Nesse período antecede às eleições em 2014, a sociedade está entupida de angústias, porque a cultura brasileira dá muitos poderes ao Estado. Inclusive o direito de atrapalhar, em nome de governar. Os temas econômicos, sociais e políticos aparecemneste período eleitoral. Mas temas como a maldita burocracia que está matando a vida dos cidadãos, passa ao largo das discussões.
Originalmente, no latim, significava escritório. Com o tempo na medida em que a sociedade foi se tornando complexa, a burocracia tornou-se muito mais complexa do que a sociedade. No Brasil, tornou-se a arma de dominação dos partidos políticos sobre os cidadãos. Regras e estruturas de funcionamento do Estado nacional, dos estados regionais e municipais, tornaram-se armas de dominação e oferta de favores políticos, em vez de serviços públicos pelos quais o cidadão paga junto com os impostos.
Um amigo foi contratado por uma organização não-governamental francesa pra pesquisar a qualidade da burocracia no serviço público federal brasileiro, em 1999. O resultado foi que ela era responsável e bem qualificada. Mas já demonstrava sinais de contaminação com as nomeações de protegidos políticos em cargos de direção e assessoramento. Lembrando que desde o governo FHC as coligações de partidos começaram “ajudar da governar”, recebendo áreas do governo. Exemplo: o DEM (ex-PFL) dominava a área de minas e energia, hoje dominada pelo PMDB. Ali, toda a burocracia foi multiplicada pra abrir cargos para justificar tanta gente, aumentou-se a burocracia.
No governo do Partido dos Trabalhadores inaugurou-se o sistema de “porteira fechada”. Um ministério ou estatal inteira é entregue a um partido político da coligação. Os técnicos de carreira, aquelas da pesquisa citada, saíram fora do poder de decisão e os comissionados assumiram o controle de todos os ministérios e órgãos da estrutura federal de administração. Inchou-se a máquina pública com milhares de novos cargos comissionados e a burocracia infernal para justificar tanta gente fingindo trabalhar.
O Estado não existe mais para oferecer serviços públicos aos cidadãos. Serve aos partidos e aos políticos. Tanto na esfera federal, quanto estadual e municipal.
Entre todos os temas cruéis dessa eleição, nenhum me parece mais cruel do que discutir a infernal burocracia brasileira. Ela engessou o Estado e engoliu os serviços públicos sustentados com pesados impostos pagos por todos nós em cinco meses de trabalho por ano. E segue fria e indiferente...!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br

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