O governador Pedro Taques comemorou os 100 primeiros dias do seu governo com diversos pronunciamentos e com uma rede de emissoras de rádios de todo o estado. Prestou contas, falou de realizações iniciais da gestão, mas prendeu-se demais ao passado. Em nenhum momento acenou com perspectivas de futuro e nem de esperanças de que os seus próximos três anos, 8 meses e 20 dias serão animadores.
Preciso voltar ao tempo pra compreender esse tipo de discurso ideológico. Dante de Oliveira elegeu-se em 1994 e em 1995 pregou um discurso de caos, porque a gestão que herdou era catastrófica como a de agora. Porém, logo acordou e deu partida a um discurso otimista e progressista, baseado nas potencialidades de Mato Grosso que ele pregou mundo afora nos seminários “Mato Grosso é hora de investir”. Mudou sua gestão da água para o vinho. As pessoas pagam impostos e desejam esperanças.
Mato Grosso vive de fato um tempo ruim. Há um déficit aproximado de R$ 2 bilhões no orçamento deste ano. Mas as perspectivas serão sempre animadoras na medida em que a economia mundial indica tendências crescentes no consumo de alimentos, área forte da economia mato-grossense. Tropeços nos mercados neste ano são esperados e não será a primeira vez. Em 2005 o câmbio deu um tranco formidável na economia estadual, mas ela aprendeu, recuperou-se e fez do limão a limonada.
Blairo Maggi assumiu o governo em 2003 e começou com um discurso de caos também. Logo percebeu que havia muito chão pela frente e abandonou o pessimismo. Aproveitou-se da sua credibilidade com o empresariado rural, que não era tão forte e nem tão estruturado e organizado como agora. Fez a chamada “parceria caipira”. Construiu 4 mil km de rodovias pavimentadas e 42 mil casas populares juntando o Fethab e o apoio dos produtores.
De lá para cá muita coisa mudou pra melhor, e algumas pra pior. Dante deixou-lhe uma gestão estruturada e as contas equilibradas. Mas havia uma economia muito mais fraca do que a de hoje. Dante e Blairo venceram o pessimismo e fizeram gestões de muito valor. O estado progrediu muito nesse período.
O governador Pedro Taques precisa urgentemente sair desse vale de lágrimas, aproveitar a credibilidade que a sociedade ainda lhe devota. Mas os murmúrios estão crescendo em busca de acenos de esperança. O choro é livre, mas não combina com o potencial de Mato Grosso.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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