monstro seguido, com perda de R$ 6,3 bilhões
– em 2012, o rombo fora de R$ 6,9 bilhões.
Se
não tivesse tido que engolir o pacote indigesto do governo Dilma e sido
forçada a renovar contratos de concessão danosos na marra, a Eletrobrás
poderia ter tido ganho extra de R$ 19 bilhões em 2013, segundo publica o
Valor hoje. A consequência é direta: a empresa precisará de aporte de pelo menos R$ 12 bilhões para se manter ativa, segundo a Folha de S.Paulo. Mais uma conta que vai sobrar para o contribuinte...
Toda
esta crise monumental no setor energético é de lavra exclusiva da
presidente Dilma. Não apenas pela desastrada medida provisória n° 579,
editada em setembro de 2012 sob viés eleitoral. Mas, principalmente,
porque todo o modelo em vigor no país foi bolado e implantado sob a
orientação dela, seja na condição de ministra de Minas e Energia, de
ministra-chefe da Casa Civil ou de presidente da República. Onde Dilma
Rousseff põe a mão dá choque.
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