Estou assistindo a montagem do secretariado do governador Pedro Taques baseado em jovens e esperançosos técnicos, e não posso deixar de fazer alguns registros da História. Eleito em 1965, ainda muito jovem, o engenheiro Pedro Pedrossian chegou a Cuiabá pra governar o velho Mato Grosso ainda não dividido. Conta a crônica política que ao descer no aeroporto Marechal Rondon, era esperado para os cumprimentos de praxe da época, por uma fila de autoridades da política cuiabana. Foram-lhe apresentados os secretários de sua gestão, já escolhidos pelos lideres da Arena cuiabana, o partido oficial. Restavam-lhe alguns poucos cargos de confiança pessoal.
Vindo do Sul, Cuiabá o recebeu com o nariz torcido, por conta da rixa da divisão do estado que nunca morrera desde a década de 1930. O governador tinha planos ambiciosos, conta quem viveu aquele tempo. O que ele fez pra governar num ambiente hostil e politicamente engessado? Criou, depois alguma luta na Assembléia Legislativa, a Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso, a legendária Codemat que reinou por algumas gestões seguintes até ser abatida na reforma do governador Dante de Oliveira em 1997. A Codemat tinha todos os poderes de um governo paralelo, livre da burocracia e do peso da ingerência político partidária.
Manteve os secretários escolhidos, deu-lhes carros pretos e a pompa, mas pouco poder. Funcionou. O passo seguinte foi preencher os cargos técnicos da Codemat. Recrutou nas universidades do Rio de Janeiro, de São Paulo, Minas e Bahia, jovens técnicos recém-formados para um projeto transformador. Naquela fase, as universidades brasileiras tinham uma filosofia profundamente nacionalista e os formados sonhavam como o “Brasil Grande”.
Em certo momento, a Codemat geria mais escolas do que a Secretaria de Educação, mais postos de saúde do que a Secretaria de Saúde e mais tratores do que o Departamento de Estradas de Rodagem. Criou-se ali um ninho de lideranças que durante as décadas seguintes marcaram a política do estado.
O sucessor de Pedrossian, José Fragelli, usou a Codemat nos seus projetos essenciais e José Garcia Neto para colonização. Nos governos seguintes foi usada como avalista ou como tomadora de empréstimos para projetos de infra-estrutura.
Ressalto o modelo e o espírito dos jovens técnicos, como na escolha agora, que ajudaram a mudar a cara do velho Mato Grosso e permitiram que chegasse hoje à modernidade. Mérito de projetos tocados por gente jovem e nacionalista, comprometida com o futuro. Voltarei à História amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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