Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso

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Governo de Mato Grosso

domingo, 28 de dezembro de 2014

"ARTIGO : Governabilidade é picaretagem"

O termo surgiu na política após 1997, quando se estabeleceu a tal de verticalização, que obrigava os partidos políticos regionais se coligarem com os mesmos partidos que fossem determinados pela cúpula. Embora fosse apenas um casuísmo eleitoral, criou um monstro que matou o espírito partidário e prostituiu a política no Brasil.
            A partir daí, sem exceção, todos os partidos políticos optaram por não enfrentar sozinhos as urnas. Dividiu-se o país em duas correntes: à direita e à esquerda, permitindo-se variações meramente nominais de centro à esquerda e centro à direita. Na realidade, não existem mais direita nem esquerda. Muito menos variações de centro.
            Desde 1997, o PSDB reelegeu o presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1998-2002), em composição prioritária com o DEM e outros de menor importância. Em 2002 o PT elegeu o presidente Lula em composição com o PMDB, PL (hoje PR), PP e outros de menor importância. Justificativa para se fazer as coligações: alcançar a governabilidade.
            Aqui a conversa sai do campo da política pro campo da picaretagem. Não querendo gastar muito dinheiro e nem expor-se nas urnas, os líderes partidários de todos os partidos juntaram-se em dois blocos: PSDB-DEM e PT-PMDB com seus afins. Elegem as cúpulas de cada partido e constroem o que chamaram de “governabilidade”. Traduzida, ela quer dizer: “ajudei a eleger, quero ajudar a governar”. Na cara dura, ocupar ministérios e postos-chaves nos governos federal, estaduais e municipais para manter o poder do partido e dos seus dirigentes. À semelhança da Rússia socialista, construiu-se uma “Nomenklatura” partidária brasileira ocupada pela elite governante no poder ou fora dele. A classe soviética era uma categoria especial de dirigentes do Partido Comunista, da administração do país, de atletas e de artistas engajados na linha do governo.
            A “nomenklatura” brasileira, além das vantagens em todos os negócios públicos, ainda ganha todas as eleições e se posiciona muito bem quando derrotada. No fim, o objetivo é super claro: a governabilidade. Por sua vez, os governantes eleitos não querem enfrentar oposição de idéias e de propósitos. Preferem alimentar oposições fisiológicas que votam ou não votam o que desejam os governantes, dependendo do nível das negociações com o dinheiro público, cargos, negócios, negociações de todas as naturezas e  proteção judiciária nas demandas arriscadas.
            Portanto, governabilidade tornou-se sinônimo de pura picaretagem.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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