A eleição de 2014 está caminhando num clima estranho. Temos de um lado uma sociedade que abriu os olhos junto com as manifestações de rua feitas pelos jovens em junho de 2013. Aqueles movimentos mudaram o sentimento de valores da sociedade brasileira a respeito da política, dos políticos, dos partidos políticos e da péssima gestão pública brasileira.
Ali, o governo do Brasil perdeu uma extraordinária oportunidade de agarrar-se ao apoio popular e iniciar reformas e atender às demandas levantadas. Mas a burrice oficial aliada à prepotência e ao descaso, deixou passar a oportunidade de ouro. A opinião pública apoiaria o Poder Executivo num embate com o lamentável Poder Legislativo. Mas deixou passar.
Enfim, chegamos a 2014 e todos esperávamos que a Copa do Mundo motivasse uma nova onda maior do que a de 2013. Não provocou nenhuma reação aparente. No fundo, olhando da sociedade para fora, vê-se que ela não tolera mais os valores apodrecidos que norteiam a política brasileira. Mas não sabe como agir. Talvez nem saiba mesmo votar agora em 5 de outubro. O voto, provavelmente, continuará sendo norteado pelos motivos de sempre: interesses, favores, negócios, empregos e nomeações, dívidas de gratidão, expectativas de uma “boquinha”.
Mas desta vez aparece muito claramente como em nenhuma eleição anterior a figura do medo. O governo e o Partido dos Trabalhadores estão deixando muito claro que estão em uma guerra particular contra a sociedade e a favor da sua permanência no poder. Os escândalos e a imensa crise econômica do país e a impagável crise financeira do governo, são desqualificados e misturados a escândalos inexplicáveis como o da Petrobrás. Ou a falência de Eike Batista, financiada pelo BNDES, que também financiou outros empreendimentos de risco com dinheiro público. Ou a iminência de quebradeira do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, atolados em perto de 60% de endividamento da sociedade brasileira, a maioria com dinheiro público.
Tudo isso foi transformado em um discurso de medo sobre a cabeça daqueles eleitores que votam pela “boquinha”. Universidades públicas poderiam ajudar a sociedade a discernir, mas vivem elas próprias a sua “boquinha”. Nunca viram tanto dinheiro sem cobrança de resultados. A “boquinha” está matando as universidades públicas brasileiras e engajando-as no projeto de poder político de continuidade.
Opções? Frágeis e descosturadas. Ambiente? Medo. Tema do artigo de amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br www.onofreribeiro.com.br
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